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- Eram 22 horas. A praça estava coberta por mesas ao redor das quais as pessoas discutiam alegremente e tinham suas conversas regadas a cervejas bem geladas.
- Onde foi isso?
- Em Curitiba. Tínhamos deixado São Paulo setenta e duas horas antes e parecia termos vivido em apenas poucos dias sensações e descobertas que, acumuladas, se estendiam por um prazo de tempo duradouro e intenso. Blumenau, Joinville, Pomerode e o seu entorno, Florianópolis, Tijucas, Itapema, Balneário Camboriú, Itajaí, São Francisco do Sul e finalmente a capital paranaense onde nos alojamos na hospedagem mais luxuosa da cidade, o Hotel Bourbon.
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- E esta praça, cheia de gente animada, onde fica?
- No centro histórico da cidade.
- E o restaurante?
- O Sal Grosso? Em um local simples e acolhedor, freqüentado por estudantes, boêmios e nostálgicos maduros.
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- Visitantes e turistas?
- Não. Curitibanos autênticos, jovens da periferia e habitantes do entorno.
- E vocês dois de onde são?
- Sou de Uberaba, do Triângulo Mineiro porém resido em São Paulo.
- E seu filho?
- Yannick? Nasceu em São Paulo. Tem nacionalidade francesa, marfiniana e brasileira. Aos poucos vai descobrindo o Brasil através das influências de seu pai.
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- O que mais agradou a seu filho nessa curta viagem?
- O Porto de São Francisco do Sul e Camboriú.
- E a você?
- A Praia do Campeche, em Florianópolis. O Mercado de Itajaí e o roteiro turístico por onde desfilam casinhas em estilo enxaimel nos arredores de Pomerode .
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- Quem mais esteve com vocês nessa viagem frenética?
- A bela gaúcha Valéria Lages, cidadã de Rio Grande , pacata cidade do Rio Grande do Sul e que se apaixonou por Santa Catarina.
- Sei . Mas não beba muito. Já se foram três cervejas e agora lá vai mais uma caipirinha?
- E daí? Estamos no verão.
- Sei disso, mas vale a pena controlar a sua sede etílica.
- Tá bom . Mas antes deixe-me ler para você as deliciosas linhas do livro “ Outono do Meu Tempo” de autoria de Joel Gehlen, um amante de Joinville. Foi publicado pela Editora Letra D’Água .
- Estou ouvindo.
-... “Lembro das vezes em que, mirando a Serra do Mar, dizias daquilo que haveria de haver para além do espigão Dona Francisca, onde o sol de Joinville se punha. Miravas o horizonte de onde vinha o frio – o famoso frio catarina – e falavas sobre Blumenau, São Joaquim, Fraiburgo, Laguna, Lages, Treze Tílias e outros nomes que não me lembro. Dizias de uma beleza muito mais adivinhada que conhecida.
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...Realmente, meu caro, tenho encontrado essa beleza nesse interior catarinense, e não me contento de tanta alegria por saber que existem lugares assim, de uma estética colonial, imunes às sevícias do tempo. Ah, e este mar catarina, então, esse “corgão” danado de grande como tu gostavas de dizer – tem belos refúgios, com quase ninguém por perto, uns pescadores apenas, essa gente simples: lavradores da crispa liquida em sal e sol”.
Vista aérea de Florianópolis – SC. |
- Que lindo!
- Pois é. Felizmente ainda existem pessoas que compreendem a importância do passado na absorção do presente e, sobretudo, na construção doporvenir.
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