Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
A violência e sua percepção pela sociedade; De comunista a capitalista governista?; Imparcial e impotente; Pisa na falsidade
12/04/2024


A violência e sua percepção pela sociedade

A coluna tem apontado frequentemente o aumento da violência no Brasil e sua maior percepção na sociedade. Por certo que os índices são diferentes em cada lugar no Brasil, porque temos graus de bandidagem e de eficiência das polícias, mas a percepção da violência por parte da sociedade aumentou, porque o que temos visto é a maior tolerância e até “coitadismo das autoridades em relação ao bandido”. Se a percepção da sociedade em relação a violência aumentou, a confiança do bandido de que poderá roubar e ficar impune também aumentou! Não se sabe se isso é culpa do governo, da própria sociedade, dos bandidos ou de quem quer que seja, mas é um fato já comprovado facilmente quando se lê os jornais ou assistimos a TV. A mudança dessa percepção precisa começar a mudar através da consolidação da ideia de que “criminoso não é vítima da sociedade e sim alguém que precisa ser mantido distante dela”. Isso não significa dizer que bandido precisa ser abatido pela polícia ou de que não possa ser alvo das políticas sociais do governo. Mas definitivamente, tratar bandido como “vítima” não é política pública para diminuir a violência e sim para aumentá-la! Além disso, a sensação de insegurança da sociedade causa mais danos que a própria violência, pois para mudar a sensação de insegurança é muito mais difícil e caro. Em Varginha a Polícia Militar tem realizado intenso trabalho, a própria Guarda Municipal, que ampliou o efetivo, também tem colaborado no combate a criminalidade. Resta ao Ministério Público, Justiça e governos o papel se serem rápidos para investigar, dar decisões e desencorajar os muitos que optam pelo crime por ver a “glamourização do bandido frente ao sofrimento e prejuízo da vítima”.

De comunista a capitalista governista?

O ex-comunista e ex-candidato a prefeito em 2020 Jonas Loureiro deixou o PCdoB e será agora candidato a vereador por um partido da base do governo Verdi Melo. Jonas Loureiro é jornalista, servidor público municipal de carreira, atuando na Rádio Melodia. Para alguns comunistas, “Loureiro foi um grande erro do PCdoB e nunca foi um comunista de verdade”. Já para alguns governistas da base do prefeito Verdi, “Loureiro é a prova que mesmo os mais radicais da esquerda podem ver a meritocracia política da direita e admitir o impacto positivo do capitalismo no desenvolvimento da sociedade, e mudar de posição”. Quem está certo não sabemos, mas que em 2024 Jonas Loureiro atua e pensa diferente é um fato! Loureiro passou saiu da TV Princesa, passou pela Secretaria de Governo e agora está na Rádio Melodia. Conviveu com diversos perfis de chefia imediata no poder público dentro do Governo Verdi. Parece que mudou muito, mas não mudou no desejo de participar do sistema político eleitoral. Será certamente um choque o encontro de Loureiro com seus ex-colegas do PCdoB no decorrer desta campanha eleitoral.

Imparcial e impotente

A saúde é uma das principais bandeiras políticas na cidade. Todos cobram mais eficiência dos gastos, mais investimentos e transparência. A maior estrutura pública de saúde de Varginha é o Hospital Regional do Sul de Minas, atualmente administrado pelo médico e empresário Dr. João Carlos Ottoni Adel, que preside o Conselho Administrativo do Regional, por indicação do governador Romeu Zema. Embora goste de administrar o Regional de forma técnica e imparcial, João Carlos Ottoni Adel tem dificuldade de “deixar de fora a política e a parcialidade” nas muitas e importantes decisões que toma no dia-dia. Não que o médico e empresário seja parcial ou político em suas decisões, mas a pressão e desconfiança de muitos sobre a atuação do equilibrado e ponderado gestor devem ser cada dia maiores. E Ottoni Adel tem realizado um bom trabalho, como gestor público da saúde e também como empresário, embora sofra com as pressões que tendem a aumentar cada dia mais. No campo da saúde, o gestor Ottoni Adel não terá como negar nestas eleições municipais que tanto governo como oposição muito ajudaram o Hospital Regional. E não tenham dúvidas que os candidatos vão trazer à população o apoio que deram ao hospital. Se o vice-prefeito Ciacci destacar o quanto o governo Verdi Melo investiu no Hospital, também Cleiton Oliveira vai lembrar o quanto já conseguiu de emendas ao Regional. Sem esquecer que enquanto vereador e presidente da Câmara, Zacarias Piva também muito ajudou o Regional e a saúde de Varginha. Da mesma forma que os deputados federais e “padrinhos políticos dos candidatos locais a prefeito” Diego Andrade, Odair Cunha e Dimas Fabiano também muitas emendas parlamentares já investiram no Hospital Regional. Já no campo empresarial, Ottoni Adel é proprietário de uma empreiteira que possui milhões a receber em grandes contratos de obras públicas com o governo Verdi Melo, sem contar que é primo do Secretário de Governo e também primo do provável candidato a vice de Ciacci. Ou seja, mesmo com todo cuidado, zelo e imparcialidade com que vem levando sua discreta atuação no meio público e empresarial, João Carlos Ottoni Adel este impotente diante das muitas opiniões e falácias que podem surgir nas eleições deste ano. Deve estar torcendo para a política municipal acabar logo e que as opiniões (por vezes maldosas) e ilações políticas passem longe do Hospital Regional e de sua empreiteira.

Medicina Unis

Por falar em saúde, a notícia da celebração do convênio entre o Grupo Unis e o Hospital Regional para estágio e colaboração técnica na gestão do Curso de Medicina em Varginha foi uma grande vitória para a saúde local. Esta etapa mantém o Unis na liderança regional pela implantação do curso de Medicina na cidade. As ações da Faculdade de Ciências Médicas de Belo Horizonte que aconteciam em Varginha no ano passado parecem ter paralisado e não se tem notícia se ou quando a faculdade de BH retornará com o projeto de instalar o curso de Medicina na cidade. Há quem diga que a vinda da Ciências Médicas para Varginha teria sido apenas um “engodo” para atrasar as tratativas do Unis para a implantação de seu curso de Medicina. De qualquer forma, pelo que se vê, o Unis segue determinado a concretizar o investimento e pelos planos do reitor Felipe Flausino, em breve o Unis lança o esperado vestibular para o curso de Medicina em Varginha. E isso vai mudar a saúde pública na cidade, colocando mais recursos e mão de obra especializada na área, além de ampliar os gastos na economia local com a chegada de mais e endinheirados estudantes de medicina. A conferir

Incertezas eleitorais

O incerto e instável diretório do PT em Varginha continua (nos bastidores) resistindo ao apoio à candidatura de Cleiton Oliveira (PV) para prefeito. Isso faz crescer ainda mais as crenças de que o deputado estadual pode não sair candidato em 2024, visto que não tem dedicado agenda para Varginha nas tratativas pré-eleitorais. Cleiton é acusado de “deixar solto e não participar das negociações locais”, dando maior atenção a sua atuação como deputado que pré-candidato a prefeito. O comportamento esperado de um deputado candidato a prefeito é de que o parlamentar foque seus esforços e agenda na cidade que espera governar, diferente do que Cleiton tem feito hoje! De qualquer forma, mesmo que Cleiton não seja candidato (o que é uma especulação do governo e um desejo do PT), isso somente seria comprovado após o prazo final das convenções dos partidos e homologação das candidaturas pela Justiça Eleitoral em agosto. E na eventualidade de Cleiton não sair, ainda assim, certamente o PT teria um candidato. Claro que um nome de menor densidade política, mas que certamente teria recursos para uma campanha eleitoral consistente e faria a diferença na campanha. Pois uma eventual candidatura a prefeito do PT em Varginha significa “nacionalizar a campanha municipal”, com muitos ataques a Zema, Verdi Melo e, obviamente, o candidato governista Leonardo Ciacci! O mercado político já “previu e precificou” a candidatura de Cleiton Oliveira, caso exista uma reviravolta no PT e a legenda lance candidato, isso muda muito na oposição que teria que se reorganizar. Por certo que os descontentes na oposição migrariam para a candidatura do PL, que deve sair com Zacarias Piva. Já no governo, haveria comemoração porque sabem que o PT tem grande resistência e menos votos que a candidatura de Cleiton Oliveira, tendo o PP de vice. Mas no governo, depois de todas as rasteiras que têm levado, adotaram um “tom mais humilde e sereno”. Vão aguardar todos os prazos e checar todos os apoios até o último minuto. Ademais, tanto governo quanto oposição sabem que não podem cantar vitória pois política não se ganha de véspera... e segue o baile!

Pisa na falsidade

Mesmo com o ritual e cerimônia do processo Legislativo onde todos os vereadores se tratam com cordialidade e pronomes pomposos nas reuniões de plenário, é fato que a relação entre alguns dos edis nunca mais será restaurada nos moldes de confiança e convivência de quando se conheceram na Câmara. Em que a necessária convivência entre todos, tem gente no Legislativo de Varginha que não pode “olhar na cara um do outro, e nada indica que isso vai mudar, seja qual for o resultado da eleição”. Não é mistério que Política é uma área difícil que exige “estomago forte e saber encontrar igualdades, em meio a diferenças”, mas a relação entre os grupos políticos locais está criando inimigos para a vida! Podem apostar!!!

Inflação

A inflação desacelerou em Varginha após dois meses consecutivos com forte alta. O Índice Municipal de Preços ao Consumidor (IMPC-Unis), apresentou desaceleração com leve alta de 0,28% no mês de março comparado com fevereiro. Em doze meses a inflação acumulada é de 3,77%. O IMPC-Unis é calculado pelo Departamento de Pesquisa do Grupo Unis e Geesul – Grupo de Estudos Econômicos do Sul de Minas. São coletados os preços de 5 grandes grupos de gastos: Alimentação, Habitação, Transporte, Educação e Comunicação, divididos em 11 subgrupos e 44 itens que totalizam 503 preços coletados mensalmente. O grupo com maior alta foi comunicação (2,88%) com os planos básicos de internet subindo 4,23%. No grupo alimentação as maiores altas foram para o tomate (26,75%), alface (10,92%) e batata (10,69%) devido à menor oferta e impactos do clima na produção. Houve baixas para a banana (-11,98%), feijão carioquinha (-8,92%) e arroz (-7,65%), em função de menor demanda, no caso da banana, e da intensificação da colheita nos outros dois produtos.

No grupo transporte ocorreu alta de 0,42% devido ao aumento do etanol (2,07%), enquanto a gasolina (0,34%) e o diesel (-0,15%) tiveram variações bem tênues.

Mais uma vez o grupo habitação teve queda (-0,23%), apesar da alta do gás de cozinha (1,01%), houve queda nos produtos de higiene pessoal (-2,66%) e de limpeza geral (-1,57%).

Perguntar não ofende

Quanto era o valor do DPVAT no governo Bolsonaro e quanto será cobrado agora de DPVAT pelo governo Lula? Será que o “pai dos pobres deixou de pensar nos filhos que votaram nele”?

O agronegócio salvou a balança comercial do Brasil em 2023 e parece que vai continuar forte em 2024. Até quando o governo federal vai continuar demonizando quem planta e colhe no Brasil? Os produtores de leite já protestam contra importações, produtores de soja também reclamam, e os cafeicultores, vão ficar no muro?

O Fundo Eleitoral brasileiro conta com bilhões de reais de dinheiro público que é gasto durante as eleições. Mas quanto custa uma campanha ao Executivo de Varginha? E uma disputa para vereador? Será que a Justiça Eleitoral e Ministério Público terão suporte e competência para impedir desvios e irregularidades na gestão desta fortuna?

A Justiça Eleitoral tem muito claro o calendário eleitoral de cada eleição, mas tal documento mostra-se uma peça de ficção na medida em que ninguém respeita as regras. Temos diversos candidatos na cidade já pedindo votos e pagando benesses a eleitores. Será que a Justiça Eleitoral e o Ministério Público nada vão fazer para colocar ordem no processo eleitoral? Depois as eleições viram chacota e motivo de desconfiança pela população e vai ter “juiz bravinho por isso”! Podem anotar

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