Sábado, 19 de outubro de 2019. 22 horas.
Sou obrigado a ouvir a ''sertanejo'' através de um estridente som, em altos decibéis da música que, de forma repetitiva e agressiva, fere os tímpanos e restringe a nossa inspiração nesta desfigurada cidade de Uberaba que poderá recuperar parte de seu brilho de outrora se seus habitantes - fofoqueiros contumazes - usarem o seu tempo ocioso em prol de um movimento para a recuperação do patrimônio arquitetônico-histórico-cultural parcialmente destruído pela ignorância, incompetência e ganância de empresários desavisados que não compreenderam qual é a tendência mundial de respeito às edificações centenárias, de localidades que podem usufruir de seus atributos físicos e de seus encantamentos materiais para transformar Uberaba na Capital Brasileira Cultural do Triângulo Mineiro.
Todos os predicados que transformaram Uberaba também na Capital Mundial do Zebu, na Meca do Espiritismo e do Espiritualismo e na Terra dos Dinossauros, se diluem no ''diz-que-diz''', na falta de um planejamento e de projeto a curto, médio e longo prazo que permita à cidade vislumbrar o seu futuro de forma programada e com respeito ao seu semblante, ao seu perfil, aos seus habitantes ilustres e à sua alma.
Uberaba está transformando-se em ''terra de ninguém''. Em uma insossa e apática cidade mineira como qualquer outra, se não for ouvido o ''Grito de Alerta'' que permita harmonizar modernidade e tradição, economia e educação, cultura e lazer e os demais itens conjugados com a pujança de uma cidade que figura como celeiro de cérebros em ação, através do surgimento de hábeis e competentes empresários, empreendedores, homens das letras, da música e de uma população que se manifesta de forma autêntica e constante ao preservar raízes oriundas da Mãe África, da outrora Matriz Lusitana e de várias outras influências provenientes de múltiplos países do Planeta e de todas as regiões brasileiras, o que forma um potente ''caldo cultural regional''.
Entretanto Uberaba sofre. A cidade está sufocada pela visão politicamente estreita de alguns pretensos representantes de seu povo, pela falta de educação formal e de sensibilidade humanística e artística para enaltecer o seu legado nas áreas de cultura, de tradição triangulina com influências regional, nacional e universal.
Uberaba necessita, urgentemente, da coesão sólida daqueles que realmente a amam e que se predispõem a torná-la na mais atrativa cidade brasileira do Triângulo Mineiro.
Urge fomentar o diálogo que permita a muitos subir alguns degraus e a outros, descer do pedestal. Para uns falta preparo, para outros falta humildade e, para a maioria, falta união para resgatar o brilho da outrora charmosa Uberaba.