O roteiro você já sabe, os protagonistas são os mesmos. Quando se une exploração sem limites mais negligência e corporativismo temos atrocidades como a de Brumadinho. Exploração sem limites porque quando não se respeita os “limites” do meio ambiente se induz ao esgarçamento aquilo que é o princípio mais básico da vida: o meio ambiente. Negligência porque assumir riscos que podem tirar vidas e impactar a segurança de milhares de pessoas é colocar em cheque qualquer justificativa de atuação empresarial. Nada justifica a perda de uma vida. Corporativismo porque empresas como a Vale do Rio Doce estão acima da lei e do Estado e se apega ao seu impacto econômico para se colocar acima de qualquer legislação. Legislação que ela tem o poder de comprar, aliás.
Mas nessa história não existem criminosos sem cúmplices. Se você que se sensibilizou com mais essa tragédia e prontamente pensou em como ajudar as vitimas com doações bate palma para políticos que dizem que precisamos flexibilizar as leis ambientais, que o IBAMA não pode ser tão rigoroso (como se realmente fosse), saiba, você é cúmplice e tem parcela de culpa naquela lama de rejeitos. A melhor solidariedade não é aquela de ocasião, a melhor solidadriedade é aquela que considera as condições necessárias para a manutenção da vida das pessoas. A melhor solidadriedade é que coloca os direitos humanos acima do interesse de multinacionais corporativistas, negligentes e criminosas.
Até quando o filme vai se repetir? E até quando seremos platéia?