E aí mano! Você já deve ter ouvido falar de Nietzsche, né! Se não tomou conhecimento, perdeu vivente! tá ligado? O cara foi um filósofo alemão do século XIX, ou seja, ele viveu de 1844 a 1900. Se não me falha a memória ele nasceu num lugar chamado Prússia que era um lugar muito esquisito situado lá no fim do mundo; por essa razão, naquela época se alguém ficava puto com alguma pessoa, a mandava para “a Prússia que o pariu”; tempos depois, acho que foram os italianos, mudaram para aquela frase que você já conhece, tá ligado!
Conta a história que na época, e até hoje, ele era um filósofo incompreendido. É óbvio que se ele era incompreendido foi porque muitos não o entendiam, sacou? Sob o prisma da minha relativa compreensão, penso que nem sempre aquilo que você não entende deve ser descartado ou ignorado. Às vezes, isso exige mais da nossa capacidade cognitiva. Sendo assim, devemos apurar mais o nosso senso interpretativo, inclusive.
No caso dos escritos do Nietzche, creio que faltou uma leitura mais apurada dos críticos que discordavam de tudo o que ele escrevia, ou que os interpretavam à luz de certos preconceitos ancorados em paradigmas um tanto quanto ultrapassados e viciados. Ou, de outra forma, porque não admitiam que alguém pensasse fora da “caixinha” deles. Meio parecido com a nossa atualidade, onde existe uma galera que quer que todos pensem igual, tá ligado?
Diziam que Nietzche era um niilista, só que essa palavra nem era da sua lavra. Foram uns outros manos, também filósofos, que aludiram ao termo antes dele. Porém, (sempre tem um porém), como diria Plínio Marcos (escritor e dramaturgo brasileiro), foi ele que a mencionou pela primeira vez publicamente lá por volta de 1879. Muitos interpretam o niilismo como uma espécie de doutrina do ceticismo, mas, na verdade para Nietzche significava a postura de confrontar todas as verdades absolutas que filósofos e os próceres do cristianismo oficial da época queriam impor a todos.
Agora pasme, ele na sua juventude até cogitou ser pastor presbiteriano, o que era tradição em sua família. Quando estudou teologia começou a sacar que a bíblia não detinha todas as verdades que as igrejas apregoavam. Derivou daí uma frase célebre, escrita por ele pela primeira vez em seu livro Gaia Ciência, publicado em 1882, onde diz literalmente “Deus está morto”. O que alguns “fariseus” tomaram como sendo uma heresia, mas, que na verdade não tinha nada a ver. Primeiro porque a frase já teria sido usada por um tal de Gérard de Nerval, poeta francês, num poema de 1854 intitulado Cristo na Oliveiras. Segundo, e não menos importante, é o Deus a que ele se referia, era o deus que as instituições religiosas da época muito convenientemente propagavam com o intuito de dominar todas as narrativas a respeito. Aliás, como algumas ainda fazem até os dias de hoje. A crítica era ao modo de como elas agiam no trato de uma moralidade cristã duvidosa que era usada para coagir e perseguir aqueles que não se submetiam ao poder delas. Para exemplificar: se você já tomou algum conhecimento das atrocidades cometidas pela chamada “santa inquisição”, com certeza terá alguma noção do que acontecia na prática quando a igreja católica apostólica romana tentava por goela abaixo de todos os seus postulados e dogmas, tá ligado?
Enfim, alguns livros mais conhecidos de Nietzche são: Assim Falava Zaratustra (1883), Além do Bem e do Mau (1886); é claro que existem outros. Lendo esses livros você terá uma noção da importância do pensamento Nietzschiano para a compreensão de parte da vida em que estamos, por assim dizer, metidos. Existem frases bem conhecidas do filósofo, como a sobre Deus já citada e outras como “o que não me mata, me fortalece”; e tem uma que pouca gente conhece: “Na verdade, o único cristão morreu na cruz”. O problema dessas frases, é que inúmeras vezes, propositalmente ou não, elas foram e são alocadas fora do contexto em que foi apresentada pelo filósofo em suas obras. Daí gerando polêmicas vãs, distorções nada originais e algo que hoje se apresenta sob a égide de “teorias da conspiração” ou Fake News, algo tão antigo como andar para frente, tá ligado!
Em suma, Nietsche era inconformado contra tudo que fosse expressado como verdade absoluta. Ele defendia a responsabilidade em assumirmos os nossos próprios pensamentos, que usássemos a inteligência para encontrar verdades que fossem verdadeiramente compreensíveis e nos remetesse à realidade da vida em todas as suas dimensões. Que questionássemos a origem de qualquer enunciado, de onde vinha e ao que servia ideologicamente, que não fossemos submissos às dominações intelectuais, morais ou religiosas, tá ligado! Vale o registro de que o Filósofo grego Sócrates também morreu por propor algo semelhante aos jovens do seu tempo.
Para finalizar essa breve inserção reflexiva, vale destacar o que escreveu em 2004 o pensador e escritor brasileiro, já falecido, Antônio Olinto, mineiro de Ubá, sobre a singular obra de Nietzche, em 2004: “Morto há mais de um século, continua Nietzsche sendo ainda motivo de escândalo, no sentido de que ele não nos deixa em paz e, por outro lado, nem nós deixamos sua memória sossegada. Parece que não nos contentamos com o que ele escreveu e exigimos que nos diga mais, que se explique e nos explique. Sentimos que ele nos abriu uma porta, mas não permitiu que entrássemos. Tendo sido ao mesmo tempo filósofo e poeta, diante de sua obra somos levados a querer mais, e só ele nos poderia saciar esta sede. Conhecer o pensamento de Nietzsche é importante nesse emaranhado de ideias que nos assaltam. Poucos escritores pagaram com a vida para pensar o que pensaram, para viver o que pensaram”.
Nada mais a dizer, deixo registrado a breve reflexão, concluindo com duas breves frases do filósofo para você refletir, isso se você quiser: “O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo”; “Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar”. Tá ligado?