Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
Eleições 2020: Resultados e consequências; O Legislativo que surgiu das urnas
18/11/2020


Eleições 2020: Resultados e consequências

As eleições municipais de 2020 vão entrar para a história pela circunstância e pelos números. O impacto da pandemia mudou mais que a data da disputa. Mudaram também a forma e as razões para votar! Conforme já previu a coluna tivemos alta abstenção, por outro lado, a reeleição de Vérdi Melo que obteve 55,87% dos votos válidos, ou seja, verdadeiramente Vérdi foi o escolhido pela maioria absoluta dos eleitores votantes, coisa que não me lembro ter acontecido nas últimas décadas na cidade. Tivemos uma eleição praticamente digital e sem a disputa de medalhões políticos. Este pleito construiu novos lideres e caminhos na cidade. Se Vérdi foi consagrado prefeito, Zacarias Piva foi constituído um novo líder local. Rogério Bueno continua liderança mesmo fora do PT. E o setor produtivo local, tem em Anderson Martins uma alternativa para o futuro. Quanto as esquerdas, mostraram que estão perdendo força rapidamente, pois os três principais partidos nestas eleições, Rede Sustentabilidade, Psol e PCdoB, somados chegaram a pouco mais de 3% dos votos, realmente um resultado fraco e inesperado, se pensarmos que há 6 meses Geisa Teixeira do PT atingia cerca de 30% das intenções de voto. Falando em PT, o partido foi grave e eleitoramente ferido no Brasil e também em Varginha, não sabemos se vai voltar a ser como era. Mas ficou provado que todos os demais partidos de esquerda na cidade, sem o PT na liderança, são incapazes de se unirem e atingirem bons resultados. O recado das urnas em Varginha e no Brasil afora mostrou que Bolsonaro continua líder, mas perdeu força e que o Partido Novo de Zema é praticamente inexistente no cenário político estadual, Zema que tem pouca influência no interior é maior que o Partido Novo. Aliás, passadas as eleições municipais, o foco agora se volta para o poder estadual e federal. Vérdi Melo é o maior cabo eleitoral de Varginha para 2022, mas pelo que disse na campanha, não terá “candidato único para o Congresso Nacional e ALMG” e não se sabe se fará campanha para algum majoritário. Na verdade, agora ele tem que se preocupar com seu governo. Não será difícil montar a equipe, pois tem muitos bons técnicos e partidos a disposição. A maior dificuldade do prefeito reeleito será “administrar seu próprio grupo”, pois todos querem “um naco do poder que julgam tê-lo ajudado”. Vérdi não é bobo, pelo contrário, sabe que a conquista precisou de muitos, mas comandar uma boa gestão obrigatoriamente determina que apenas um mande e coordene as ações, neste caso, apenas ele. Ou seja, chegou a hora de começar a dizer “não” ao enorme grupo que venceu as eleições. É hora de unir a cidade, fazer cortes, concessões e investimentos. A conferir

Eleições 2020: O Legislativo que surgiu das urnas

A coluna disse que haveria grande renovação no Legislativo de Varginha: mais de dois terços da Câmara de vereadores que tomará posse em 2021 é diferente do Legislativo que tomou posse nesta legislatura. Nomes novos que nunca estiveram no Legislativo são a maioria, alguns poucos têm experiência e podem se destacar neste cenário de muita demanda legislativa pois aquele poder vem ganhando espaço e as emendas impositivas ao orçamento deu poder aos vereadores. Assim, o Legislativo que emergiu das urnas não é composto por “votos de protestos que elegeram ignorantes”, pelo contrário, mas também é bem verdade que, muitos dos eleitos terão enorme dificuldade para sobressair frente aos desafios do Legislativo. A coluna vai fazer um breve apanhado de cada um dos eleitos, informando de antemão que, Vérdi Melo e seus partidos coligados fizeram a maioria da Câmara: 9 das 15 cadeiras serão ocupadas por eleitos que apoiaram Vérdi Melo. Em segundo vem 3 eleitos que apoiaram Rogério Bueno, seguidos de 2 nomes que apoiaram Zacarias Piva e 1 eleito pelo PSDB que apoiou Anderson Martins. O partido que mais elegeu representantes foi o Podemos com 3 vereadores, PP, PSB e PTB elegeram 2 cada, já PSC, PSDB, Cidadania, Avante, PSL e Republicanos elegeram 1 cada. Vale também dizer que as mulheres que são a maioria do eleitorado e que tiveram candidata a prefeita e candidatas a vice nesta disputa elegeram apenas uma representante na Câmara, a atual presidente do Legislativo, Zilda Silva. Entre os poucos reeleitos estão Dudu Otoni (PTB), Dr. Guedes (PTB), Joãozinho Enfermeiro (PSC), Marquinhos da Cooperativa (Republicanos). Já os recém empossados neste último semestre Reginaldo Tristão (PSB) e Carlinhos da Padaria (Podemos) embora tenham conseguido a vitória nas urnas, a nosso ver, também fazem parte da “onda de renovação” que trouxe novos ares ao Legislativo municipal para a próxima legislatura.

Dudu Ottoni – (PTB) – 1.293 votos

A reeleição de Dudu Ottoni era esperada tendo em vista o trabalho e desempenho do vereador nesta legislatura, aliado ao fato do político ter conseguido forte apoio familiar e empresarial que favoreceram seu nome. Dudu Ottoni foi presidente da Câmara mostrou pulso e trabalho para um edil de primeiro mandato. Ottoni vai querer aproveitar sua pequena experiência e atual liderança de votos para tentar novamente comandar o Legislativo, em 2021 onde teremos muitos novatos, mas não será tarefa fácil, visto que Ottoni neste último ano “chutou canelas e importou uma deputada federal para Varginha, o que desagradou medalhões do PP” que podem não apoiá-lo na disputa pela presidência da Câmara. Dudu Ottoni tem tudo para fazer um bom mandato e aperfeiçoar ainda mais sua experiência política, afinal tem bons exemplos na família do que pode e do que não deve fazer!

Rodrigo Naves – (PSB) – 1074 votos

O professor Rodrigo Naves era uma esperada surpresa no Legislativo. O agora vereador eleito vinha de uma crescente de votos em todas as vezes que disputou a Câmara. Pessoa esclarecida e formadora de opinião, Rodrigo Naves pode ser um dos destaques deste novo Legislativo. Mesmo tendo sido eleito pela oposição, Naves não será problema para o governo Vérdi na Câmara, nos bons projetos que o governo apresentar. Contudo, Naves não será “cordeiro” como aparenta ser boa parte dos novatos. Naves pode ser uma das opções entre os novatos para fazer parte da mesa nesta próxima legislatura, pois o novato chega com projeto e caminho já desenhado. O eleito não chegou na Câmara por acaso e sabe o que quer. Terá apoio de seu grupo político e será um dos “questionadores e fiscalizadores” da próxima legislatura. Tomara que outros aprendam com ele!

Dr. Lucas -  (PSDB) – 982 votos

O novato Dr. Lucas pode ser o novo “Alencar Faleiros da Câmara”, ou pode fazer a diferença e focar seu mandato em bons projetos. Sem experiência política, Lucas precisa voltar-se para seu grupo político e buscar sustentação e preparo para os desafios que enfrentará no Legislativo. A saúde em Varginha, área de atuação de Lucas, é dos setores que mais tem recursos e mais impacta a população. O médico Lucas poderá ser o representante do setor produtivo que fez emergir o PSDB nestas eleições e defender o cidadão comum que precisa de uma saúde melhor gerenciada ou sucumbir ao papel de “médico que defende mais privilégios a médicos no setor público”. Num Legislativo de novas estrelas, Lucas pode brilhar se aprender rápido o “jogo do poder e fizer os aliados necessários para se consolidar no Legislativo, sem perder sustentação política”. Dr. Lucas também pode ser um dos “questionadores e fiscalizadores” da próxima legislatura, certo mesmo é que ele não será “oposição por oposição apenas por não ter apoiado Vérdi. Mas certamente, não engolirá qualquer PF que o governo servir”.  O tempo dirá se Dr. Lucas será um vereador de apenas um mandato ou se estamos vendo nascer um líder setorial desta área tão importante como a saúde.

Joãozinho Enfermeiro – (PSC) - 975 votos

Num universo político local em que muitos médicos vão e sucumbem ao competitivo mundo da Câmara de vereadores o enfermeiro Joãozinho é um sobrevivente! Experiente no trato com o eleitor, simples e discreto, Joãozinho Enfermeiro mantém seu trabalho de apoio à população sem focar em grandes disputas políticas ou brigas de poder no Legislativo, mas Joãozinho gosta do “conforto do poder”. Não será surpresa se estiver nas composições para a mesa diretora de 2021. Joãozinho é de fácil trato e não vai dar “trabalho ao governo Vérdi”. No diagnóstico que se apresenta para a próxima gestão em que haverá muitas obras e investimentos na saúde, aliado ao apoio das emendas impositivas ao orçamento municipal, Joãozinho terá tudo para continuar seu trabalho social e consolidar sua liderança popular e política na cidade. Pode se tornar o novo “Julio Cazelato” do Legislativo. Trabalhando para “dentro de seu eleitorado”, Joãozinho quer ser vereador, apenas isso! Deixem o homem trabalhar!

Dr. Fernando Guedes – (PTB) – 965 votos

O médico Dr. Guedes estava decidido a abandonar a política e a medicina e voltar-se para a bucólica vida no sítio e cuidar da família. Mudou de ideia no meio deste semestre e resolveu continuar na política, e por consequência buscar o apoio da medicina para angariar os votos que lhe garantiram a vitória. Guedes é um dos poucos experientes na próxima Legislatura e uma boa opção para comandar a casa. Aliás é um sonho que o médico acalenta e vê na próxima legislatura a oportunidade disso. O petebista tem boa interlocução com Vérdi e Ciacci, além de conhecer a Câmara e também a área de saúde. Não vai ser problema para o governo Vérdi, mas se for contrariado, tem condições de ser tão “indigesto quanto o pior oposicionista no plenário”. Guedes conhece o regimento, sabe como e onde bater para incomodar o governo, mas não deve fazer isso. Afinal, Guedes também sabe do conforto de ser aliado de uma gestão com muito dinheiro e poucos oponentes. A conferir.

Zilda Silva – (PP) – 926 votos

A atual presidente da Câmara Zilda Silva apostou alto quando mudou seu estilo de política, aliou-se ao PP para conseguir chegar a presidência da Câmara e foi pra reeleição numa disputada eleição municipal onde não era favorita. Zilda venceu e voltou. Antes disso, fez e está fazendo uma gestão desafiadora na Câmara. Poucos botavam fé na edil, que embora tenha suas falhas, vem fazendo uma gestão satisfatória, tem punho e coragem para enfrentar os desafios. Será uma das líderes na nova legislatura. Não apenas pela experiência e por ter assumido a presidência, mas também por ser agregadora e discreta entre seus pares e ser também uma opção para o comando da casa no futuro. Zilda terá o apoio do agora vice-prefeito Leonardo Ciacci, que é profundo conhecedor do Legislativo e sabe que pode confiar em Zilda. Se o Legislativo terá independência sob o comando de Zilda não sabemos, mas pelo menos não haverá surpresas em relação ao Executivo. Se houver “preferências no Executivo” sobre nomes para comandar a Câmara nos próximos anos, o nome de Zilda Silva é dos mais lembrados com certeza. Ciacci deve ter muito receio de “criar um novo Piva” no Legislativo!

Reginaldo Tristão – (PSB) – 883 votos

O vereador Reginaldo Tristão faz política “pra dentro do seu eleitorado”, muito semelhante a Joãozinho Enfermeiro. Discreto e com aversão a brigas e disputas, não veremos Reginaldo Tristão engajado em grandes causas. Sua atuação é no varejo, focado no seu eleitorado e cativando o crescimento lento e continuo do seu eleitorado. Tristão foi eleito pela oposição mas não será problema para o governo Vérdi Melo. O edil retornou recentemente a Câmara assumindo o cargo vago pela morte prematura do saudoso Carlos Costa. Agora reeleito, Tristão vai atuar em temas pontuais e consolidar sua carreira política. Não tem perfil de comando no Legislativo, mas certamente é um nome de “composição para as muitas articulações políticas” que ocorrerão no Legislativo. É nome estratégico para composição das comissões temáticas da Câmara por equilibrar dois importantes adjetivos: “experiência e docilidade” nas medidas certas para garantir andamentos aos projetos de interesse sem surpresas políticas que custem caro ao governo.

Apoliano do Projeto Dom - (PP) 856 votos

O novato é exemplo claro da renovação legislativa que chegou como forte onda que mudou mais de 2/3 da Câmara. Apoliano não é voto de protesto, mas sim de reconhecimento pelo trabalho social e carisma que diversas personalidades locais realizam na cidade. O que não quer dizer que o eleito tenha projeto e capacidade técnica para desempenhar bom trabalho legislativo de fiscalizar o governo e propor leis. Apoliano será parte da ampla base de apoio de Vérdi Melo e não fará contestações públicas ao governo, terá entrada livre na administração, (sempre pelo gabinete do vice). Apoliano tem condições de realizar grande trabalho social no Legislativo e trazer a realidade de uma boa parte da população para dentro do plenário. O jovem vereador certamente vai gostar das atividades políticas e precisará aprender rápido se quiser continuar por outros mandatos. Não tem perfil ou apresenta interesse de se consolidar como liderança interna para a composição da mesa, mas pode compor as negociações, principalmente no primeiro momento em que muitos novatos chegam ao poder sem muito conhecimento, mas, muita expectativa.

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