Quando estudante de filosofia, logo na primeira aula de sociologia, uma das questões que nos foi apresentada veio através de um texto extraído da obra leviatã do filósofo e pensador político, inglês, Thomas Hobbes, cuja citação é a seguinte: “o homem é o lobo do homem (homo homini lupus)”. Em verdade essa frase era de autoria do dramaturgo romano Platus que a citava em uma das suas obras, mas Hobbes a popularizou em sua escrita. Em resumo, o significado que ele dava à frase e defendia era de que o homem era um animal selvagem, capaz de grandes crueldades contra o outro homem.
Em contrapartida, num outro texto, o também pensador e sociólogo húngaro Karl Mannhein, trazia à baila a ideia de que o homem era produto do meio, colocando a educação como ponto central da formação humana na sociedade. O interessante é que essa discussão rende muito debate até hoje, por isso deixo-a para os leitores.
A minha ideia após esse breve preambulo, é sugerir uma análise reflexiva da primeira proposição em relação ao que historicamente já vivemos e o que ainda está presente em nosso meio que são as “guerras”; algumas declaradas outras não. Toda guerra é cruel, e nos remete à selvageria perpetrada contra os outros humanos, às vezes indefesos como, por exemplo, crianças e idosos. São nesses momentos que vemos a sanha genocida acontecendo, muitas vezes por motivo nenhum aparente, ou apenas por motivos patológicos incrustrados no ego de quem comete as barbaridades, ou por alguma outra forma de demonstração de poder.
What's going on? Dizem alguns que o mundo está melhor com as novas tecnologias, será? Então porque não estamos melhores? Porque ainda guardamos resquícios de primitividade? Porque ainda não respeitamos os outros seres iguais a nós? Porque vamos à “guerra” contra os que não pensam como nós, ou são diferentes? Pelo visto nenhuma tecnologia materialista e/ou mecanicista, vai nos fazer melhor. Apenas, quem sabe, sofisticar a nossa sanha destrutiva ou autodestrutiva.
Aonde enterramos os valores humanos? Ou será que são apenas peças de retórica, para nos fantasiarmos de bonzinhos? Séculos e séculos de história e não aprendemos ainda as boas lições já proporcionadas. Para que serve realmente a educação? Ou a quem serve? Que tipo de educação estamos experimentando? E as religiões para que servem, ou a quem servem?
Não será este o momento de revermos tudo o que aprendemos até agora, ou o que desaprendemos? Será mesmo o homem o lobo do homem? Enfim, estas são algumas questões que estão colocadas ao nosso pensamento; pensamento racional, é claro!
Dizem que o bem e o mal são polaridades de uma mesma fonte, se for assim será preciso equalizar esse paradigma, ou seja, devemos, pelo menos, equilibrar essa equação. Descobrir a raiz de onde tudo se origina para podermos num breve tempo refazermos a nossa semeadura. Quem sabe novas sementes do bem ainda possamos fazer vir a vicejar; novas sementes, novas plantas, novos frutos. Somos individuais, mas, vivemos em sociedade. Sendo assim, então cabe a nós todos não só transformar, mas, transubstanciar, dar nova substância, ou essência, à vida que desejamos que seja melhor.