Coluna | BRASILzão
Diego Gazola / Fábio Brito
Diego Gazola,(MTB-SP-44.350), é repórter-fotográfico.Graduado em Comunicação Social pela UMESP-SP, tem se especializado em fotojornalismo de viagens. Em cinco anos, já percorreu mais de um mil municípios em todo o Brasil para avaliação dos atrativos e documentação fotográfica dos Guias Turístico-Culturais da editora Empresa das Artes.As fotografias de Brasilzão são de sua autoria.
diegogazola@uol.com.br

Fábio Brito. Presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 160 obras publicadas nos segmentos de turismo, meio-ambiente e cultura; de guias de viagem a livros de arte. Os textos de Brasilzão são de sua autoria.
fabiobritocritica@yahoo.com.br
Champs Elisées Paulista
28/03/2007



A invasão aos Palacetes continua

- Oh, Champs Elysées! Oh, Champs Elysées!

- Quem canta, seus males espanta!


O bairro de Campos Elíseos foi um dos mais elegantes de São Paulo

- Não sei, não! A Avenue Champs Elysées, Campos Elíseos, na França, está perdendo o seu charme. Lojas enormes que vendem produtos populares ocuparam uma das mais conhecidas e elegantes avenidas do mundo. Mais uma vez, a vulgarização venceu a organização e a estética de outros tempos.


Mais um imóvel histórico abandonado no Bairro

- Sim. Mas nós também temos nossos Campos Elíseos...

- É verdade. Foi o primeiro bairro projetado de São Paulo! Nas imediações, inauguraram a Estação de Ferro Sorocabana, e vivíamos então em uma cidade civilizada. Ruas bem pavimentadas, casarões que eram réplicas de edificações francesas, verdadeiros palacetes como o da família Pacheco Chaves que, por anos, foi a Sede do Governo do Estado.

- Em 1972, os dirigentes políticos mais uma vez abandonaram o Centro de São Paulo e desprezaram o belíssimo Palacete. A evasão acabou fazendo parte de um movimento que estava isolando e descaracterizando o bairro desde a década de 50.


Edificação descaracterizada pelos novos moradores do bairro

A Estação Júlio Prestes abriga a melhor Sala de Música da América Latina

- Na região também se encontra o fantástico Santuário do Sagrado Coração de Jesus, parte integrante de um conjunto arquitetônico com 17 mil metros quadrados que abriga estudantes da região e do Interior do Estado. Ao entrar nos recintos da Escola, você tem a impressão de ter deixado para trás, a anos-luz de distância, o horror que hoje se transformou os Campos Elíseos: um local de tráfico de drogas, migração clandestina e depósito de lixo. É uma pena!

- O altar-mor do Santuário abriga uma belíssima estátua do Cristo Redentor, oferecida pela veneranda Veridiana da Silva Prado, uma das mais renomadas senhoras da alta sociedade paulista naquela época.

- Em 1938, construíram na região a espetacular Estação Ferroviária Júlio Prestes, que nos dias atuais abriga um simpático restaurante e a sala de concertos mais charmosa da América Latina: a Sala São Paulo!


O Santuário do Sagrado Coração de Jesus resiste à decadência de Campos Elíseos


- Com todos esses atributos, o bairro de Campos Elíseos devia ser maravilhoso!

- Foi sim, meu amigo! E como foi! Porém, todo o fausto das antigas construções, das alamedas por onde transitavam os ricos fazendeiros do café e suas famílias, tudo foi destruído, riscado da memória paulistana. Construtoras gananciosas e administradores incompetentes permitiram que o bairro fosse desfigurado, sobretudo após a instalação da Estação Rodoviária, em 1961.

- É inacreditável!


Do Palacete que outrora abrigara o Palácio do Governo se avista a imagem de Cristo

Insensível a história do bairro, o SESC pratica a sua invasão

- Pior que isso, é um desastre! Por aquelas bandas chegaram mais tarde os migrantes, em grupos, desesperados, e se instalaram no bairro e em seus arredores ocupando as outrora nobres residências. Não houve nenhum projeto de organização, de inibição ou de orientação contra esta invasão desenfreada de pessoas em busca de uma vida melhor, porém sem nenhum laço afetivo ou respeito pela “mãezona” São Paulo.


A incompetência administrativa permite que o bairro se transforme em depósito de lixo

- Como reverter essa situação?

- Com ordem, muita ordem! Lei, organização, punição, incentivo, restauro, limpeza e diálogo com a comunidade.

- Com amor por São Paulo!

- Sim! Mas, sobretudo, com muito respeito pela capital paulista que, tolerantemente, recebeu brasileiros de todas as regiões, além de povos vindos de diferentes países deste nosso Planeta.

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