Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
Covid-19: Números crescem em Varginha; Boas ideias que não saíram do papel; O retorno; Os cabos eleitorais
09/07/2021


Covid-19: Números crescem em Varginha  

Já temos mais de 290 mortos pela Covid-19 em Varginha. O número é grande quando se pensa em vidas e famílias impactadas. Ainda mais quando comparado a outras doenças ou mesmo outras pandemias que chegaram a cidade. Até o início de 2022 quando se espera que todos estejam vacinados, porém é o possível surgimento de novas cepas mais agressivas, é possível projetar que o número de mortos esteja próximo dos 500 óbitos, o que não seria nada bom para o planejamento inicial do governo, que não previa tamanho avanço da letalidade. É fato que Varginha está melhor que outras cidades de Minas com população igual ou inferior a nossa, onde já foram registrados cerca de 400 óbitos. Todavia, vale lembrar que em Varginha tivemos vereador eleito com 457 votos (0,69% da população). Ou seja, até o final do ano, é possível que o “Covid tenha tirado a vida de tantos varginhenses que daria para eleger um representante na Câmara”!  

Onda de azar  

A Cemig, estatal de energia elétrica de Minas Gerais, controlada pelo Governo de Minas, não vive bons momentos. A empresa é alvo de uma CPI na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde é acusada de contratações suspeitas, vendas irregulares de ativos e gastos suspeitos, entre outros. Além disso, a empresa também é alvo de reclamação de consumidores pela falta de investimentos, bem como a falta de ressarcimento por perdas geradas pelo dano a eletrodomésticos e eletrônicos de consumidores por todo o Estado. Vale ressaltar, ainda, que a Cemig é uma das companhias de energia que possui uma das mais altas tarifas do Brasil. O fato é ainda mais grave no momento em que a tarifa bandeira vermelha, bem mais cara, foi acionada em todo o Brasil, por determinação das autoridades federais que controlam o sistema nacional de abastecimento elétrico. Diversas usinas térmicas foram acionadas para suprir a falta de energia, principalmente nos horários de pico. Com o aumento dos combustíveis anunciado nesta semana, é bem possível que a operação das térmicas custe ainda mais caro e “salgue ainda mais o bolso do mineiro”. Tudo isso porque o longo período de estiagem, agravado pela falta de investimentos da Cemig e do Governo Federal, deixou os reservatórios baixos em todo o Brasil. Em Minas Gerais onde a represa de Furnas sofre com o baixo nível das águas, a Cemig e o Governo de Minas vão ter ainda mais uma aflição. Ocorre que diversas comunidades ao longo da represa, que perderam turismo e investimentos, alegam que o Governo de Minas pouco tem feito para “peitar o governo federal e a hidrelétrica de Furnas” buscando o equilíbrio no nível das águas. Certamente que isso também vai acabar “caindo na conta” da Cemig que não está nada bem avaliada pelos mineiros e por consequência pelos parlamentares que estão investigando a empresa.  

Boas ideias que não saíram do papel  

Em Varginha vimos ao longo dos anos diversas boas ideias que surgiram no Legislativo, no Executivo ou mesmo vindas da iniciativa privada, que embora fossem sugestões boas e modernas não vingaram. A utilização da reciclagem asfáltica ou mesmo a utilização de pneus velhos triturados na composição da massa asfáltica da cidade é um desses exemplos. Estes métodos mais modernos e econômicos já são utilizados em várias cidades pelo Brasil e aqui na região já são utilizados pela Arteris – empresa privada que possui a concessão da Rodovia Fernão Dias entre Minas Gerais e São Paulo. Em Varginha o caríssimo asfalto utilizado pela Prefeitura não é derivado de reciclagem asfáltica e nem mesmo os milhares de pneus velhos recolhidos anualmente pelo serviço de limpeza urbana são utilizados para dar mais flexibilidade e vida útil ao asfalto local.  

DNA do prefeito  

O serviço de iluminação pública em Varginha melhorou! A responsabilidade pelo serviço foi repassada da Cemig para as prefeituras municipais há alguns anos. Em Varginha a prefeitura foi rápida e competente no trabalho e realizou diversos investimentos para modernizar a rede de iluminação, instalando novas lâmpadas, mais modernas, eficientes e econômicas, o que, inclusive, reduziu o gasto do município com o pagamento da conta de energia. O sucesso foi tamanho que o prefeito Verdi Melo disse que iria reduzir o valor da taxa de iluminação pública. Será que reduziu? Não sabemos, mas vamos procurar saber! De qualquer forma, o sucesso da gestão municipal na iluminação pública é algo que tem o “DNA administrativo do próprio Vérdi”, visto que foi ele, ainda como vice-prefeito na gestão (Antônio Silva) passada, que iniciou os trabalhos para que o município assumisse a iluminação pública da Cemig. Vérdi conduziu o processo de seleção de empresa contratada pela Prefeitura de Varginha para operar a iluminação pública, bem como, fez os ajustes com a instalação de serviço de reclamação pelos consumidores e fiscalização do trabalho. Hoje existe um número para reclamações e sugestões de melhoria do serviço de iluminação pública (0800 726 5020) além de um número de WhatsApp (99925-9260) para informar falhas no sistema de iluminação. É claro que atualmente como prefeito, Vérdi Melo não tem mais o mesmo tempo para acompanhar o serviço de iluminação pública, que continua sendo realizado por empresa privada contratada pelo município. O valor arrecadado com a taxa de iluminação pública, que, espera-se, seja reduzido, poderá agora ser investido com instalação de sistemas fotovoltaicos nos prédios públicos, por exemplo. Essa seria com certeza uma boa ideia para fazer com os recursos extras advindos da taxa de iluminação, visto que diversos outros projetos semelhantes, em Varginha, já vêm dando certo. De qualquer forma, a nova iluminação pública de Varginha, sob o comando do município, pode ser vista como um “case de sucesso com DNA 100% de Vérdi, a menos que apareça alguém para fazer desandar o projeto, o que não é difícil acontecer”!  

Itinerante  

O advogado Gustavo Chalfun tem percorrido Minas numa verdadeira epopeia com foco nas eleições da OAB Minas que acontecem neste ano. Chalfun é um dos jovens líderes da OAB mineira, faz parte de uma nova geração de advogados que cresceu e se destacou pelo trabalho, relacionamento institucional e defesa da advocacia. O advogado foi presidente da OAB em Varginha e secretário geral da OAB Minas no passado e mantem vivas as relações com outros advogados em diversas partes do estado. A disputa pelo comando da instituição em Minas promete ser ferrenha e está colocando em lados opostos muitos advogados e mesmo amigos de muitos anos. A bandeira da renovação é a que mais se houve falar, muito em razão do surgimento de novas lideranças que cobram a oportunidade de comanda a instituição e mudar caminhos da entidade a fim de melhorar a advocacia mineira. Vale destacar que na esteira da eleição do novo comando da OAB Minas estão em jogo diversos cargos que surgiram com a criação do Tribunal Regional Federal da 6ª região, que será sediado em Belo Horizonte. A OAB Minas é que vai indicar os nomes para o quinto constitucional na composição daquela nova corte. Além disso, ainda temos os muitos cargos de magistrados junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Tribunais Regionais Eleitoral e Militar em Minas, todos com quinto constitucional indicados pela advocacia. Não será novidade se, uma eventual mudança de comando na OAB Minas, influenciar na escolha dos nomes das muitas listas sêxtuplas que sairão da OAB na próxima gestão. Será que teremos mais nomes oriundos do interior de Minas? 

Grupo fechado 

Os oito vereadores que elegeram a atual Mesa Diretora da Câmara de Varginha estão se saindo bem na “união política” que construíram! Pelo menos até aqui! A mudança no regimento interno do Legislativo municipal que mudou o tempo de mandato da mesa diretora do Legislativo municipal garantiu que a vereadora Zilda Silva permaneça no comando da Câmara por mais um ano. Assim, Zilda será a chefe do Legislativo durante as eleições de 2022. Mas no segundo semestre do ano que vem, enquanto os candidatos a deputado lutam pelo apoio dos vereadores, internamente, os edis de Varginha vão escolher quem será o próximo comandante daquela casa de leis. Os sete edis que apoiaram Dudu Ottoni na disputa passada continuam firme com o petebista, pelo menos por enquanto. Já na gestão de Zilda, um nome que tem conquistado espaço é do vereador Rodrigo Naves, do PSB. Naves tem se mostrado um vereador atuante e mesmo com o “viés de esquerda” do PSB local, o vereador tem boa interlocução com outros setores políticos regionais, o que é fundamental para sua possível “unção” ao comando do Legislativo em 2022. Naves não diz que gostaria de estar na disputa com Dudu Ottoni em 2022, mas também não esconde que tem o direito como qualquer outro edil. Resta agora é combinar com o restante da equipe. Até aqui, o jogo tem sido “roubar um voto” do lado adversário! Se os oito edis que elegeram Zilda Silva conseguirem um voto do outro lado, sacramentam a permanência do grupo político atual que comando o Legislativo, com a consolidação do PSB e PP (que podem inclusive fazerem dobradinha com seus deputados em 2022). Já no caso do PTB de Dudu Ottoni, a todo momento tentam “converter um dos oito a virar o voto” para no final de 2022, elegerem Dudu Ottoni para retornar ao comando da Câmara. Dudu foi um bom presidente na legislação passada, mas sabe que está difícil virar alguém do outro lado. Será que o resultado das urnas em 2022 pode favorecer as pretensões do PTB para o comando da Câmara de Varginha? A conferir 

O retorno 

Em 2022 o ex-vereador Zacarias Piva voltará a cena política, como candidato a deputado. Ainda não se sabe se como candidato a federal ou estadual. Na verdade, nem mesmo o partido pelo qual Piva vai sair foi definido. Tudo esta sendo construído com muito cuidado e critério. O ex-vereador já conseguiu experiência política o bastante para saber que os detalhes “pré-eleitorais” são tão importantes quando os detalhes da própria eleição e podem ser fundamentais para definir se há ou não chances de vitória. Na eleição municipal em que concorreu com Vérdi Melo em 2020, Zacarias Piva consolidou um pequeno grupo de apoiadores e alguns poucos amigos poderosos no cenário político estadual e até nacional. Piva não está “mirando as eleições de 2022”, mas sabe que, dependendo do partido escolhido e do apoio conquistado, tem chance de vitória. Se não fosse assim, boa parte dos candidatos locais nem tentariam a eleição de 2022, pois realmente é muito difícil e onerosa. Os articuladores políticos projetam que para as eleições do ano que vem, é possível que algum deputado estadual entre com votação em torno dos 35 a 40 mil votos. Já para eleição de deputado federal, também a depender da legenda, é possível que algum seja eleito com votação entre 65 a 70 mil votos. Ou seja, quem vai colocar o nome nas urnas para apreciação do povo em 2022 precisa estar “sonhando alto e com caixa preparado, ou estar focando em 2024”. Qual será o foco de Zacarias Piva e dos muitos outros candidatos que teremos na cidade em 2022? 

Os cabos eleitorais 

Um dos nomes locais que podem ser candidato a deputado em 2022 é o secretário municipal de Governo Carlos Honório Ottoni Junior – Honorinho. O secretário é o líder do PTB municipal e ainda não definiu se sairá a estadual ou federal. O PTB de Varginha teve no passado o deputado estadual Dilzon Melo que por décadas foi um dos “barões da política” estadual. E focando no espaço deixado por Dilzon que Honorinho pretende disputar! Mas a tarefa não é fácil, pois além de muito voto e recursos, Honorinho precisa também de apoio político. Vale dizer que o PTB local tem estes dois requisitos para o sucesso eleitoral. A legenda tem em seus quadros o ex-prefeito Antônio Silva, que embora esteja afastado da política, tem grande credibilidade eleitoral. Contudo, não se acredita que Silva seria um “cabo eleitoral em favor de Honorinho”. Da mesma forma, Dilzon Melo, que também está no PTB, possui grande prestigio para arrecadar recursos numa eventual campanha, mas também não de acredita que Dilzon “queimaria cartucho” para conseguir recursos numa eventual campanha do secretário de governo. Mas, como surpresas sempre acontecem, se Honorinho conseguisse o apoio político de Antônio Silva e o apoio político/financeiro de Dilzon Melo, sua única preocupação seria a compra do terno para a posse!

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