Falta de plano diretor polui as calçadas da cidade |
O prédio da Alfândega de Paranaguá, após restauração, retomou as suas atividades aduaneiras |
De Paranaguá partem embarcações turísticas para a Ilha do Mel |
Bagunça, desordem e pouco caso para com o ambiente de trabalho na Fundação Cultural |
Poluição visual em Paranaguá |
Mercado do Artesanato, em estilo neo-renascentista |
- Chovia, fazia frio, tempo úmido, penumbra, imagens desfilando como sombras na baía de Paranaguá em um contexto fantasmagórico, lúgubre, surreal e maravilhoso...
- Nossa! Isso me dá calafrios...
- Não se trata de um filme de terror, meu amigo! Chegamos à noite, em pleno verão, e chovia a cântaros. Os paralelepípedos, molhados, iluminados; o céu sorrindo e derramando lágrimas em uma chuva fina, deliciosa...
- Onde se hospedaram?
A vista da Baía de Paranaguá |
- Em um antigo casarão onde outrora os credores, investidores e correntistas faziam longas filas à espera de atendimento ou na expectativa de falar com o seu gerente...
- Um banco?!
- Exatamente! Adaptada, a edificação foi transformada no Hotel Ponderosa. Chão de tacos de madeira, pé direito alto e janelas com sacadas que dão para a antiga rua repleta de vivências, contos, discórdias e amores.
- Paranaguá é uma cidade histórica, muito bem preservada!
- Exagero seu. O seu patrimônio arquitetônico e cultural está padecendo. É uma vergonha!
Se não forem tomadas medidas urgentes, o patrimônio histórico desaparecerá |
- Ai, ai, ai! Lá vem você de novo!
- Quando entramos na Fundação Cultural de Paranaguá, localizada em um imponente casarão – onde antigamente morou a senhora Elfrida Lobo, a Dona Elfridinha –, ficamos literalmente chocados: nas salas e salões nobres, com pés-direitos de cerca de três metros de altura, constatamos que os funcionários do órgão trabalhavam em seus computadores ao lado de montes de lixo, com jornais e objetos espalhados por todo canto, como se fosse a coisa mais natural do mundo!
- É muita incompetência e descaso por parte da administração pública, que permite também que o seu patrimônio arquitetônico-cultural esteja ruindo, literalmente.
Casa Elfrida Lobo |
- Se conseguíssemos despertar os paranaenses, empresários, executivos, formadores de opinião e políticos corretos quanto ao verdadeiro espetáculo que é Paranaguá, nós teríamos um dos mais espetaculares destinos turísticos do Paraná e do Brasil. Apenas citando alguns exemplos que figuram no mapa da cidade: Casa Cecy, Casa Elfrida Lobo, Estação Ferroviária e MAEP – Museu de Arqueologia de Paranaguá, entre outros.
- Listar os atrativos culturais não é o suficiente para mim. Por que o seu encanto pela Casa Elfrida Lobo?
- Vou ler para você a informação oficial sobre ela: “Construída no inicio do século 20, serviu de residência a uma das mais tradicionais famílias parnanguaras. Ela nos mostra a majestosa arquitetura de sua época através de sua fachada, suas portas-janelas em arcos, seus balcões ornados com belos gradis de ferro fundido e seu primoroso jardim. Nela viveu dona Elfrida Lobo, a conhecida ‘Dona Elfridinha’, professora de francês de várias gerações. Foi uma das damas mais tradicionais e ativas da cidade. Em justa homenagem, a casa que hoje abriga o Centro de Letras, Coral Asa Branca, Conselho da Mulher e um atelier de artes plásticas e restauração, leva o seu nome”.
- Pois é! Mesmo assim, Paranaguá continua esplêndida! É um sonho! Seja degustando um delicioso peixe grelhado, no Mercado Municipal do Café, seja buscando as iguarias da terra num restaurante típico ou sendo convidado para jantar na casa de um amigo nativo local.
Paranaguá, um espetáculo. Patrimônio despedaçado |
- O que podemos fazer para reverter o quadro atual?
- Veja, somos frágeis, porém nem tanto. Por meio da Brasilzão.com já estamos conseguindo sensibilizar brasileiros de todos os cantos que amam a nossa terra, o seu passado, e lutam pela preservação de sua memória.
- Temos a obrigação de encaminhar o nosso desencanto e a nossa revolta à Prefeitura de Paranaguá para incomodá-los de verdade: Paranaguá não merece ser desrespeitada e injuriada como tem ocorrido nas últimas décadas.
- Será que conseguiremos ser ouvidos?
- Ser ouvidos? Não sei. Porém, ser lidos, com certeza!
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