Para não ficarmos apenas na superfície da questão, vamos aprofundar um pouco a reflexão, uma vez que é bem possível que grande parte das pessoas nem saiba ou compreenda mesmo o que vem a ser essa tal da ética, posto que, em se tratando de Brasil e inda mais da política brasileira, é possível afirmar que cada um trata da ética como lhe convém, o que tem resultado apenas na banalização do termo e na deturpação do seu real conteúdo. A origem da palavra ética vem do grego “ethos”, que quer dizer o modo de ser, o caráter. Já os romanos traduziram o “ethos” grego, para o latim “mos” (ou no plural “mores”), que quer dizer costume, de onde vem a palavra moral. Embora os dois termos estejam inseridos na área do comportamento humano, eles não são termos equivalentes, daí que é errôneo utilizá-los como se fossem sinônimos. A diferença está em que a moral é normativa, ou seja, é um conjunto de normas, princípios e costumes, que direcionam o comportamento do indivíduo em um dado grupo social. E a ética, por sua vez, define-se como o conhecimento, a teoria ou a ciência do comportamento moral. É através da ética que compreendemos, explicamos, justificamos, analisamos criticamos e, se assim quisermos, aprimoramos a moral da sociedade. A ética, em última análise, é a definidora dos valores e juízos que norteiam a moral.
Voltando aos aspectos objetivos tanto da ética quanto da moral, uma questão que se coloca hoje para nós é a distância que separa o discurso da prática no fazer político, o que nos leva a crer que não passa de puro engodo ou hipocrisia alguém, seja lá quem for, se auto-eleger o restaurador da ética, já que isso demandaria uma dose cavalar de credibilidade amparada não apenas na retórica, mas, sobretudo no respaldo de ações pretéritas idôneas e moralmente ilibadas, coisa rara na política brasileira, devido principalmente ao próprio sistema político-administrativo vigente que, a rigor, é um facilitador da corrupção nos seus mais variados moldes.
Portanto, se verdadeiramente tivermos interesse em discutir a ética ou a moral, creio ser importante elevarmos o nível do debate e expandi-lo além das fronteiras da política, uma vez que esta é apenas uma caixa de ressonância dos costumes e práticas interiorizadas em nossa própria sociedade, onde têm imperado os dois mais fatídicos e mortais vírus a tudo que se queira alimentar de dignificante e bom, por ora manifestados nas máximas egóicas do “levar vantagem em tudo” e de que “os fins justificam os meios”.
Boa Reflexão para você.
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