Fazenda Cachoeira em Santo Antônio do Amparo. O passado ainda presente. |
- O que você encaminhou a Cláudia Tonaco do jornal O Tempo, de Belo Horizonte, sobre os poemas do mineiro Cacaso no conteúdo do Guia de Turismo Rural de Minas Gerais?
- Vou repetir o que descrevi: as poesias são de Cacaso, Antônio Carlos de Brito, que faleceu prematuramente alguns anos atrás. É o autor do poema “Mar de Mineiro” e de letras de músicas cantadas por Edu Lobo e Chico Buarque, entre outros... “Sou brasileiro de estatura mediana, gosto muito de fulana e ciclana é quem me quer”... Lembra-se?
- Qual é a sua relação de vida com Cacaso?
Uma boa prosa entre compadres. |
- Cacaso era Uberabense e teve muito contato com a vida rural. Éramos primos. Seu pai, tioLilito, era irmão da minha mãe, Aimée de Brito Ávila. Meus pais também eram primos. E ambos da família Junqueira. Já viu né?
- Como o mundo da roça fez parte de sua vida?
Aos poucos a simplicidade vai desaparecendo no mundo rural. |
- Sou mineiro de Uberaba e passei a minha infância na fazenda. Tive então a possibilidade de conviver com as andorinhas, com os habitantes do galinheiro, de tomar leite fresco tirado na hora no curral, de mergulhar no“corgo”, de passar a tarde embrenhado no mato, de comer veludo, uma frutinha do cerrado, de acompanhar o gado a cavalo e de ouvir as trovoadas em época de chuva ou de chorar de pena dos pequenos animais quando havia derrubada ou queimada das matas para dar lugar ao pasto como alimento para o gado zebu.
Não há limites no campo. Os animais convivem em harmonia com a natureza. |
- Que interessante. Conte-me um pouquinho mais...
- Na beira do tacho, as crostas de farinha de mandioca torradinha. No quintal, a garapa que nos deliciava após moídos os caules de cana - de- açúcar em um pequeno moinho artesanal. Na horta o tomate fresquinho e de noite, o céu estrelado ou o luar que nos levava ao mundo encantado do breu na noite misteriosa.
- Noite misteriosa? Que mágico!
Uma vida sadia no campo. |
No mundo urbano as crianças já não conhecem mais o curral. |
Maria Elvira Salles Ferreira. Secretária de Estado de Turismo em Minas Gerais. |
Música, nostalgia e alegria na Fazenda: tradição rural mineira. |
- Quando a lua cheia abundava e iluminava as gotas de orvalho na grama, pequenas fadas e duendes povoavam a minha imaginação. Foram anos felizes com cheiro de terra molhada e de cocô de vaca.
- Eu acho que...
- Calma, deixe-me terminar. Atolar o carro era um suplício. Hoje é “Turismo de AventuraOffRoad”. Para ir a escola montávamos o nosso meio de locomoção, um pangaré adorado. Hoje, andar a cavalo é uma das atividades de “Turismo Rural”.
- Sonhos... lembranças... volte ao presente!
- É verdade. Os pássaros se foram. A minha siriema de estimação desapareceu em uma manhã fria. A varanda já não existe mais. A rede já não balança e o pêndulo do relógio não embala mais aqueles dias longos, enfadonhos, calorentos, maravilhosos..., quando o canto das cigarras me ninava em uma sombra de árvore sobre a relva verde até ser despertado pelo sereno ao cair da tarde. QuandoZoraide, a fiel mucama, entoava suas cantigas melancólicas que anunciavam a chegada de uma noite de lua cheia. Ai que saudades do meu mundo rural!!
Siga o Varginha Online no Facebook, Twitter