A lagoa nos convida para um banho agradável |
- Éramos seis...
- Isso é título de um livro, tema de telenovela, não é isso?
Esforços de convivência da modernidade com o rústico |
- Éramos seis a caminhar de Salvador até Arembepe pela orla, passando por locais ainda tranqüilos e recantos selvagens daquela parte da costa oceânica brasileira.
- Acho que as coisas mudaram meu amigo. Conte-me um pouquinho mais sobre essa aventura.
- Na época tínhamos todos entre dezoito e dezenove anos de idade. Foi em 1971. Era a nossa primeira experiência de viajem para o nordeste brasileiro e através de Salvador descobríamos os encantos daquela terra que nos parecia tão distante. E idílica. Era a Baía de Todos os Santos.
- Onde se hospedaram?
Abrigos de palha a beira mar |
Área de camping em plena natureza |
- Resolvemos seguir a pé da capital baiana até a aldeia de Arembepe que se encontrava a 47 quilômetros de distância. Levamos nossos sacos de dormir, um dinheirinho nos bolsos, um violão e fomos caminhando pelas areias ora escaldantes ora molhadas pelas ondas do mar.
O entardecer em Arembepe |
- Você toca violão?
- Não. Marina Reti, nossa amiga, de pai italiano e mãe uruguaia, era quem soltava a voz com músicas da extraordinária cantora argentina Mercedez Soza.
- Então vocês eram hippies?
- Não. Não éramos. Tínhamos um sonho a realizar que era conhecer a Bahia e ir até Arembepe, a vila de pescadores que inocentemente acolheu o movimento hippie que chegou a ter representantes importantes do mundo das artes, como os nossos queridos Caetano Veloso, Gilberto Gil, os inesquecíveis Mick Jagger e Jamis Joplin, cada qual se deliciando ao banhar-se na lagoa, passeando pelas dunas tomando água de coco ou degustando um delicioso peixe na brasa.
O artesanato como meio de sobrevivência |
- Ainda é assim?
Mensagens de simplicidade |
- Não. As coisas mudaram. Hoje em dia a especulação imobiliária tomou conta da região e o massacre já começa na consagrada Praia de Itapoã. A fúria das incorporadoras e das construtoras além do desejo da população de possuir casas à beira mar fizeram com que o paraíso fosse se transformando, se desfigurando...
- Você acha então que já não compensa ir a Arembepe nesse inicio de século 21?
- Veja, apesar de tudo isso Arembepe resiste através de esforços que têm sido realizados para preservar as áreas protegidas nas margens do rio Capivara, próximas à lagoa e junto aos recifes que nos oferecem as piscinas naturais com águas cristalinas.
- E os hippies?
Algumas pessoas buscam a vida alternativa junto à natureza | O vilarejo e suas casas simples |
- Ainda há uma comunidade que vive próxima à natureza em casas de palha sem as benesses do “mundo civilizado”. São pessoas puras que optaram por uma vida singela e sobrevivem vendendo artesanato, convivendo com as estrelas e a paz de espírito que nos propicia o pacato vilarejo. É um Oásis...
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