Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
Quem entra e quem sai; Arrependimento e tristeza; Mudanças partidárias; Eleição Cissul; Cota pessoal; Cantou a pedra; Governo novo, problemas velhos; Sonho empresarial
14/12/2024


Quem entra e quem sai

Embora a maioria dos cargos de primeiro escalão do novo governo municipal em Varginha já tenham sido escolhidos, a relação dos nomes não foi tornada pública. Sabe-se que este ou aquele vai permanecer no governo e alguns “medalhões terão peso político para indicar nome ou mesmo ser secretário” como é o caso do vereador reeleito e presidente do Avante, Dudu Ottoni. Mas a atenção maior nos bastidores é a relação de quem deixará o governo e para onde vão aqueles que não conseguirem espaço? Afinal, quem não estiver no novo governo Ciacci 2025 vai estar na “equipe política Verdi 2026”, (portanto terá algum cargo dentro ou fora da Prefeitura) ou estará fora das nomeações por “descarte político”, o que não é nada bom! Ainda mais porque o governo quer tentar aproveitar todos, mas sabe que não será possível porque não tem vagas suficientes e nem todos os candidatos a vagas têm capacitação técnica ou qualidade de trabalho.

Arrependimento e tristeza

No Legislativo o clima de tristeza contamina os vereadores que perderam eleição! Alguns já acostumados com o poder, com o dinheiro gordo que cai automático todo dia primeiro depois de apenas 8 dias de trabalho por mês! Tudo isso vai acabar! A saudade será maior ainda depois que os vereadores perdedores identificarem que a bajulação e prestígio cai depois que não se tem mais mandato! Não se recebe mais tantos convites! Mas a queda será “educativa” para muitos, mesmo porque, em alguns casos, o vereador poderia ter sido eleito se estivesse em outra legenda ou ter garantido vaga no governo se estivesse em outro grupo político. A realidade é que muitos dos edis de Varginha podem até aprender a conquistar votos, mas não entendem muito de estratégia política e nem da “matemática criativa do coeficiente eleitoral”. Aos que perderam eleição e não construíram inimizades políticas (coisa rara) é possível voltar na próxima eleição e até mesmo ser chamado ao Poder novamente no próximo governo. Aos que construíram mais “muros que pontes, terão longos anos de esquecimento e solidão”.

Mudanças partidárias

Já no início de 2025 muitas mudanças partidárias previstas no município e sobretudo nas articulações nacionais, com impactos diretos nos estados e municípios. A provável criação de uma nova e grande federação de partidos, novas comissões provisórias partidárias em Varginha, mudança no comando estadual das principais legendas que vai fortalecer prefeitos e vereadores que chegarão ao poder em 2025! Tem muita coisa prevista para acontecer! Mas um triste fato vai continuar acontecendo na cidade: a maioria das legendas vão continuar funcionando em Varginha por meio de comissão provisória, que como o nome já diz, são provisórias e passíveis de mudanças a qualquer tempo, ao sabor das negociações (ou negociatas) dos caciques políticos estaduais e nacionais. Ou seja, boa parte das lideranças políticas locais não tem a confiança dos caciques estaduais da legenda, por isso são reféns de comissões provisórias e sem poder final de decisão política nas eleições, sobretudo municipais. Não custa lembrar do fato ocorrido com o Partido Liberal em Varginha, que ainda permanece funcionando por Comissão Provisória. A legenda estava na cidade a bom tempo nas mãos de Oscar Gabriel e seu pequeno grupo. Depois de uma articulação política do vice-prefeito Leonardo Ciacci junto ao ex-deputado José Santana, numa tapetada, o comando estadual da legenda mudou a comissão provisória municipal, retirando Oscar Gabriel e colocando Ciacci e seu grupo no comando municipal da legenda. Poucos meses depois, também numa tapetada política, Ciacci perdeu o comando da provisória do PL para o vereador Daniel Farias (Dandan) e Zacarias Piva, que acabou por ser o candidato da legenda. Os caciques do PL estadual não permitem, por exemplo, que as autoridades locais de Varginha façam eleição interna com os filiados municipais e conquistem um diretório com mandato fixo. Pelo contrário, querem manter a comissão provisória, sem dar autonomia e confiança aos líderes municipais. O PL continua em Varginha como comissão provisória, a exemplo da maioria das legendas aqui constituídas! Uma clara falta de confiança por parte do comando estadual das legendas para com os líderes políticos locais!

Eleição Cissul

No próximo dia 20 de dezembro acontece na sede do Consórcio Intermunicipal de Saúde dos Municípios Sul Mineiros – Cissul a eleição da nova diretoria do hoje um dos maiores consórcios de saúde de municípios do Brasil. O Cissul movimenta milhões de reais todos os meses e vem crescendo em colaboradores, cargos de confiança contratados, estrutura no Sul de Minas e muito mais. A sede do Cissul fica em Varginha e, dizem que, Verdi Melo e o futuro governo Ciacci, devem crescer em influência no Cissul. Tanto que já existem boatos de que pessoas do atual governo Verdi Melo poderiam ser “encaixadas no Cissul no ano que vem”. Se realmente a eleição do dia 20 de dezembro apontar este “ganho de prestígio, não seria surpresa vermos algumas nomeações de pessoas conhecidas na instituição”. A conferir

Cota pessoal

Uma dúvida que somente vamos saber depois de apresentada a composição do novo governo, será se o futuro vice-prefeito Antônio Silva terá espaço amplo no governo ou apenas uma “cota pessoal” de indicação de assessores próximos que atuaram no gabinete do vice-prefeito. A história recente de Varginha não tem sido boa com os últimos vices, que não tiveram “compartilhamento do governo”. Mas a história parece que deve mudar, a começar por Ciacci, que começou esta gestão “sem tinta na caneta e será o novo prefeito em 2025”. Antônio Silva tem sido consultado na construção da equipe e deve levar alguns nomes de confiança, mas “qual será o peso do vice”? Esta é uma dúvida que muitos ainda têm! Sem falar que, também teremos em 2025 a “eminência parda de Verdi Melo, sem o qual Ciacci não teria ganho a eleição”. Qual será o “peso de Verdi Melo” no próximo governo? Será que Verdi terá uma “cota pessoal de indicação” no novo governo? A curiosidade vai acabar em breve!

Cantou a pedra

A coluna já havia cantado a pedra sobre a impossibilidade de entrega de algumas das principais obras públicas deste governo antes do fim da gestão Verdi Melo. E o tempo mostrou que as obras de revitalização do Rio Branco, o novo Velório Municipal e a revitalização do antigo prédio do Varginha Tênis Clube – VTC são obras que serão mesmo entregues pela gestão Leonardo Ciacci! Mesmo o novo Mercado do Produtor, que está sendo planejado para ser entregue ao público neste ano, na verdade, será efetivamente finalizado na gestão Ciacci. Mas no caso do Mercado do Produtor e da avenida sanitária, pelo menos a placa de inauguração, constará Verdi Melo como prefeito. O que aliás é justo, pois foi Verdi quem enfrentou o desafio de realizar tais obras. Mas não se acredita que o atraso da entrega de tais obras ofusque o trabalho e empenho de Verdi, mesmo porque, a gestão Ciacci será uma administração de continuidade e deve valorizar Verdi quando da inauguração. Não seria inimaginável que tais inaugurações dessas obras iniciadas na gestão Verdi, fossem um “evento para prestigiar o prefeito e destacar suas potencialidades para o Parlamento em 2026”. Aliás, isso é o que deve acontecer com as grandes obras como o Rio Branco e o projeto de revitalização do VTC. 

Governo novo, problemas velhos

O futuro prefeito Ciacci ainda não se debruçou sobre o problema, mas não vai demorar para que logo no início da gestão seja cobrado para que a obra de conclusão da duplicação da MGC 491 seja retomada. Embora não seja uma obra municipal, a duplicação da MGC 491, que liga Varginha a Rodovia Fernão Dias é fundamental para o desenvolvimento de Varginha. Além disso, a população já “grita a bom tempo” por ter que pagar um alto pedágio de R$ 14,30 e não ter uma pista 100% duplicada. E vale destacar que a Concessionária EPR que administra o trecho, já pediu reajuste inflacionário do valor do pedágio, o que não deve demorar a acontecer. Ou seja, o futuro prefeito Ciacci vai precisar já ter “na manga” uma solução para tal problema antigo que é a retomada da obra de conclusão da duplicação. Além disso, é preciso ajustar com empresas e instituições como ficará o desenho da trincheira que será preciso ser erguida próxima a Receita Estadual, logo na entrada da cidade. A obra vai impactar o comércio e o trânsito e precisa ser debatida agora, pois não vai demorar para a duplicação chegar ao perímetro urbano de Varginha quando for retomada. Pelo contrato firmado com a EPR, a empresa concessionária teria até 2028 para fazer a ponte da duplicação na via MGC 491 no Rio Verde, próximo ao Clube Campestre. Mas é claro que se a empresa não antecipar a obra e a entrega da duplicação vai enfrentar muitos problemas em Varginha. A população não vai querer parar se não tiver a obra, e o problema caberá ao novo prefeito. Ou seja, a “paz de Ciacci tem prazo para acabar”.

Governo novo, problemas velhos – 02

Outro problema que não vai demorar a cair no colo de Ciacci é o cambaleante serviço da Copasa na cidade. Seja por conta dos muitos investimentos que a empresa ainda precisa fazer na cidade e patina na entrega ou mesmo nas eventuais faltas de abastecimento que acontecem nos períodos de estiagem. Além disso, a empresa precisa fazer o reparo ou troca de boa parte da tubulação da cidade, que apresenta constantes vazamentos e desperdícios. Compete a Prefeitura de Varginha a fiscalização do trabalho da Copasa e tem sido comum acusações de que a Prefeitura de Varginha “deixa correr solta a fiscalização, sem fazer as pressões que precisa para que a prestação do serviço melhore”. Além disso, vale destacar que a Copasa administra o aterro sanitário de Varginha, sendo o único do tipo sob o controle da empresa. A Copasa terceiriza o trabalho no aterro e não tem experiência na área, mas precisa levar adiante o serviço pois tem um contrato com a Prefeitura de Varginha. Vale ainda destacar que o espaço escolhido para o aterro sanitário foi mal planejado, visto que a área é cercada por uma pedreira e não permite ampliações, o que limitou muito a vida útil do aterro. Logo, é necessário que a Copasa e a Prefeitura de Varginha iniciem os estudos para encontrar um novo aterro ou solução para o esgotamento prévio do local, que deve acontecer nos próximos dez anos. Todavia, como a cidade vem crescendo o volume de resíduo sólido a cada ano, é bem capaz que o esgotamento da capacidade do aterro sanitário ocorra até antes dos próximos oito anos. Ou seja, se contarmos que Ciacci vai tomar posse em 2025 e ainda pode concorrer à reeleição, a solução para um novo aterro sanitário será do próximo prefeito!

Sonho empresarial

O empresário Cleber Marques, influente eminência parda nos governos municipais de Varginha terá uma oportunidade única pelos próximos anos de trazer de volta o transporte ferroviário para Varginha. Cleber Marques já possui projeto de reativar a linha férrea que corta Varginha, que trazia trigo e levava café no passado da cidade. Mas este projeto passa por alinhamento com os governos federal, estadual e até municipal para que vire realidade. Ocorre que depois de grande projeto técnico para mostrar a viabilidade do retorno do trem, seguido do convencimento de empresas para utilizar a estrutura se realmente for retomada. O empresário articula com maestria e cuidado o apoio político dos governos (federal e estadual) que não se bicam por conta de disputas eleitorais. Agora com a eleição de Ciacci, que tem grande proximidade com Cleber e seu Porto Seco, o mundo empresarial ganhou o apoiador e ponte política para acionar governo federal e estadual para o ressurgimento da linha férrea. Embora o empresário que comanda o Porto Seco tenha articulação com deputados e até com o próprio secretário estadual de Indústria e Comércio, será Leonardo Ciacci o mais articulado político a defender a retomada do transporte ferroviário, com o total apoio empresarial e financeiro do grupo Porto Seco Varginha. Com a retomada da linha férrea uma grande quantidade de empresas teriam conexão direta do Sul de Minas com o litoral, o que poderia baratear o transporte de produtos na importação e exportação de produtos. Além disso, o transporte do café para exportação que passa por Varginha sairia da cidade sem ter que passar de caminhão pelo salgado pedágio da MGC 491. Vamos torcer!

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