A cidade de São Paulo destrói constantemente o seu patrimônio arquitetônico e histórico-cultural e tudo nesta cidade é fugaz, efêmero e sem consistência.
As edificações arquitetônicas que seriam o testemunho de mais de quatro décadas vividas na capital paulista e brasileira, têm sido sistematicamente destruídas ou abandonadas, pois o Ser Paulistano não existe.
A população desta Metrópole, além de inculta, analfabeta funcional e medíocre, convive mal com tudo que se refere a seu passado; a sua cultura cultura, ou mesmo educação formal, que seria indispensável para que o paulistano compreendesse a importância do desenvolvimento da Cidade nos últimos 465 anos.
O aniversário de São Paulo, quando a capital deveria estar comemorando 465 razões para amar a si própria, 465 ações para melhorar o cotidiano dos habitantes da pujante metrópole, e outros dados importantes de conscientização de apreço a obras de arte em logradouros públicos, a preservação de fachadas e edificações testemunho em diferentes momentos da construção da vida da Capital Paulista, nada disso é levado em consideração e convivemos diariamente com pessoas estressadas, agressivas, arrogantes e sobretudo alheias ao bem-estar do próximo em sua terra.
Ou seja, em São Paulo tudo aparece e, sistematicamente, desaparece em seguida.
O melhor exemplo do efêmero em São Paulo se traduz pela arte mural, pelo grafite e também pelo que agora chamamos de art street, ou seja, jovens artistas manifestam a sua competência no veio artístico cultural e deixam o seu curto legado em paredes, muros, empenas, portas ou janelas e cantinhos onde, de forma sutil e generosa, transformam a sua inspiração e o seu sonho em caráter artístico classificado como ''graffiti'' e que colorem, embora de maneira fugaz, ambientes da Capital que muitas vezes seriam insuportáveis se não tivéssemos as expressões destes anônimos artistas que sorrateiramente passam noites e madrugadas colorindo superfícies negras das paredes, as quais estariam invisíveis a olho nu se não tivessem estas espetaculares ousadias que transformam São Paulo na Capital Mundial do Grafite.
Os grafiteiros de São Paulo, através da arte de rua, expressam a sua liberdade em manifestações saudáveis, as quais contêm, muitas vezes, fortes mensagens de apelo para que o indivíduo, comum mortal das ruas, enxergue o mundo que o rodeia.
Os temas utilizados são bem diversos, porém o cunho social das mensagens é gritante, explicitamente gritante: a solidão, a miséria, o desatino, a injustiça, e até mesmo os olhares carinhosos de muitos dos personagens que parecem mirar fixamente o transeunte obcecado por sua vida, pelo seu cotidiano e pelas suas ''contas a pagar''.
O que seria desta destruída cidade se não houvesse os grafiteiros? A resposta, aparentemente óbvia, é que São Paulo estaria altamente depressiva se não houvesse a presença destes espetaculares seres livres, ousados e anônimos, que sabem que sua arte é efêmera e não durará mais do que alguns meses pelas ruas, paredes e muros paulistanos.