Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
Sumido; Mundo jurídico; Rio Verde, te quero vivo; Trânsito local; O novo Dilzon?; Disputas cruzadas
22/09/2021


Sumido 

O ex-vereador Zacarias Piva, que ficou em segundo lugar da disputa pela Prefeitura de Varginha em 2020, desapareceu do mapa político local após a disputa. Isso já era previsto, tendo em vista que sem nenhum mandato para projetar suas ações e repercutir suas falas é comum o político sair da mídia. Contudo, no caso de Zacarias Piva, é de conhecimento de muita gente que o ex-vereador deseja ser candidato a deputado em 2022. Piva ainda não anunciou por qual partido deseja disputar, visto que em 2020 estava no PSL e agora está sem partido. É certo que muitas legendas poderiam dar vaga na chapa ao político de Varginha, contudo, parece que o “sumiço” de Zacarias Piva pode significar que ele já tenha o partido e toda a estratégia montada para 2022, ou, que já tenha desistido da política (coisa raríssima) e tenha voltado ao mundo jurídico. 

Mundo jurídico 

Falando em mundo jurídico, segue quente a disputa da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Minas Gerais e na subseção Varginha. Em âmbito estadual, a disputa entre os advogados Sérgio Leonardo e Luís Cláudio Chaves promete mobilizar todo o estado. Sérgio Leonardo é da oposição e tem feito duras críticas à gestão da Ordem dos Advogados do Brasil. Já Luís Cláudio Chaves é presidente da Caixa de Assistência dos Advogados e tem percorrido o estado apresentando obras e projetos da entidade. Luís Cláudio já foi presidente da OAB/MG e possui visibilidade estadual. Sérgio Leonardo, embora tenha sua advocacia baseada na Capital mineira tem bons nomes do interior em sua chapa. Entre eles o advogado de Varginha, Gustavo Chalfun, que tem acompanhado Sérgio Leonardo nas andanças por Minas Gerais. Na disputa em Varginha, o atual presidente Alexandre Prado terá concorrência pelo comando da OAB Varginha, contudo, o desenvolver da chapa de oposição em Varginha vai depender da disputa estadual. Alexandre Prado tende a apoiar a chapa de Sérgio Leonardo em razão do advogado Gustavo Chalfun integrante da chapa de Sérgio. Alexandre Prado tem em Gustavo Chalfun o “padrinho político” de sua chegada a presidência da OAB Varginha, razão pela qual, deve retornar o apoio na disputa deste ano. 

Sem sangue e sem solução 

Continua o impasse para resolver a demanda de sangue e hemoderivados em Varginha. Ocorre que a unidade do Hemominas, que já deveria estar funcionando na cidade nem mesmo foi construída ainda, mesmo após o município ter doado terreno a entidade estadual para a construção. Após o governo estadual e a legislação forçar fechamento do hemocentro de Varginha, as doações de sangue e disponibilidade de hemoderivados despencou na cidade. A falta de sangue nos hospitais coloca e risco a realização de cirurgias e pode causar transtornos ainda maiores quando da necessidade urgente de sangue e seus derivados, como em acidentes automobilísticos que podem ocorrer a qualquer momento e demanda de sangue para tratamento. O Hemominas é instituição ligada ao Governo de Minas, e não possui recursos para investimentos no interior, reflexo do grave problema de caixa por que vem passando o governo estadual. A situação já esteve pior, contudo, na relação de prioridades do governo, parece que o Hemominas não é destaque. Enquanto isso a saúde pública em Varginha vai fazendo “remendos” enquanto consegue. A conferir até quando vai esta novela. 

Rio Verde, te quero vivo 

Nesta semana o Rio Verde foi debatido novamente na Câmara de Varginha. O Rio Verde é uma das captações de água que abastecem Varginha, além de ser também fonte de renda para pesca e irrigação para muitos produtores rurais. Contudo, o Rio Verde e seus afluentes passam por muitos problemas ambientais. A poluição, principalmente por esgoto irregularmente jogado no rio é um dos principais problemas. Ao longo de sua vasta extensão, o Rio Verde corta cidades, passa ao lado de empresas e regiões onde é poluído, assoreado e muitas vezes captações irregulares pegam mais água do rio que o permitido. Claramente a fiscalização não funciona e no caso de Varginha, há novos desafios a vencer na defesa do Rio Verde. A Copasa, que faz o tratamento de água em Varginha é acusada de não tratar corretamente a água que despeja no Rio. Além disso, a construção de uma pequena central hidrelétrica – PCH em Varginha, a PCH Boa Vista, é acusada por ambientalistas de causar estragos no rio com sua paragem. Já nos próximos meses, outro desafio se avizinha para o Rio Verde na cidade, a construção de um grande condomínio as suas margens, na entrada da cidade. O último “condomínio de luxo” que apareceu em Varginha, é as margens do Lago de Furnas, distante alguns kms da cidade, e mesmo abrigando mansões, não tem estação de tratamento de esgotos, mas sim uma “fossa céptica”, e ainda assim, foi aprovado pelas autoridades. 

Trânsito local 

A região na Avenida Princesa do Sul, no trecho entre o Supermercado Alvorada e o Parque de Exposições, na entrada da cidade, é uma região de intenso trânsito pois envolve trevo por onde passam milhares de veículos diariamente. Alguns destes veículos são carretas pesadas e que representam perigo para os carros menores e para muitos dos pedestres que passa pelo local. O governo municipal sabe do mega fluxo e da necessidade de obras no local. O governo estadual, sabe de sua responsabilidade no trecho que envolve uma rodovia sob seu controle, mas também ignora a necessidade de investimentos. Em ambos os casos, o governo estadual não faz os investimentos para concluir a duplicação da MGC-491 porque não tem recursos, já o governo municipal, não realiza as obras na entrada da cidade porque sabe que o projeto será todo alterado quando da duplicação da via. Ou seja, um governo espera o outro e nada sai do papel. Atualmente o governo municipal faz alguns paliativos na região para dar fluidez ao trânsito, mas nada definitivo. De puxadinho em puxadinho, a entrada de Varginha é a mais precária das 5 maiores cidades do Sul de Minas. 

Queimadas 

Depois de mais um incêndio no Parque municipal São Francisco, agora também um incêndio na mata próximo ao Lagamar causou preocupação em Varginha. Embora tenhamos uma unidade do Corpo de Bombeiros na cidade, é cada dia mais frequente os prejuízos com as queimadas, em razão do grande calor e falta de chuvas. Aliado a isso, a população não contribuiu na prevenção. Muitos destes incêndios são provocados por ação humana, alguns de forma criminosa. Mas isso também entra na falta de esclarecimento e fiscalização dos governos. A Cemig que normalmente assumia a campanha de combate aos incêndios, neste ano, pouco investiu nesta campanha. Já o governo municipal, a quem também cabe fiscalizar, também pouco agiu neste sentido. A expansão imobiliária em Varginha tem levado a presença humana para regiões onde antes só existia pasto. Agora sem chuva, estes pastos estão secos e correndo risco de novas queimadas... 

O novo Dilzon? 

O secretário municipal de Governo Carlos Honório Ottoni Junior, conhecido Honorinho, que também preside o PTB em Varginha, caminha para ser candidato a deputado estadual pela legenda na cidade. Se as apostas se confirmarem, Honorinho tem chance de tomar votos de muitos outros candidatos estabelecidos na cidade. A expectativa é que tenhamos cerca de 5 ou 6 candidatos “locais”, entre aqueles que disputam para deputado estadual e federal em 2022. Honorinho está no mesmo partido do ex-deputado estadual Dilzon Melo, que por décadas foi um dos “barões da política regional”. O Sul de Minas é uma região rica e importante de Minas e os políticos consolidados aqui, costumam adquirir grande poder e prestígio. Foi assim com José Adamo Belato (de Monsenhor Paulo) quando deputado federal, com Dilzon Melo quando estadual. Permanece assim com Diego Andrade como Federal e Dalmo Ribeiro como deputado estadual. Não se sabe qual será o caixa que Honorinho terá disponível para a disputa, mas é certo que a disputa como deputado em 2022 tem o “poder e glória alcançados por Dilzon e Dalmo Ribeiro” como alvos do hoje secretário municipal de governo. Aliás, quem será o substituto de Honorinho quando o mesmo deixar o cargo para disputar? 

Disputas cruzadas 

Falando na disputa para deputado em 2022 é certo que as eleições de 22 vão influenciar outra importante disputa que está mais próxima: a eleição da mesa diretora da Câmara de Varginha. Atualmente existem 8 vereadores que juntos elegeram a presidente Zilda Silva para o comando do Legislativo municipal. Entre os oito há quem deseje continuar o legado de Zilda e manter o “poder dos 8”, bem como há o desejo do vereador Dudu Ottoni, que foi candidato dos outros 7 vereadores, em tentar liderar a Câmara em 2022. A disputa está “fria, mas esquenta nos bastidores a medida que o fim do ano chega”. A eleição ocorre no final deste ano, e certamente o deputado federal Dimas Fabiano terá forte influência na escolha do candidato mais competitivo. Dimas Fabiano é o padrinho político de Zilda Silva, ambos são do Partido Progressista (PP) que tem outros vereadores e parceiros políticos na disputa. Certamente que apoiar Dimas Fabiano em 2022 será um pré-requisito para quem quiser o apoio do PP nas eleições da Câmara de Varginha no final de 2021. A conferir 

Dinheiro não aceita desaforo 

É curioso como “dinheiro desarma todo o idealismo político” no Brasil. Quando se trata de política, temos dois polos muito fortes no Brasil atualmente: Petistas e Bolsonaristas, que se odeiam e pedem o fim um do outro. A área cultural de Varginha é norteada por diversas empresas e empreendedores que possuem forte perfil de esquerda, ligados aos petistas e outros partidos de esquerda que pregam a resistência e contrariedade a todos os projetos do Governo Bolsonaro, o que pode até parecer coerente. Contudo, em relação a Lei Aldir Blanc, que distribuiu bilhões de reais a empresas e profissionais do setor cultural não se viu a mesma militância esquerdista contrária, pelo contrário. Aliás, por todo o Brasil, onde em algumas cidades os recursos da Lei Aldir Blanc caíram em “mãos duvidosas” as autoridades dificilmente vão conseguir recuperar o recurso destinado a regatar e desenvolver o setor cultural. Em Varginha, onde quase um milhão de reais deveria ser distribuído exclusivamente ao setor cultural, vimos na relação de contemplados nomes “estranhos e muitos deles ligados a esquerda que tanto bateu em Bolsonaro, mas que se apressaram para pegar o recurso conseguido pelo governo militar e autoritário”, sem nada reclamar ou denunciar. O processo de distribuição de recursos da Lei Aldir Blanc em Varginha foi coordenador pela Fundação Cultural que recolheu cadastro dos interessados, entre eles pessoas que não são de Varginha e muitos que nem pertencem ao meio cultural. Os baixos valores individuais distribuídos na cidade mostram que aqui, aparentemente, os recursos federais distribuídos não tiveram o propósito de “estruturar ou desenvolver o setor cultural, mas apenas fazer a manutenção da própria subsistência de muitas pessoas que passam por sérias necessidades de vida”. 

Boas notícias 

O prefeito Verdi Melo, em parceria com o Governo de Minas, anunciou a vinda de 12 novas empresas para Varginha e a expansão de 5 empresas já existentes na cidade. A perspectiva é de que sejam gerados cerca de 1000 novos empregos diretos e muitos outros indiretos na cidade. As empresas, maioria do setor industrial, são da área de torrefação, construção civil e equipamentos médicos, entre outras. Entre os fatos preponderantes para a escolha de Varginha está a qualidade de vida e indicadores econômicos, que são importantes para a Indústria tendo em vista a dificuldade de mudança deste setor após a instalação. Outra boa notícia é que o Hospital de Campanha de Varginha este sem pacientes internados pela covid, o que mostra uma clara recuperação da pandemia na cidade.

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