Coluna | Periscópio
Wender Reis
Pedagogo e Orientador Social, curioso observador de tudo que causa espanto no mundo.
Previsões do passado
12/12/2017


“A história é um pesadelo do qual tentamos acordar”. A frase do célebre romancista irlandês do século XX, James Joyce, me ampara quando passo a limpo alguns acontecimentos do ano de 2017. 

Não é papel da história prever o futuro, contudo ela nos ajuda a entender o tempo atual e a compreender as influências e presenças do passado nesse tempo. Para 2018, quero me iludir pedindo a todos sabedoria para que possamos perceber nossos dias atuais pelos olhos do agora e, ao ver neles as repetições de um passado sombrio, evitemos as atrocidades que já foram cometidas. 

Discursos típicos do final do século XIX e início do século XX vem ecoando novamente em muitos ouvidos. Posicionamentos políticos que fizeram escola na Europa no início do século passado voltam a ganhar espaço e isso se repercute em representatividade política. Propostas extremistas são apresentadas pelos porta-vozes de uma extrema direita que não tem nenhum pudor em defender violência e opressão. 

Na prática, liberdades civis, resultadas de muita luta após séculos de confrontos com regimes autoritários, estão sendo contestadas e vem perdendo o status de  garantias não-negociáveis. Para citar um exemplo, propostas como o “Estatuto do Nascituro”, que tramita na na Câmara dos Deputados prevendo a criminalização do aborto em todos os casos, mesmo aqueles que atualmente são previstos em lei, como em casos de estupro, são colocadas em curso em nítido retrocesso do processo histórico. 

Sem bola de cristal, não consigo prever o futuro, mas posso prever o passado, o pesadelo que segundo o Joyce tentamos acordar. Será mesmo? Seguem algumas “previsões”. 

Nesse nosso contexto político onde o nós/eles tem cegado muita gente, vale lembrar que grupos que a princípio compartilhavam valores semelhantes já se mataram em disputas de poder, como os mencheviques e os bolcheviques durante a Revolução Russa de 1917. Não subestimemos o ódio. 

A caça a artistas, escritores e intelectuais já aconteceu em tantos momentos da história da humanidade que fica até difícil citar um exemplo, poderia lembrar um bem próximo como o da Ditadura, mas vamos mais longe. Galileu Galileu, pouco depois do fim da Idade Média, foi condenado por revolucionar a física. 

A restrição do acesso a educação para negros e pobres também já foi registrada nos livros de história. A proibição de escravos brasileiros de aprender a ler e escrever. Segundo historiadores, acreditava-se que a educação era uma ferramenta de poder e que, se os escravos pudessem ler, eles poderiam se rebelar. Jura? Hoje, observamos uma precarização da educação em todos os níveis e esferas desse país. Mas, é claro, quem sofre mais com isso?

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