A bucólica Luminosa na Serra da Mantiqueira em Minas Gerais |
- Leguminosa ou Luminosa?
- Sempre brincando! Vamos direto ao assunto, sem rodeios.
- Vamos. Foi uma viagem rápida, enfrentamos uma estrada esburacada, algumas barreiras e muito pedregulho.
- Deve ser, então, um passeio difícil! E valeu a pena?
Sr. Arlindo trocou o agito da Grande São Paulo pela encantadora Luminosa |
- E como! São poucos quilômetros em estrada de terra, natureza exuberante e, sem dúvida, o fato de não ter essa via asfaltada fez com que nos sentíssemos realmente viajantes. Em um mundo mais próximo à natureza, perto da imensa São Paulo e no “principinho” de Minas Gerais, como diriam meus amigos de Belo Horizonte.
A sensação de paz no entardecer na Mantiqueira |
- Ao longo do trajeto existem muitas casas?
- Não! Não há praticamente nenhuma construção no percurso! Fomos seguindo com cautela por causa da estrada sinuosa e cheia de surpresas: pássaros que pareciam anunciar o final da tarde, galhos de árvores frondosas que balançavam ao sabor dos ventos, cercas de arame farpado que delimitavam as propriedades rurais, tudo isso para que avistássemos de maneira inesperada e surpreendente a fantástica Luminosa, um pequeno distrito do município mineiro de Brazópolis, localizada no meio do vale e cercada de montanhas por todos os lados. Um sonho!
O anúncio de que estávamos no caminho certo | Ciclistas também percorrem o Caminho da Fé |
- Como é a vida neste pacato cantinho de Minas?
Igreja de São Benedito |
- A rua principal abriga seis bares, onde as pessoas se encontram e trocam idéias. É quase um acontecimento social. De dentro dos estabelecimentos ouvimos o trotar dos cavalos que chegam com seus condutores, cavaleiros protegendo-se do sol com negros chapéus de feltro e esporas nos calcanhares. Seres fantásticos, que parecem surgir de um outro Brasil, mais autêntico. Tranqüilamente, esses incríveis personagens “estacionam” suas montarias junto à Praça e, enquanto os animais repousam, trocam um dedo de prosa aqui e acolá, contando “causos”, relembrando antigas histórias, apimentando os comentários mais recentes e vaticinando sobre a produção de seus bananais.
O vilarejo assemelha-se às cidadezinhas nos Alpes Suíços |
- E de noite?
- Com o surgimento da lua, tivemos a impressão de estar vivenciando um filme em um lugar paradisíaco. No aconchego dos lares, adivinhamos pessoas conscientes do encanto desta pequena vila, que dá a impressão de recusar o crescimento para preservar a sua qualidade de vida. Uma singela igreja, logo no início da rua principal, encanta a todos com o seu pequeno jardim, onde as rosas parecem reverenciar o sacro espaço e os santos ali expostos; santos que nos inspiram a repensar nossa maneira afoita de viver junto às grandes metrópoles. A igreja Matriz guarda em seu interior vitrais desenhados com uma arte onde impera o espírito de humildade e de respeito ao próximo.
Igreja Matriz de Nossa Senhoras das Candeias |
- É o Brasil simples, em via de desaparecimento...
Dona Ditinha. Quatro gerações em uma família de Luminosa |
- Infelizmente! É emocionante ouvir a mensagem, através de um alto-falante em praça pública, que convida os habitantes, os passantes e os visitantes a assistirem a missa das onze.
- E os turistas?
- Não sei se posso denominá-los assim. São andarilhos, peregrinos cristãos que percorrem o Caminho da Fé onde, por dias seguidos, seguem a pé, sozinhos ou em grupos, tendo como grandes companheiros o terço e a oração.
Vitral na Igreja Matriz retrata o nascimento de Cristo | O grande perigo: que os habitantes descaracterizem as edificaões de Luminosa |
- Vejo que você voltou fascinado. Por quê?
- Pela beleza do lugar, pela gentileza de seus habitantes e por saber que ainda existem locais quase isolados, embora tão próximos, onde temos a profunda sensação de paz, algo raro no Brasil de hoje.
- Como se chega a Luminosa?
- Prefiro não divulgar, para que este raro e belo lugar não seja devorado pela fúria turística e consumista.
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