De volta ao trabalho
Após alguns dias de férias, a Coluna Fatos e Versões esta de volta, já preparada para as eleições municipais, que neste ano terá muitas novidades, com um número recorde de candidatos, 7 chapas até o momento, com a surpresa de que o Partido dos Trabalhadores não apresentou candidato. A coluna vai analisar cada uma das chapas e pretende falar com os candidatos em entrevistas exclusivas, que serão inclusive gravadas e publicadas na coluna e nas redes digitais do Jornal Gazeta de Varginha e parceiros. Além disso, como fez nas eleições passadas, a coluna pretende colher uma pergunta de cada candidato aos demais adversários para que todos possam fazer uma pergunta a cada um dos concorrentes. Vamos ao trabalho!
PSDB – Anderson e Guilherme
Os tucanos de Varginha reinventaram a legenda e já conseguem um fato difícil: lançar candidato próprio! Muitos não acreditavam que o PSDB iria levar a sério a candidatura própria tendo em vista os custos e a dificuldade de apoio. A legenda não conseguiu muito apoio de outros partidos, razão pela qual terá a “Chapa Renovação, Inovação e Humanização” será pura com dois tucanos, deve ter uma campanha enxuta e focada. Anderson Martins é empresário local, não tem experiência política, mas se apresenta como bom gestor da iniciativa privada. Tem como candidato a vice-prefeito na chapa o professor Guilherme Dias (62 anos), também tucano e juntos devem focar atenção aos empreendedores da iniciativa privada (nicho de relacionamento de Anderson) e no funcionalismo público municipal (nicho de relacionamento do vice Guilherme Dias). O Partido dos Trabalhadores não deve lançar candidato, o que leva os demais candidatos a focarem suas “argumentações e questionamentos” sobre o candidato oficial que disputa a reeleição. No caso específico dos tucanos, se forem atacar Vérdi Melo, será uma “questão caseira e pessoal”, visto que Vérdi Melo esteve no PSDB por muito tempo, saindo agora para disputar a reeleição pelo Avante. Se os tucanos forem criticar Verdi, será com profundo conhecimento de causa! A conferir!
Rede Sustentabilidade – Demétrio e Wender
A Rede Sustentabilidade também mostra força lançando sua primeira chapa ao Executivo municipal. A legenda que é recente no cenário político local não se “vergou” ao apoio de outro nome de esquerda como se esperava nos bastidores e lançou o médico veterinário Demétrio Junqueira, (41 anos) servidor público de carreira lotado na Secretaria Estadual de Saúde. Junqueira é nome novo na disputa no cenário político, nunca tendo disputado eleições antes, contudo, participou dos bastidores de diversas outras disputas políticas. Ou seja, Junqueira não é novato na vida política municipal, mas vai ter dificuldades para construir sua base de apoio visto que diversos outros candidatos também possuem ligação com o funcionalismo e neste pleito teremos bem mais concorrentes. O candidato a vice-prefeito que integra a chapa com Demétrio Junqueira é o pedagogo Wender Reis, também da Rede Sustentabilidade, ou seja, chapa pura. O que mostra a fragmentação das legendas locais, que estão preferindo lançar candidatos a coligar-se na disputa majoritária. A escolha da chapa pura com Demétrio e Wender foi uma unanimidade na legenda, o que também mostra que o partido está unido em torno dos candidatos, que a exemplo dos candidatos do PSDB também terão uma campanha enxuta e com forte apelo de valorização do serviço público.
PCdoB – Jonas e Élida
O PCdoB também inova com o lançamento do servidor público municipal Jonas Loureiro, lotado na TV Princesa. Loureiro foi um dos primeiros nomes definidos ao Executivo municipal, mostrando que o PT já não teria o tradicional apoio dos comunistas nestas eleições. Jonas Loureiro terá como candidata a vice-prefeita Élida Aparecida Erbest Ferreira, o que pode ser um diferencial na disputa eleitoral onde poucas mulheres disputaram o Executivo ao longo da história política local. Além disso, o eleitorado feminino é grande em Varginha e não tem apego a nenhum dos candidatos, o que se torna uma oportunidade ao PCdoB. Vale destacar que tanto Jonas Loureiro quanto Élida Erbst são do PCdoB, ou seja, mais uma chapa pura que comprova a tendência de fracionamento dos grandes grupos políticos locais, principalmente o grupo de esquerda. A campanha do PCdoB não deve ser das mais “vistosas” a exemplo da maioria dos candidatos, mesmo porque o recurso partidário da legenda é um dos menores e possivelmente a campanha contará com apoios e recursos exclusivos locais.
PSOL – Maria e Nelson
O PSOL é outra legenda de esquerda que deixou o apoio ao PT e trilha seu caminho político em Varginha. A legenda oficializou a candidatura de Maria da Penha, de 62 anos, à Prefeitura de Varginha, tendo como vice o professor Nelson Pereira, ambos filiados ao PSOL, ou seja, mais uma chapa pura. A escolha dos nomes foi por unanimidade em escolha na convenção digital da legenda. Aliás, por conta da pandemia do Covid-19, a maioria das legendas definiu seus nomes em convenções digitais. É a primeira vez que Maria da Penha e Nelson Pereira disputam cargos eletivos, não possuindo experiência como gestores públicos e não se sabe se possuem experiência como gestores na iniciativa privada. De qualquer forma, o lançamento de uma mulher na disputa da Prefeitura de Varginha é uma oportunidade para o PSOL para ganhar espaço no amplo número de eleitoras que temos na cidade. Resta saber a desenvoltura de Maria da Penha vai cativar suas colegas eleitoras. Quanto ao vice, Nelson Pereira, professor e também nome novo na política local é uma incógnita política, mas com possibilidade de conquistar votos entre os servidores da Educação que são um grande número no funcionalismo. A estrutura de campanha do PSOL, deve ser semelhante a campanha do PCdoB, realizada basicamente com recursos e pessoal local, visto que o partido possui poucos recursos de fundo partidário.
PSB – Rogério e Mario (PV)
O PSB vai lançar o ex-vereador Rogério Bueno, conforme já trabalhava nos bastidores desde o início do segundo semestre. O PSB conseguiu a adesão do Cidadania e do Partido Verde, que vai compor a chapa majoritária oferecendo o candidato a vice, no caso, o professor Mário Ribeiro Duarte. Rogério Bueno tem 50 anos, foi vereador pelo PT e diretor do Hospital Regional do Sul de Minas, possui experiência política, já tendo atuado em várias campanhas como candidato e nos bastidores de diversas campanhas eleitorais. Bueno é conhecido e respeitado no meio político, tendo entrada em diversos setores da política e da economia local. Visto com político moderado, ligado aos movimentos sociais e religiosos, Bueno pode ser o “herdeiro político” de muitas lideranças do PT, caso a legenda realmente não lance candidatos, o que parece uma realidade. O candidato a vice na Chapa Varginha Pode Mais é o professor Mário Duarte, que não possui experiência política, mas que a exemplo de outros professores que também disputam o Executivo municipal vai atuar e influenciar para conseguir votos no setor público, principalmente na Educação, que possui muitos servidores. O candidato do PSB em Varginha terá entre seus principais apoiadores o deputado estadual Professor Cleiton Oliveira e o deputado federal Odair Cunha (PT) também ligados ao movimento carismático ao qual pertence Rogério Bueno. O candidato do PSB já apareceu na primeira pesquisa registrada divulgada em Varginha. Bueno será “pichado pelos opositores como o candidato do PT em Varginha”, contudo, é clara a diferenciação da plataforma e aliados de Bueno hoje com a plataforma e amigos que possuía quando estava no PT. Se Bueno “evoluiu ao deixar o PT não sabemos, mas certamente, o Rogério Bueno e suas ideias de hoje nada tem a ver com o PT atualmente”. A campanha de Bueno terá mais recursos e estrutura que os demais partidos ligados a esquerda como PSOL, PCdoB ou Rede, visto que o PSB tem maior recurso do fundo partidário, além de contar com apoio de deputado estadual da legenda e também de mais dois partidos Cidadania e Partido Verde o que pode ampliar o recurso do fundo eleitoral destinado a campanha.
Avante – Vérdi e Leonardo (PP)
A candidatura de Vérdi Melo a prefeito era esperada e natural. O atual prefeito, que assumiu recentemente (no primeiro trimestre deste ano) após a renúncia inesperada de Antônio Silva sempre quis ser prefeito e vinha se preparando para isso. A construção da candidatura de Vérdi Melo vinha sendo programa há muito tempo, a renúncia de Antônio Silva é que foi o “ponto fora da curva” que muitos diziam ter atrapalhado os planos, porém, acabou ajudando! Ao longo dos últimos meses Vérdi Melo ganhou protagonismo e liderança que antes não tinha e sua melhora nos índices de avaliação, num momento grave de pandemia e reflexos econômicos, garantiu à candidatura do Avante a maior coligação das chapas que vão disputar a Prefeitura de Varginha. A chapa “Varginha sempre em frente”, terá o apoio do Partido Progressista, que indicou Leonardo Ciacci como candidato a vice, além do PTB, Podemos, PMN, PSC, PSD, PROS, PRTB, Solidariedade e MDB. A construção desta aliança deve-se a muito diálogo e articulação. Leonardo Ciacci, antes de aceitar ser candidato a vice, quase chegou a ser candidato a prefeito, já MDB e PSD estavam prontos para ter outro candidato ou mesmo lançarem candidatos próprios. Ou seja, Vérdi mostrou articulação para unificar esta aliança, afinal, quando começou tal construção não tinha boa avaliação e ainda era uma incógnita como gestor. A vinda de Ciacci, vereador experiente e bem avaliado somou o apoio do PP e de outra legenda, já as adesões do MDB e PSD reduziu a força de eventuais adversários e ainda somou o apoio de mais um deputado federal à chapa. Mas Vérdi e Ciacci não terão vida fácil nesta disputa. Sem a candidatura de Geiza Teixeira pelo PT, que pelas pesquisas se mostrava a mais forte candidata, a reeleição de Vérdi torna-se a “bola da vez” para o ataque de todos os demais candidatos. E a atual gestão será severamente criticada, mesmo o período em que Antônio Silva tinha a caneta na mão, afinal, Verdi era vice! A chapa deve ficar atenta para distanciar-se de “questiúnculas” políticas que envolvam aliados partidários, bem como não “passar recibo” quando for provocada nos palanques e no programa eleitoral, o que certamente ocorrerá! Embora a campanha de reeleição seja a que terá o maior espaço em rádio e TV e possivelmente terá bom recurso para gastar de fundo eleitoral, os candidatos não devem ostentar, pelo contrário, devem vestir as “sandálias da humildade” e prepararem-se para as “pedradas”. Não está descartada uma forte campanha virtual para desgastar a candidatura da reeleição. A preocupação com o surgimento de um eventual “escândalo” deve ser imediata e constante, pois se não surgir um escândalo, certamente ele será “criado por adversário” para ser virtualmente divulgado horas antes das eleições. Infelizmente a Justiça Eleitoral não tem estrutura para tal controle e será preciso que as campanhas se preparem para defender e rebater as famosas “fake news” que virão! Difícil para Vérdi não será vencer tendo o maior grupo político, mas sim vencer apesar do enorme “balaio de gatos” que o apoia!
PSL – Zacarias e Vismário (Democratas)
O maior partido do Brasil atualmente, o PSL oficializou sua candidatura escolhendo o nome do vereador Zacarias Piva, de 49 anos, advogado e com boa atuação no Legislativo, onde foi presidente da Câmara pelo Partido Progressista, sua antiga legenda. Dentre as novidades políticas desta eleição municipal que terá sete candidatos, Zacarias Piva é a opção mais consistente do ponto de vista de apoio e novidade. Piva terá como candidato a vice-prefeito o médico cardiologista Vismário Camargos, do Democrata, além do apoio do PL, Republicanos, Patriotas e PDT. Estruturalmente, depois do candidato a reeleição, Piva é o que reúne a maior força política. E não tenham dúvidas do potencial do PSL para lutar pela vitória, pois o lançamento da candidatura, nos moldes que se apresenta já é uma conquista. Piva tem curta, mas vitoriosa, experiência política, visto que, até aqui, conseguiu êxito nas lutas que travou, onde também conseguiu desafetos. Tudo isso levou Zacarias Piva ao encontro de outro “novato experiente”, Vismário Camargos, médico que possui história na medicina local, foi diretor do Hospital Regional do Sul de Minas e passou pelo PL, PSD, MDB e agora lidera o Democrata. Vismário e a política foi um caso de “amor a primeira vista”, a exemplo de Piva, que foi “forjado na advocacia para o mundo político”. Ambos tem ficha limpa e muitos desafetos perigosos. No palanque da reeleição, o crescimento de Piva preocupa mais que o crescimento de Rogério Bueno, talvez, porque sabem que Piva conhece bem o palanque da reeleição, seus integrantes e suas fraquezas. Não é mistério que, a exemplo dos demais candidatos adversários da reeleição, Piva e Vismário vão procurar “brechas e falhas” na atual gestão para apresentar seu programa de governo, a necessidade de mudança e alternância de poderes. Mas aos olhos dos articuladores políticos que estão acompanhando de perto, e com olhos em 2022, a dúvida é saber quem terá mais votos agora se o PSB ou o PSL?
Perguntar não ofende
Porque o PT não terá candidato? Faltou nomes, unidade interna, dinheiro ou credibilidade? Será que a vaidade, soberba e disputa de poderes vão rachar a campanha de reeleição do Avante antes ou depois das eleições? Será que os deputados federais sobem no palanque?