Algo entranhado em nossa cultura que norteia tanto a nossa conduta individual como a coletiva e impede a nossa evolução, é a dificuldade em reconhecermos e assumirmos as nossas deficiências e propensões negativas. Relutamos firmemente em reconhecer em nós aquilo que verdadeiramente somos; o imperfeito, o cafajeste, o mau caráter, o corrupto sempre é o outro. Sendo assim, toda vez que surge a oportunidade excepcional de mudança acabamos por repetir as mesmas condutas que nos levam à colher significativas frustrações que inevitavelmente têm como consequências o aumento da nossa descrença e o acomodamento a situações desconfortáveis.
O mesmo acontece a nós como nação. Talvez por não conhecermos com maior profundidade a nossa própria história, incluindo as repercussões sociais, culturais, econômicas e políticas que ela gerou e provoca, tenhamos uma visão muito reduzida da nossa realidade. A falta de uma visão analítica (que deveria ser estimulada pela educação) de todos os fatos que influenciaram e influenciam a nossa vida, tanto individual como coletiva, é o que dificulta intensamente o nosso progresso como pessoas e nação.
À luz dessas constatações, mirando a realidade política atual, observamos que a maioria da população ainda acredita que as mudanças virão de fora para dentro, ou seja, que alguém investido da condição de “salvador da pátria” virá não sei de onde para nos salvar e realizar tudo que desejamos. Parece ser mais cômodo crer nessa excepcionalidade, que em verdade não existe, do que acreditar que todo cidadão juntamente com a sua coletividade é capaz de desenvolver ações que assegurem o bem-estar de todos.
O imediatismo atual tem reforçado a ideia de que é possível mudar tudo em um curto espaço de tempo. E os vendedores de ilusão (estelionatários do voto) estão prontos para nas eleições de 2018 alimentar essa ilusão nos incautos ou manipuláveis cidadãos. Mudanças significativas só são possíveis no médio e longo prazos, esta é uma verdade praticamente incontestável. Mudanças de curto prazo ou imediatistas são, mormente, paliativas ou de curta duração.
A questão se apresenta, então, é que para mudar a realidade que nos cerca é preciso romper com os paradigmas estabelecidos historicamente pelas “castas dominantes” e seus cúmplices que só têm olhos para os seus próprios interesses. Ou melhoramos a nossa consciência política individual e coletiva tomando as rédeas das mudanças que o país precisa, seja através do voto e da participação como cidadãos, ou vamos amargar, como já acontece, a perda de direitos sociais e de cidadania, conquistados às duras penas por gerações passadas.
Num tempo ainda recente ficou demonstrado que uma política inclusiva com maiores oportunidades a camadas sociais antes desfavorecidas é possível de ser realizada, assim como já ficou demonstrado também que políticos descomprometidos com a nação como um todo são capazes de retroceder na história e em tempo recorde restabelecer privilégios que só beneficiam os interesses econômicos de uma minoria que não possui o mínimo apreço pelo Brasil e pelo seu povo.
Sendo assim, em todos os níveis das eleições de 2018, cada cidadão irá demonstrar pelo seu voto se deseja ser protagonista de uma nova história, ou apenas figurante na velha história já conhecida.