Coluna | Viver Consciente
Willes S. Geaquinto
Psicoterapeuta Holístico, Consultor e Palestrante Motivacional, Escritor - Autor dos livros "Cidadania, O Direito de Ser Feliz” e Autoestima – Afetividade e Transformação Existencial

Interatividade: Os textos desta coluna expressam apenas a opinião do autor sobre os assuntos tratados, caso o leitor discorde de algum ponto ou, até mesmo, queira propor algum tema para futura reflexão, fique a vontade para comentar ou fazer a sua sugestão.

Site: www.viverconsciente.com.br
Reflexões e lições da quarentena I
06/06/2020


Quarentena ou isolamento social? Independente da nomenclatura dada a esse período em que tenho ficado em casa para evitar o contágio do Convid 19, ele tem sido útil para refletir e buscar maior conhecimento de mim mesmo e das vivências que estamos experimentando, principalmente no Brasil. De antemão posso afirmar que essa tarefa não tem sido de toda fácil, já que são muitas as distrações que tenho evitado para não me perder em divagações infrutíferas. Aliás, se você que lê este texto estiver também imbuído de não perder esse tempo de solitude, recomendo manter a serenidade e a paz de espírito, evitando principalmente as notícias falsas (que são tantas, algumas “oficiais”) e os tais achismos de pseudos especialistas e assemelhados; estabeleça filtros para melhor distinguir as boas informações das inúteis ou prejudiciais ao seu equilíbrio. 

Para não submergir em divagações, a título de compartilhamento, vou listar e agrupar alguns temas a que tenho me dedicado a refletir; alguns deles nem são novos na minha lavra, mas os tenho revisitado para melhor fixar as minhas convicções. A ordem que lhes apresento segue a inspiração que me acolheu a cada momento:

•Espiritualidade – Passei por diversas religiões até chegar à conclusão de que não queria pertencer a nenhuma. Sou avesso aos rótulos de pertencimento que algumas tentam impor a seus adeptos. Até porque, a maioria dessas instituições que, presume-se, foram criadas para ligar os indivíduos à espiritualidade mais elevada, ou seja, à Unidade que é Deus e Sua Hierarquia Cósmica, mais divide e aliena aqueles que as procuram do que os esclarece, conscientiza e une.  Já faz tempo que preferi concentrar-me em algumas doutrinas espiritualistas, em especial a espírita. Isso para compreender e praticar o bem tendo como meta o amor incondicional a todos os irmãos espirituais, pois acredito que, quer queiramos ou não, todos fazemos parte de uma ampla família universal. Sei que existe uma discussão sobre ser espírita ou espiritualista, mas, isso para mim não vem ao caso porque entendo que todo tipo de sectarismo, fundamentalismo ou purismos exacerbados divide ao invés de agregar na evolução espiritual desejada.  

– Para efeito didático ou pedagógico, vale esclarecer que: o termo espiritualista é mais abrangente já que é composto por todos aqueles indivíduos que acreditam na existência do espírito e em suas mais diversas manifestações. O espírita, também denominado espírita-cristão, por sua vez é aquele que se atém de maneira singular à doutrina espírita (e suas práticas) decodificada por Allan Kardec e associada ao Evangelho do Cristo (novo testamento). Princípios básicos do espiritismo: 1) a existência de Deus; 2) a imortalidade da alma; 3) a evolução do espírito através das reencarnações; e 4) a comunicação dos espíritos desencarnados com os encarnados...

– A fé é um elemento da religiosidade e, por que não dizer, da espiritualidade profunda. Porém, a que se registrar que existem diversos matizes de fé; sendo que a maioria daquilo que tem sido designado como fé, são apenas crenças ou crendices sem fundamento no conhecimento objetivo. Existe, por exemplo, a fé que podemos denominar de emocional, é aquela que só sobrevém em algum momento mais crítico da vida do indivíduo, onde ele no desespero, na emoção do momento, se agarra a alguma crença com o intuito de superar aquele período adverso. Passado isso, ele volta à normalidade, ou seja, a viver sem fé. A esse tipo de fé somam-se a outras de igual teor, que podemos considerar como fés efêmeras, paliativas, sem algum embasamento mais profícuo. Por outro lado, existe a fé que a doutrina espírita e alguns outros ramos espiritualistas, definem como “fé raciocinada”, racionalizada ou fundamentada. Ouso dizer que essa fé é a mais potente e duradoura; aquela que, como ensinou o Cristo, “remove montanhas”; é “a casa construída sobre a pedra”. A qual resulta, em primeira ordem, do conhecimento das “leis” espirituais ou cósmicas que regem a vida dos seres e do universo em suas infinitas dimensões” e do uso da razão mirando a compreensão e a prática constante de ações conscientemente benéficas. Em termos objetivos essa fé inabalável tem como fundamento o entendimento do conhecimento espiritual e sobretudo da prática amorosa da caridade, da fraternidade, da humildade. Enfim, do exercício mais puro do amor que a Hierarquia Espiritual, através de seus enviados, ensina e recomenda a todos que buscam a ascensão espiritual.    

•Deus – Antes um parêntese: nunca o nome de Deus foi tão usado e abusado como nos tempos atuais, inclusive por políticos e pseudos crentes que o fazem com contumácia em seus discursos demagógicos e manipuladores. Aliás, creio ser impossível dissociar o crer verdadeiramente em Deus das ensinanças do Cristo. Algo que reforça esta constatação é a sua prédica que diz “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim”, ou seja, aquele que fizer uso dos seus ensinamentos em suas ações e condutas diárias pode sim declarar-se fiel a Deus. 

– Historicamente temos deuses e Deus. A princípio Deus era inominado, depois variadas religiões e doutrinas espiritualistas acabaram por instituir, digamos assim, a figura de Deus. Deus também recebeu o nome de Pai, Ser Supremo e outras variações como o Alá dos muçulmanos. Alguns acreditam que a palavra Deus inclui um conceito, que aí pode variar de religião ou doutrina. Eu prefiro a explicação-síntese que dá a doutrina espírita: "Deus é a inteligência Suprema do Universo e causa primária de todas as coisas". Aliás, a própria ciência que, para muitos diverge da existência de Deus, corrobora com esta explicação quando afirma em um de seus pilares básico que “não há efeito sem causa”, ou, ainda, como entendia o célebre e respeitado pensador francês Voltaire, quando afirmava que “Deus é o princípio explicativo do universo”. Ocorre que independentemente do nome que se dê a Esse Ser que denominamos Deus, acreditar também é uma questão de conhecimento e fé. Confio também que a depender da dimensão evolutiva de cada ser o significado e a representação de Deus varia, ou seja, cada indivíduo pode ter uma visão particular de Deus. Porém, é certo que Deus em sua suprema essência está sempre vinculado à polaridade positiva da vida. Enquanto o homem transita pela dualidade do bem e do mal buscando a sua evolução, por exemplo, Deus na sua completude e onisciência está sempre na Unidade, na ordem cósmica perfeita que se delineia em toda a criação.   

– Embora na sua ignorância o homem sempre tenha tentado criar uma representação de Deus, isso já se demonstrou inútil, porque sempre que o fez ele incorreu em transferências absurdamente humanas, como o Deus que castiga e pune. O filósofo Xenófanes de Colofon disse em certa época na Grécia antiga que se fosse dado aos animais erigirem os seus deuses, por certo eles teriam as características deles próprios... 

– Enfim, não há como negar que aquele que verdadeiramente crê em Deus e que se autodenomina cristão, independentemente da sua denominação religiosa, somente espelhará isso como verdade na medida em que consiga ter como guia  em suas ações, condutas e convivência, o compromisso ético-moral provindo da mais elevada espiritualidade.

 

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