Em situação normal, quando no útero materno, é provável que nos sintamos tranquilos, protegidos e bem nutridos emocionalmente. A partir do nascimento é que a luta pela vida, pelo afeto que nos falta, pode nos amedrontar, mas, se continuamos a receber amor, carinho e a atenção que necessitamos tudo continua bem.
A necessidade de estímulos positivos, de carícias, é própria do ser humano, sem eles tornamo-nos carentes e a nossa existência torna-se uma incessante busca daquilo que chamamos de “paraíso perdido”. E é nessa procura que, às vezes, agindo cegamente e sem orientação, muitos se perdem. Alguns ainda na infância ou na adolescência, outros na idade adulta, já que a falta afetiva contribui em muito para a baixa autoestima e, consequentemente, para escolhas inadequadas.
Em palestras, há quase três décadas, tenho dito o quanto seria importante se os pais, antes de gerarem filhos, passassem por um processo de aprendizado para entender a importância da afetividade na vida da criança que vai nascer. Para compreenderem que assim como a nutrição alimentar é fundamental para o crescimento da criança, a nutrição emocional é essencial para o seu desenvolvimento saudável e equilibrado.
É inegável que pais despreparados para bem educar seus filhos acabam por definir, mesmo que inconscientemente, um modelo vivencial pobre em autoestima para eles. Resultando daí que muitos deles, quando adultos, enfrentarão maiores dificuldades para obter satisfação em suas vidas. Por não terem sido habituados a receber estímulos afetivos positivos, eles provavelmente terão limitações para cuidar melhor deles mesmos, além do que lhes faltarão entusiasmo e autoconfiança para sentirem-se capazes de viver com maior autonomia e assertividade.
Partindo do princípio que a afetividade é o combustível que alimenta a autoestima, vale lembrar que, mesmo que alguém não tenha recebido satisfatoriamente os afetos que precisava e merecia, sempre haverá a possibilidade de recompor o seu próprio modelo afetivo. Para isso, é fundamental começar por melhorar a relação consigo próprio, dando maior atenção às suas qualidades, competências e, principalmente, melhorando o valor que dá a si mesmo.
Tudo tende a mudar quando nos sentimos responsáveis pela nossa nutrição afetiva, quando aprimoramos o cuidado com tudo que diga respeito ao equilíbrio da nossa existência. Um padrão rico em afetividade pode ser construído pouco a pouco, a todo instante, dia após dia. A consciência de que somos merecedores do melhor, amplia nossa capacidade de nos reconhecermos competentes perante os desafios e vencê-los.