Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
Expectativa eleitoral; Comércio atuante; MGC 491;Varginha consolida posição de maior exportadora de Café
06/02/2024


As redes sociais e a velocidade da informação digital estão dando grande ênfase para os comentários a respeito da esperada renovação do Legislativo municipal. Desde apoiadores deste ou daquele vereador, até desafetos dos edis, estão todos conspirando sobre a esperada renovação no Legislativo municipal. É fato que sempre tem mudanças, seja por conta da “aposentadoria” ou derrota de algum dos atuais ocupantes do Legislativo municipal. Neste ano, pelo que se sabe até aqui, todos os edis vão disputar eleição, a maioria a reeleição como vereador, mas há a possibilidade de um vereador e uma vereadora disputarem como candidatos a vice-prefeito. As negociações continuam e tudo pode mudar a qualquer momento, menos a expectativa de grande alternância no Legislativo. Esta percepção acontece por conta do maior protagonismo do Legislativo nestes quatro anos. Alguns entendem que tivemos uma boa Câmara, edis combativos, questionadores, fiscalização intensa no cumprimento das leis orçamentárias e etc. Outros já entendem diferente, que tivemos uma Câmara partidária, perseguidora e com entraves para a atuação do Executivo. Seja como for, fato é que a Câmara Municipal de Varginha e seus integrantes, seja pelo que fez ou deixou de fazer, esteve na mídia, apareceu mais para a população. E será esta população que vai definir quem fica ou sai do Legislativo em 2024. A percepção da coluna é de que os extremos estão errados e que o Legislativo não foi tão ruim quanto alguns governistas gostam de pintar, mas é fato que todo Legislativo pode melhorar. 

Comércio atuante

A nova direção da Associação Comercial Industrial e Agropecuária de Varginha – Aciv já chegou buscando apoios e novos projetos para dar um choque de gestão no comércio local. O presidente da Aciv, Andre Yuki esteve reunido com líderes do Cesul, que reúne empresários dos mais variados setores da cidade, a fim de promover interações entre as entidades. Yuki já esteve com a OAB Varginha e outras entidades serão procuradas, como a Fecomércio, através dos Sindicatos Comerciais que compõem a entidade. A Fecomércio precisa ser parceira de primeira hora da Aciv, por comandar entidades como o Senac e Sesc que promovem a capacitação dos trabalhadores do comércio. Aliás, a capacitação dos colaboradores do Comércio é um desafio para os comerciantes locais, que competem hoje com o comércio eletrônico (muitos deles com produtos chineses que não pagam impostos), bem como com o comércio do shopping que apresenta mais atrativos ao consumidor que o comércio de rua. Assim, o comércio de rua tradicional, que representa a maioria do comércio local, precisa se reinventar, qualificar trabalhadores, buscar preços competitivos e novos atrativos para conquistar mercado.

Comércio Atuante - 02

Recentemente, a Fecomércio promoveu em Varginha o Projeto Fecomércio na Rua, que levou diversas atrações e serviços gratuitamente para a população. O projeto procurou aproximar e criar simpatia e identificação da população com o comércio local. Contudo, conquistando o apoio do Sindicato Comercial de Varginha, associado a Fecomércio, a Aciv tem condições de conquistar muito mais investimentos da Fecomércio, a começar pela ampliação das estruturas do Senac na cidade, bem como mais cursos de capacitação para o comércio. Sem falar que a Fecomércio pode ainda investir em ações pontuais na cidade como o Carnaval e o Natal, para desenvolver o turismo e comércio local. Em BH a Fecomércio vai apoiar a prefeitura da Capital e investir R$ 4,5 milhões em estrutura, contratação de shows, capacitação de mão de obra e patrocínio ao Carnaval local que espera receber milhões de turistas ao longo dos quatro dias de festa. O gasto médio de cada folião deve chegar a R$ 400 o que vai injetar muito recurso no comércio local. Mas a entidade representante do Comércio mineiro pode também apoiar festas como o Natal, também assegurando recursos para desenvolver o evento e ampliar as vendas do comércio. Logo, é bem possível e desejável que a direção da Aciv, inove na captação de parcerias e busque apoio da Fecomércio, como aconteceu em BH, para por exemplo promover um Natal em Varginha onde os investimentos não sejam apenas os realizados pela Prefeitura de Varginha. Que o comércio possa realmente promover ações planejadas voltadas para o desenvolvimento comercial da cidade. A conferir  

MGC 491: Concessionária começa obras, população faz protestos e políticos aproveitam bandeira para conquistar votos

O trânsito na estrada que liga Varginha à Fernão Dias está cada dia mais intenso e a insatisfação com o valor do pedágio proposto também. Maior ainda é a insatisfação pela paralisação das obras de duplicação da via. Estima-se que 20 mil veículos passam pela MGC 491 todos os dias, o que representa um grande volume de arrecadação no pedágio, sem que nem mesmo a duplicação esteja pronta. A obra está parada há mais de 4 anos. O valor proposto de pedágio é de R$ 13,70 (treze reais e setenta centavos) muito caro levando em conta o retorno direto para o motorista, além de impactar fortemente a economia local, visto que a maioria dos veículos que transitam na via são veículos de carga, sem falar nos milhares de estudantes e trabalhadores que veem a Varginha diariamente e teriam enorme gasto extra mensal com o pagamento do pedágio. Fato é que a decisão final está nas mãos do governo estadual e da concessionária EPR Vias do Café, que ganhou a disputa pela exploração da MGC 491 por trinta anos. Apenas uma negociação entre o Governo de Minas e a EPR Vias do Café pode mudar o valor do pedágio. É claro que as prefeituras e as autoridades das comunidades envolvidas têm poder de pressão e cobrança junto ao Governo e concessionária, sem falar é claro na judicialização da insatisfação, que sempre costuma ocorrer nestes casos. Mas dois fatos precisam ser ditos. A concessão já ocorreu a alguns meses e desde o momento do leilão foi apresentado o valor absurdo do pedágio: porque somente agora, em ano eleitoral, vemos a mobilização de autoridades como vereadores e candidatos a prefeito? Seria apenas ação política? 

MGC 491: Concessionária começa obras, população faz protestos e políticos aproveitam bandeira para conquistar votos - 02

A enorme movimentação em torno do valor do pedágio e necessidade de obras de restauração e duplicação da MGC 491 mostra-se claramente “politiqueira e com interesses claros nas eleições municipais de 2024”. Mas antes tarde do que nunca que a sociedade e a classe política se mobilizem para buscar soluções, sabendo claro que as ações são uma obrigação da classe política sem qualquer “salvador da pátria ou dono da razão ou solução para o caso”. Afinal, se for encontrada uma solução para a retomada das obras de duplicação ou redução da tarifa de pedágio, no final das contas, sempre no final, é o bolso do contribuinte e/ou motorista que vai arcar com as despesas! Nos últimos dias multiplicaram vídeos de vereadores, coletivas de prefeitos, mensagens de gabinete de deputados, etc com pedidos de mobilização sobre o tema. Hoje acontece um movimento\protesto na MGC 491, em frente ao local onde será erguido a praça de pedágio no trecho entre Varginha e Três Corações. Vão protestar para quem? O governador ou representantes da concessionária dos serviços vão estar presentes? Não! O alvo é justamente os eleitores e motoristas que trafegam na região e estes serão os prejudicados por possíveis interdições na via ou lentidão no trânsito durante o protesto. Ações concretas como a negociação direta com o Governo de Minas ou a concessionária não se ouviu falar, mas a ação teatral para tentar mostrar ao eleitor e motorista que, agora, algum político se preocupa começamos a ver, seja por coletiva ou protesto lotado por pessoas conhecidas. Vejamos o que vem pela frente!

Brasil ultrapassa a Argentina e já é o país mais endividado da América Latina é um dos mais endividados do mundo.

O país mais endividado da América Latina não é mais a Argentina. Desde o final do ano passado, o Brasil assumiu a liderança neste triste indicador, quando atingiu a marca de 85% do PIB em dívida pública. O levantamento foi feito pelo Institute of International Finance e mostra mais um sintoma do mesmo diagnóstico que nos fez registrar o segundo pior déficit primário da história, no ano passado: o Brasil gasta demais.  Paradoxalmente, tanto o Brasil como a Argentina (líderes do ranking) estão entre os maiores cobradores de impostos da região, enquanto outras grandes economias como o México, o Peru e o Chile arrecadam menos impostos e têm uma dívida menor. Isso deixa uma pista do melhor caminho a ser seguido para resolver o desequilíbrio fiscal e chegar à sonhada justiça social e econômica. Mas para o eleitor que nos acompanha e fica se perguntando: O que tenho a ver com isso? No que os gastos do Governo Federal afetam na minha vida? A resposta é tudo! Quando o governo gasta mais do que arrecada isso faz com que os investimentos em áreas chave como saúde, educação e infraestrutura caiam também. Além disso, o país precisa imprimir mais papel moeda para pagar suas dívidas e faz com que o Real se desvalorize.

Brasil ultrapassa a Argentina e já é o país mais endividado da América Latina e um das mais endividados do mundo. - 02

Aliado a isso tudo, o mercado internacional vê com desconfiança o país que está no negativo tornando cada dia mais difícil a entrada de recursos e investidores internacionais no país. Tendo em vista que temos um mundo globalizado, isso é uma notícia péssima. Com todas estas ações em andamento, a falta de recursos para áreas básicas como saúde, educação e segurança traz queda na sua qualidade de vida, já a desvalorização da moeda Real faz o seu salário perder poder de compra. Ou seja, o que você comprava com seu salário do mês passado é menos do que você vai poder comprar com o salário deste mês. Com a queda de investimentos externos diretos, muitas empresas deixam de investir no Brasil, fechando postos de trabalho, compras nacionais e contratações locais, o que logo chega a você na forma de demissão do emprego, alta no preço de produtos importados ou que tenham insumos importados e redução da economia nacional. Então, seguindo o velho ditado de que “não tem almoço grátis”, quando o governo gasta mais proporcionando benesses aos servidores do próprio governo ou distribuição de auxílio social a quem não precisa ou não quer trabalhar, na verdade está penalizando e sobrecarregando a faixa da sociedade (cada dia menor) que consegue pagar impostos em dia (isso inclui você que compra no Brasil). No final é criado um círculo vicioso que leva qualquer país para o buraco. A Argentina estava neste buraco, começa a sair agora. O Brasil já esteve neste buraco, e caminha a passos largos para voltar! Infelizmente!

Varginha consolida posição de maior exportadora de Café do Brasil em 2023

A notícia divulgada na semana passada informando que Varginha exportou mais de US$ 1.5 bilhões em café em 2023 é algo a ser comemorado. Isso porque os números informados pelo Porto Seco do Sul de Minas mostram que Varginha consolida sua liderança nacional no Brasil na exportação de café e mantém a liderança e influência entre os municípios da cadeia produtiva. Completam o Top 10 de exportadores de café os municípios de São Sebastião do Paraíso, Ouro Fino e Poços de Caldas. O café foi a base da economia de Varginha e do Sul de Minas, contudo, foram poucas as cidades que souberam aproveitar as riquezas geradas pelo café para potencializar outras áreas da economia. Varginha, por exemplo, possui o Porto Seco que exporta e importa diversos produtos que não somente o café. Além disso, os recursos da cafeicultura ajudaram a construir infraestrutura regional para facilitar a industrialização regional, que agora começa a se intensificar. Mas com a modernização da própria cadeia produtiva do café, hoje Varginha e outras cidades da região já possuem torrefadoras, produtoras de cápsulas de café expresso, marcas próprias que são comercializadas em todo Brasil e até exportadas. Precisamos de agregar valor e ampliar as vendas da cadeia produtiva do café e de diversos outros produtos regionais. Já temos empresas de tecnologia, indústria da alimentação, aviação, autopeças e diversos outros produtos com alto valor agregado que podem também utilizar a mesma estrutura de exportação já usada pelo café para chegar a todas as partes do mundo por meio da exportação. Qualidade as empresas estão conseguindo cada dia mais, basta agora sintonia do setor produtivo com o Poder Público para que as amarras burocráticas, de infraestrutura e logística sejam vencidas.

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