Coluna | BRASILzão
Diego Gazola / Fábio Brito
Diego Gazola,(MTB-SP-44.350), é repórter-fotográfico.Graduado em Comunicação Social pela UMESP-SP, tem se especializado em fotojornalismo de viagens. Em cinco anos, já percorreu mais de um mil municípios em todo o Brasil para avaliação dos atrativos e documentação fotográfica dos Guias Turístico-Culturais da editora Empresa das Artes.As fotografias de Brasilzão são de sua autoria.
diegogazola@uol.com.br

Fábio Brito. Presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 160 obras publicadas nos segmentos de turismo, meio-ambiente e cultura; de guias de viagem a livros de arte. Os textos de Brasilzão são de sua autoria.
fabiobritocritica@yahoo.com.br
Atibaia, uma aberração paulista.
31/01/2007



Descontrole municipal no combate à poluição visual em Atibaia

- É inacreditável! Você é um privilegiado, sabia? Puxa, como viaja!

- É verdade! Nos últimos três anos, temos desbravado o Brasilzão...

- Nesta última quinta-feira...

- Eu me encontrava em Belo Horizonte. A capital mineira está sendo revitalizada e merece ser visitada. Finalmente resolveram devolver-lhe o brilho e o charme através do restauro e da recuperação de seu patrimônio arquitetônico e histórico.


Painéis ilustrados com personalidades da cultura regional

- Na sexta...

- Em Tiradentes. Na bucólica e admirável cidadezinha mineira, na Trilha dos Inconfidentes...

- No sábado...

- Em Santos. Acompanhado de meu filho, assisti à passagem de três enormes transatlânticos que iniciaram a navegação rumo aos países “hermanos” – Uruguai e Argentina. Turistas eufóricos, felizes à busca de lazer em águas atlânticas...


Igreja Matriz de SãoJoão Batista. Edificação do século XVIII

- No domingo...

- Resolvemos, finalmente, conhecer Atibaia. Constatamos que, infelizmente, pouco restou do passado heróico e glorioso dos habitantes que ali viveram, na outrora vila de São João Batista de Atibaia, hoje transformada numa extensão da Grande São Paulo, com bairros de luxo e casas cercadas por muros altos, como nos condomínios da metrópole violenta.


Abandono e descaso para com o patrimônio histórico

- Espere, deixe-me ler algo que nos auxiliaria a melhor entender esta cidade paulista. O atibaiense João Batista Conti descreve, em seu livro sobre a sua terra natal: “Podemos afirmar que Atibaia possui o rio que corre nas várzeas; o rio alagadiço; a água trançada revolta e confusa, mas, sobretudo, possui a água agradável ao paladar, cujas propriedades medicinais têm sido decantadas por ilustres médicos, cientistas e por todos aqueles que têm procurado como verdadeira fonte de saúde”.

- Veja, nada disso encontrei por lá! O centro histórico mantém poucas edificações intactas ou restauradas, como a Matriz – a belíssima igreja de São João Batista, do século 18. Ou ainda a igreja de Nosso Senhor do Rosário de Todos os Pretos, um lindo templo católico sufocado por um prédio alto e deselegante cuja construção, certamente, beneficiou alguns “espíritos de porco” da administração municipal e de alguma construtora irrelevante, maculando definitivamente o visual da pequena cidade.


Diva e José Luiz, da tradicional Sorveteria Valentim

- E o Museu João Batista Conti?

- Um espetáculo! Construído em 1836, abrigou o Fórum Judicial, a Câmara Municipal e a Cadeia, em anos passados. Atualmente tem um acervo singelo e precioso, que nos leva a querer desfrutar ainda mais de uma região que, infelizmente, está descaracterizada e sem memória.

- E a Festa da Uva?

- É um evento caótico. Pouco ou quase nada faz referência ou apresenta a nobre fruta. Baco, deus do vinho e da embriaguez, da colheita e da fertilidade, se envergonharia de ter tão pretensiosa manifestação em nome do nobre fruto. Trata-se de um encontro barulhento, com música enfadonha e de extremo mau gosto, misturada a uma exposição de artesanato, alimentação rápida e outros temas que nada têm a ver com a temática apresentada. Além do mais, a empresa multinacional Sansuy tomou conta do espaço municipal ao ostentar no Parque Municipal Edmundo Zanoni, de maneira extravagante, a sua marca e o seu logotipo.


Edifício macula a harmonia visual do centro histórico

- Bem, então não vale a pena ir a Atibaia. É isso?

- Não é o que digo. Vale a pena sim! Sobretudo para alertar as autoridades municipais e os habitantes de que ainda é possível reverter a situação ao harmonizar a sinalização comercial, despoluindo assim o visual de suas ruas. Ao mesmo tempo, devemos sugerir que uma política turístico-cultural seja implantada para que reverenciem verdadeiramente a nobre fruta em território brasileiro e no planeta Terra. Uma belíssima exposição poderia apresentar os vinhedos do Sul Brasileiro, da miraculosa produção de Petrolina e Juazeiro, no Nordeste, ou ainda a sua presença nas Américas e nos históricos países europeus como a Itália e a França, capital mundial da nobre bebida – o vinho.


Pintura no teto daIgreja de Nosso Senhor do Rosário de Todos os Pretos

- Além do mais...

- Calma, deixe-me terminar. Eventos musicais bem organizados poderiam ser apresentados com canções e melodias que façam alusão à uva, ao vinho e às civilizações dos vinhedos.

- Quer dizer que...

- Continuo te interrompendo, porém é indispensável que os atibaienses recuperem a sua identidade cultural e se tornem mais responsáveis e menos incompetentes. Cabe à Prefeitura levar a sério o potencial turístico e humano de Atibaia.

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