O vento soprava suavemente em um momento de seca, de apreensão com as mudanças climáticas que anunciavam o início de uma nova era. Era de penúrias, de falta d'água, de falência da natureza dizimada pela guerra constante que lhe foi declarada pelo ser humano.
Mergulhado nas sombras do findar do dia, o espetacular Theatro da Paz, adormecido, esvaziado, abrigando em seu âmago a energia consolidada dos inúmeros eventos musicais e culturais que perpetuavam a existência dos que por ali se apresentaram, se exibiram, atuaram, encantaram, sofreram e difundiram os momentos expressivos de mais alta dignidade: a Música.
As bandeirolas alusivas à manifestação religiosa e folclórica do Círio de Nazaré estavam acariciadas pelo vento que soprava e soprava...
O burburinho dos frequentadores do Bar do Parque, no Coração de Belém, porta da Amazônia, reunia opiniões de músicos, de profissionais do turismo, dos bêbados, dos vendedores ambulantes, dos estrangeiros e das prostitutas - damas do dia - da noite - damas do sexo negociado no Universo Amazônico.
Na pequena mesa verde escura, de metal, com design francês, eu percebia o meu entorno e seguia avidamente as páginas de um dos livros da coleção "A vida dos Grandes Brasileiros: Dom Pedro I". O texto de autoria de Pedro Pereira da Silva Costa contou com a preciosa supervisão de Afonso Arinos de Mello Franco, um dos responsáveis pelo documento para a população brasileira o qual pedia a restauração da democracia e o fim do Estado Novo. No presente momento, o Brasil buscar acabar com a corrupção para consolidar a verdadeira democracia.
Em 2016, Belém do Pará completará 400 anos e continuará vítima do desdém de seus habitantes e gestores governamentais que buscam, sistematicamente, a destruição de seu passado.
Belém me inspira, Belém me ensina, Belém me provoca, Belém agoniza. E o vento sopra...
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