Querida amiga Maria Elisa,
Saudades , saudades e... saudades!
Que bom poder comunicar-me com a "Biza".
Ontem lembrei-me de seu pai nos contando como tinha sido a sua chegada em Londres em 1918. Ouvi-lo foi um momento mágico e histórico em minha vida.
Depois veio o livro ancorado pela garra de sua amada filha, Maria Elisa, e seu vasto conhecimento sobre a trajetória desse ilustre brasileiro chamado Lúcio Costa.
Sempre penso em você quando vou a Peirópolis e visito o Museu dos Dinossauros.
Fico hospedado no alojamento da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e quando há lua cheia, levanto-me durante a madrugada para dialogar com os dinossauros e as estrelas...
Emoção pura! O cérebro e os sentidos aflorando ao tentar compreender o incompreensível e o inalcançável mistério da nossa efêmera passagem pelo planeta Terra.
Ouço o sussurrar do vento acariciando as folhas prateadas das palmeiras que estão iluminadas pelo comemorável luar no breu da noite.
Os dinossauros lá estiveram há milhões de anos e o nosso diálogo versa sobre a insignificância do meu ser e do meu existir. E assim varo a noite de um sábado que não voltará jamais pois o que passou passou ...
Não há mais moças recostadas nas palmeiras da estrada ... e, sendo brasileiro de estatura mediana, gosto muito de fulana e ciclana é quem me quer...
A velhinha no alpendre? A criançada com os tios na varanda? A fala estridente da araponga? O leite morno direto das tetas da vaca? O latir longínquo do cão em noite alta de céu risonho?
Volta o confinamento à la Raul Pompéia em "O Ateneu". Um feixe de luz me traz de volta a querida Maria Elisa, acompanhada do clarão provocado pela energia do imortal Lúcio Costa, seu pai e o "pai de nossa Capital Federal".
Um fraterno abraço a você em tempos de pandemia,
Fábio de Brito Ávila
Seu fã e admirador.