À frente, na rua arborizada e com calçadas ainda pavimentadas com pedrinhas portuguesas, avisto simples mesas de plástico (de um ''azul gritante" e de um "vermelho berrante") na paisagem entrecortada por frondosos troncos de árvores robustas, caixas de laranja dispostas em cima de um engradado de cervejas (de um ''amarelo ouro'') em um ambiente onde, sentados e enfileirados, homens - somente os representantes masculinos da raça humana - gastam o seu tempo absorvendo a ''estupidamente gelada'' cerveja da Brahma, ao trocar amenidades em uma conversa fiada na prosa tranquila e sem pressa do Ser triângulino, do Ser uberabense por competência ou opção, do Ser uberabense por força do destino e de seu nascimento.
A natureza está exuberante após muitos dias chuvosos; troncos caídos, raios e trovoadas ameaçadores e muita, muita água; um mar de gotas divinas e celestes, tormentas generosas e raivosas que abençoam e castigam a árida Capital Cultural do Triângulo Mineiro.
Uberaba está enferma. Em sua área central, a cada cinquenta metros, há uma farmácia vazia, interiormente iluminada com a luz fria e forte dos estabelecimentos comerciais que sobrevivem, não sei como, legados ao deus-dará.
Os habitantes uberabenses, na sua maioria, não investem em produção. São inertes, pouco dinâmicos e os da burguesia local destroem sistematicamente seu patrimônio arquitetônico-cultural para dar espaço a estacionamentos e negócios parasitas, em uma cidade vítima de maus mandatários que não buscam tampouco desenvolver de forma competente e harmônica na dualidade de um transporte urbano e público acessível a todos, conjugado com a arborização necessária ao bem estar dos habitantes da cidade.
Uberaba, cidade parcialmente adulterada, violentada, desrespeitada e destruída, está minguando.... Urge salvá-la.
Os anúncios publicitários, por toda parte, poluem visualmente a outrora belíssima localidade triângulina. Os fios elétricos, desordenados, serpenteiam agarrados em horríveis postes de cimento muitas vezes inclinados e pendentes à esquerda ou à direita.
A pavimentação asfáltica das ruas deixa a desejar e as calçadas constituem um bastardo mosaico de soluções ''insolúveis'' no ''cada qual faz o que bem lhe apetece''
Enquanto escrevo, ouço a fala de centenas de pequenas maritacas verdes que cruzam os céus uberabenses e me trazem a mensagem de paz e de tranquilidade na minguante Uberaba; levando-me ao túnel do tempo ao reconhecer e relembrar momentos áureos da minha tenra infância quando a ainda elegante cidade estava parcialmente intacta nos anos 50, e início dos anos 60, do século XX.
Ao caminhar pela atual Uberaba vejo entulho e lixo pelas ruas, horríveis e agressivas grades de segurança ou rolos de arame farpado (ameaçadores com suas extremidades pontiagudas) buscando assim, assustar os ladrões que, aparentemente, invadem as residências e os estabelecimentos comerciais da outrora pacata cidade mineira.
Os antigos e confortáveis bancos da Praça Rui Barbosa não existem mais e deram lugar a uma aberrante ''ideia de jerico'', que presenteou aos uberabenses, ironicamente, bancos de cimento que afugentam anciãos, adultos e crianças que poderiam estar usufruindo deste aprazível logradouro público, símbolo da Capital do Triângulo Mineiro. Um viva à incompetência Uberabense!!!
Os mandatários fazem e desfazem, os uberabenses engolem e regurgitam e a gestão urbanística continua promíscua e nada virtuosa.
Os preços abusivos dos carburantes ou dos gêneros alimentícios em algum dos estabelecimentos comerciais, literalmente, é uma zombaria ao cliente ''comum mortal''.
O café expresso, em uma das melhores padarias da Capital Brasileira Cultural do Triângulo Mineiro, custa mais caro do que o mesmo produto no Aeroporto de Lisboa ou em alguns bares da capital francesa, Paris.
Uberaba destrói o seu passado e mancha o seu futuro, por pura ignorância e desrespeito à suas raízes histórico-culturais e ao egocentrismo de seus concidadãos e citadinos.
Berababão sô!!!, conforme diziam meus pais, tios e avós, não existe mais. A Uberaba contemporânea pede socorro!!!!