Do Porto da Siribinha partem embarcações pesqueiras e de passeio |
- Quanto mais passa o tempo, mais tenho vontade de deixar tudo como está e seguir para um lugar onde eu possa mudar radicalmente o meu cotidiano por uns seis meses...
- Fiz isso há algum tempo... Por semanas, reencontrei sensações que julgava perdidas nos labirintos de minha memória, após estar totalmente absorvido pela vida agitada da cidade grande.
- Onde foi? Como conseguiu?
- Onde? Em terras tupinambás, dentro da possessão do mítico Garcia D’ Ávila, que foi considerado o maior latifundiário do planeta Terra, noNovo Mundo.
Casario imponente passa despercebido aos olhos dos habitantes | Igreja Matriz de Conde |
- Vejo que está divagando. Mas, que lugar é esse?
- Ah, é um pequeno paraíso! Fica junto à foz do rio Itapicuru, no lugarejo que outrora se chamava Itapicuru de Baixo, e, depois, ao se tornar freguesia, Nossa Senhora de Itapicuru da Praia. Sabe de que localidade estou falando?
- Sei. Do Conde! Mas não a conheço. Vale a pena ir até lá?
- Se vale! É uma cidadezinha charmosa que, com os povoados de Sítio do Conde, Vila do Conde, Poças, Siribinha, entre tantos outros, constitui um formidável destino para o seu descanso desejado.
- Será?
Crianças de Poças participam de mutirão para a limpeza do povoado. Investimento para a mobilização: R$3,30 em balas e chocolates | Partida de futebol em Sítio do Conde |
- Com certeza! Ali temos a impressão de viver numa outra nação. É um lugar fascinante, repleto de história e de cultura regional. Um local bucólico, onde ainda é possível conviver com pessoas de ótima índole; com a gentileza e a singela inocência dos destemidos pescadores e dos nostálgicos anciãos da comunidade; com a pura ingenuidade das crianças que brincam e correm alegremente através das dunas... Uma povoação que parece perdida no tempo, estagnada no século 17, quando foi erguida sua Igreja Matriz de Nossa Senhora do Monte...
- Puxa, deve ser muito bonita a região!
- Não é apenas bonita, é surpreendentemente bela! O oceano refletindo miríades de cores, as incontáveis dunas de areias alvíssimas reluzindo ao sol tropical, as refrescantes águas dos rios que serpenteiam a região por entre infindáveis coqueirais e encontram o mar, formando magníficos manguezais e coroas de areia e praias ótimas para banhos... Ah, meu amigo, e os entardeceres? A mansidão e a poesia dos pequenos barcos singrando mansamente as águas, o alarido das aves recolhendo-se na mata antes da completa escuridão salpicada de estrelas... Aquilo não existe!
A singela Igreja do povoado da Siribinha | Ocorrência cada dia mais rara: casas de pescadores cujas paredes são de palha de coqueiro |
- Como, não existe!
- Maneira de falar! É tudo tão lúdico, tão... surreal... que parece estarmos diante de uma impossibilidade, de uma miragem, de um sonho impossível!
- Que delícia! Preciso ir pra lá! E já sei até o que vou fazer: alugarei uma canoa e me aventurarei pelo rio Itapicuru, respirando o ar puro do amanhecer e navegando através dos meus sonhos e anseios, em busca de uma vida mais saudável!
Martins, pescador, personagem da Vila do Conde | Siribinha |
- E depois?
- Almoçarei um robalo fresquinho, grelhado na brasa; tomarei banho em águas doces e salgarei meu corpo nas ondas do mar... Estarei, então, batizado e imune contra o estresse...
O aratu, espécie de caranguejo, é o sustento de muitas famílias na Siribinha |
- É isto aí, meu caro! Tome coragem e vá curtir um pouco a vida, de maneira mais simples e verdadeira, mas...
- Mas o que? Algum problema? >
O cotidiano em Sítio do Conde |
- Mas vá durante a baixa temporada, quando os famigerados turistas voltam para suas casas e retomam suas vidas frenéticas e angustiadas. Porém, cuidado!!!
- Cuidado?!
- Sim! É provável – diria ainda mais: é quase certo! – que você não queira retornar outra vez para São Paulo...
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