Às quatro horas da manhã encontrei-me em Igarapava onde os pássaros ainda adormecidos não tornavam o ambiente festivo com sua algazarra de ruídos. Na estação ferroviária não havia ninguém e um cachorro amigável e solitário aproximou-se timidamente de mim, aparentemente com medo de ser rechaçado.
A madrugada estava fria e o céu estrelado. Fixei meu olhar nas colunas e no teto daquele terminal de ônibus dos anos setenta cuja peculiar e original construção realçava o despojamento arquitetônico de há quase quatro décadas atrás.
Às oito horas da manhã, após uma curta viagem, da pacata cidade paulista à Capital do Triângulo Mineiro, adentrei a Catedral Uberabense onde os cantos sacros propiciaram-me o deleite de estar em Uberaba, terra outrora elegante e sóbria que tornava seus habitantes orgulhosos da "Beraba bão demais sô"!
Na Praça Rui Barbosa os casarões foram destruídos por incautos, incultos e obtusos filhos degenerados de Uberaba.
Hoje a cidade está desfigurada, as calçadas esburacadas, as ruas áridas e sem árvores ao longo das vias, as lojas emporcalhadas com painéis publicitários de extremo mau gosto e os fios elétricos desordenados de poste em poste de cimento.
O coletivo que me levaria a Uberaba deveria tardar por mais 80 minutos e a sensação do estar só, do ser isolado, relaxou-me ao impulsionar o meu sentimento ao Brasil, isolado e profundo. O tempo dava-me a impressão de eternidade naquele insólito local onde o canino perambulava sossegado e dono do espaço da Estação.
A Cidade pede socorro! Uberaba está cambaleante, às minguas.''