Coluna | BRASILzão
Diego Gazola / Fábio Brito
Diego Gazola,(MTB-SP-44.350), é repórter-fotográfico.Graduado em Comunicação Social pela UMESP-SP, tem se especializado em fotojornalismo de viagens. Em cinco anos, já percorreu mais de um mil municípios em todo o Brasil para avaliação dos atrativos e documentação fotográfica dos Guias Turístico-Culturais da editora Empresa das Artes.As fotografias de Brasilzão são de sua autoria.
diegogazola@uol.com.br

Fábio Brito. Presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 160 obras publicadas nos segmentos de turismo, meio-ambiente e cultura; de guias de viagem a livros de arte. Os textos de Brasilzão são de sua autoria.
fabiobritocritica@yahoo.com.br
“Mãe de Deus: Manaus”
30/08/2006



Cena comum no Hotel de Selva Tiwa, às margens do Rio Negro


Esforços estão sendo realizados para recuperação do casario histórico
- Estou sem assunto para a coluna desta semana... Falamos sobre Ouro Preto?

- Não, não senhor! Há muito que desejo apresentar Manaus aos nossos leitores.

- Não vejo razões para isso. Ouro Preto tem um passado histórico sólido e é uma referência internacional do barroco brasileiro e também da arquitetura colonial portuguesa.
 

Mercado das Bananas, símbolo da generosidade da terra brasileira


- Sei disso. Porém o antigo núcleo urbano de “Mãe de Deus” – como era chamado na língua indígena local –, também tem uma trajetória fascinante a ponto de, tornado vila em 1833, ter se transformado na Capital da Amazônia mais recentemente.
 

- Entendi. Manaós era uma tribo indígena local, não é isso?

- Exato. Porém, de 1785 aos dias de hoje, a espetacular cidade amazônica passou por períodos importantes. Desde o desmembramento da Província do Amazonas da enorme região do Grão-Pará até o momento da euforia pelos ganhos financeiros fáceis, durante o Ciclo da Borracha.


Mercado popular em Iranduba, nos arredores da Capital

- Isso me faz sonhar, e procuro imaginar como, em plena floresta tropical, se desenvolveu aquele centro urbano que recebia do outro lado do planeta as benfeitorias imaginadas pelos povos europeus: luz elétrica, água encanada e tratamento de esgoto; benfeitorias que iam permitindo o nascimento de uma verdadeira capital equatorial.

- Mas parece que a administração local fechou os olhos para o patrimônio histórico-cultural de Manaus. Com a criação da Zona Franca, aparentemente, os manauaras deram costas à sua história e desprezaram as belezas arquitetônicas e os hábitos culturais locais e vindos de fora.

- Calma, não é bem assim! No presente momento, Manaus e seus habitantes estão redescobrindo o seu glorioso passado. Cito alguns exemplos: o Centro de Artes Chaminé, cujo espaço cultural abriga exposições de arte e apresentações culturais; o Centro Cultural Palácio Rio Negro, uma luxuosa edificação que anteriormente foi sede do governo estadual e que, hoje, é um dos locais mais atraentes a ser visitado...


Fachada do Hotel Palace, no centro de Manaus

- A minha paixão é o Mercado Municipal Adolpho Lisboa que, segundo me informaram, será em breve restaurado. Trata-se de uma réplica do antigo mercado parisiense Les Halles. Ali você encontra os mais diversos tipos de peixes existentes nas águas amazônicas.

- E o entorno?
 


Abandonado, o mercado Adolpho Lisboa necessita de restauração e revitalização imediata

- Um dos grandes trunfos do turismo local são os Hotéis de Selva e também os espetaculares passeios pelos rios mais caudalosos do planeta: o Amazonas e o Solimões. O encontro das águas barrentas do Solimões com as águas escuras do rio Negro talvez seja um dos maiores espetáculos da terra, principalmente agora, num momento em que a escassez do precioso líquido nos leva a lutar pela preservação da natureza em geral e da amazônica, em particular...


O Porto de Manaus, às margens do Rio Negro

- Agora entendo porque você é tão fascinado pelo norte brasileiro. Entretanto, tenho consciência também do despreparo dos habitantes de Manaus para entender o quão rapidamente estão destruindo as belezas de sua cidade.

- Como reverter essa situação?

- É muito difícil, porém não é impossível. Uma força maior deveria unir os verdadeiros apaixonados por Manaus, como a professora Etelvina Garcia que, heroicamente, está conseguindo despertar a consciência dos manauenses sobre a importância de salvar o patrimônio da antiga sede da Capitania de São José do Rio Negro, da pacata Vila de Manaus e da dinâmica e frenética atual Capital do Estado.

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