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Mercado das Bananas, símbolo da generosidade da terra brasileira |
- Sei disso. Porém o antigo núcleo urbano de “Mãe de Deus” – como era chamado na língua indígena local –, também tem uma trajetória fascinante a ponto de, tornado vila em 1833, ter se transformado na Capital da Amazônia mais recentemente.
- Entendi. Manaós era uma tribo indígena local, não é isso?
- Exato. Porém, de 1785 aos dias de hoje, a espetacular cidade amazônica passou por períodos importantes. Desde o desmembramento da Província do Amazonas da enorme região do Grão-Pará até o momento da euforia pelos ganhos financeiros fáceis, durante o Ciclo da Borracha.
Mercado popular em Iranduba, nos arredores da Capital |
- Isso me faz sonhar, e procuro imaginar como, em plena floresta tropical, se desenvolveu aquele centro urbano que recebia do outro lado do planeta as benfeitorias imaginadas pelos povos europeus: luz elétrica, água encanada e tratamento de esgoto; benfeitorias que iam permitindo o nascimento de uma verdadeira capital equatorial.
- Mas parece que a administração local fechou os olhos para o patrimônio histórico-cultural de Manaus. Com a criação da Zona Franca, aparentemente, os manauaras deram costas à sua história e desprezaram as belezas arquitetônicas e os hábitos culturais locais e vindos de fora.
- Calma, não é bem assim! No presente momento, Manaus e seus habitantes estão redescobrindo o seu glorioso passado. Cito alguns exemplos: o Centro de Artes Chaminé, cujo espaço cultural abriga exposições de arte e apresentações culturais; o Centro Cultural Palácio Rio Negro, uma luxuosa edificação que anteriormente foi sede do governo estadual e que, hoje, é um dos locais mais atraentes a ser visitado...
Fachada do Hotel Palace, no centro de Manaus |
- A minha paixão é o Mercado Municipal Adolpho Lisboa que, segundo me informaram, será em breve restaurado. Trata-se de uma réplica do antigo mercado parisiense Les Halles. Ali você encontra os mais diversos tipos de peixes existentes nas águas amazônicas.
- E o entorno?
Abandonado, o mercado Adolpho Lisboa necessita de restauração e revitalização imediata |
- Um dos grandes trunfos do turismo local são os Hotéis de Selva e também os espetaculares passeios pelos rios mais caudalosos do planeta: o Amazonas e o Solimões. O encontro das águas barrentas do Solimões com as águas escuras do rio Negro talvez seja um dos maiores espetáculos da terra, principalmente agora, num momento em que a escassez do precioso líquido nos leva a lutar pela preservação da natureza em geral e da amazônica, em particular...
O Porto de Manaus, às margens do Rio Negro |
- Agora entendo porque você é tão fascinado pelo norte brasileiro. Entretanto, tenho consciência também do despreparo dos habitantes de Manaus para entender o quão rapidamente estão destruindo as belezas de sua cidade.
- Como reverter essa situação?
- É muito difícil, porém não é impossível. Uma força maior deveria unir os verdadeiros apaixonados por Manaus, como a professora Etelvina Garcia que, heroicamente, está conseguindo despertar a consciência dos manauenses sobre a importância de salvar o patrimônio da antiga sede da Capitania de São José do Rio Negro, da pacata Vila de Manaus e da dinâmica e frenética atual Capital do Estado.
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