Imagine a coluna Brasilzão sem imagens, sem fotos, sem ilustrações, sem referência visual. Isso me frustra...
As primeiras imagens que me vêm à mente, quando busco em meu âmago a brasilidade, são de edificações em estilo colonial português, paredes rosadas, telhas de barro e uma fila de mucamas e de escravos dialogando em frente às imensas portas de madeira que dividem os universos da Sinhá e dos serventes e serviçais; escravos negros oriundos de países longínquos onde o berço do ódio levou seus semelhantes a negociar com a nação lusitana ao oferecer mão de obra submissa aos caprichos dos ricos negociantes no mercado vigente escravagista.
Minha imaginação corre então solta por um vasto quintal onde árvores frutíferas generosamente oferecem delícias no pomar que abriga também várias espécies de pássaros em busca do farto alimento natural.
No horizonte, mata fechada. Caminho alguns passos e encontro o ribeirão onde sento-me na pequena ponte de madeira para admirar o movimento dos minúsculos peixes lambari e dos bagres que povoam aquelas águas límpidas.
À direita, timidamente, se sobressai o lírio vermelho em um campo forrado de relva verde ainda úmida pelo orvalho da madrugada. Bananeiras majestosas e grávidas de seus cachos de frutas, por amadurecer, esbanjam ares tropicais enfileiradas na encostas do morro forrado de mata atlântica.
Palmeiras esguias balançam as suas folhagens num gesto simétrico e harmônico em sintonia com o movimento da brisa que percorre aquela região do novo mundo.
O pão quentinho é retirado de um forno de barro onde as brasas luzem e parecem vislumbrar o desejo do forasteiro faminto na busca de seu sustento. O caixeiro viajante é amigo de todos. Tem histórias para contar e boatos a espalhar.
Livre e solto meu espírito sobrevoa o território brasileiro. Pernoito na selva Amazônica onde os ruídos da floresta me levam a pensar nos mistérios profundos da existência da Natureza. Deitado em uma rede, com os olhos fixos no céu estrelado, não sinto medo. Sou parte do Planeta e como tal serei respeitado. Adormeço e sonho com as urbes conturbadas, metrópoles dinâmicas e violentas onde a sensibilidade à flor da pele se estampa no semblante dos transeuntes exaustos, tensos, receosos do futuro ao preocupar-se com a incapacidade de manter o seu sustento.
Imperam os serviços, reina o mundo virtual; todos têm como objetivo o poder aquisitivo em um ambiente onde a felicidade se traduz pela aquisição de bens materiais que serão conseguidos contra horas e mais horas de trabalho em um mundo insano e inóspito.
Os trovões me despertam. Começo a flutuar... Volto à realidade.
Fábio Brito
Siga o Varginha Online no Facebook, Twitter