Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
União consolidada; Gratidão e soberba
04/01/2013


Entrevistado do mês

Muitos já ligam para o titular da coluna para saber quando será publicada a entrevista realizada com o ex-prefeito Eduardo Corujinha (PT), ainda mais depois que publicamos as perguntas feitas pelos leitores na coluna passada. Na verdade a entrevista, pelo seu tamanho e conteúdo, será publicada nesta quinzena, pois em razão da posse e outros eventos importantes que acontecem neste começo de ano, não foi possível transcrever toda a entrevista. A entrevista concedida por Corujinha à Fatos e Versões foi a última enquanto prefeito e o político fez um sincero desabafo sobre seu governo e a política.

União consolidada

Como antecipou a coluna há mais de três meses, o vereador Leonardo Ciacci (PP) foi reeleito vereador e presidente da Câmara Municipal. Embora diversas articulações tenham sido feitas para impedir tal eleição. O próprio governo não queria Leonardo Ciacci na presidência da Câmara, mas foi obrigado a “engoli-lo” por medo de ver o grupo de vereadores ligados ao deputado federal Dimas Fabiano (PP) e ao democrata Renato Paiva se aliarem ao grupo de vereadores ligados ao PT. Isso não aconteceu! Por incompetência e inércia política dos vereadores ligados ao PT e seus aliados, que ficaram atordoados com a derrota no Executivo, e atrasaram nas negociações para a Câmara.

Sem muito esforço, mas muita habilidade política, Leonardo e seus aliados no Legislativo, com o apoio de Dimas Fabiano, se entenderam com os vereadores governistas, formando um bloco coeso e sólido para eleger a nova mesa diretora do Legislativo e comandar o poder por mais 2 anos.

União consolidada 2

Depois de “dormir no ponto” nas negociações para a Câmara, o grupo de vereadores ligados ao PT, entre eles, Pastor Fausto (PRTB), Henrique Lemes (PV), Joãozinho Enfermeiro (PRB), Jorge do Hospital (PT), Rômulo Azevedo (PRTB) e Rogério Bueno (PT) tentaram montar uma segunda chapa para enfrentar o bloco criado com a união dos demais vereadores eleitos. A disputa começou bem antes da eleição com as pressões em cima do vereador Serginho Japonês, que sofre com a disputa interna de poder no PSD, entre os grupos do ex-prefeito Eduardo Ottoni e do deputado federal Diego Andrade (PSD). Serginho foi pressionado pelo grupo do deputado a integrar e apoiar uma chapa liderada pelo vereador Rômulo Azevedo para disputar o Legislativo. Como a votação foi aberta, o comportamento dos vereadores foi muito esclarecedor sobre como será divido o poder em alguns grupos políticos locais.

União consolidada 3

Os vereadores que votaram a favor de Leonardo foram, Adilson (Pé de Chumbo - PTB) e Adilson Rosa (PTB), Leonardo Ciacci (PP), Reginaldo Tristão (PSC), Armando Fortunato (PSB) Carlos Costa (PTB), Racibe Faria (PP), Zacarias Piva (PP). Vamos aos detalhes. Vejam que o voto de Pé de Chumbo, acompanhando o voto de Adilson Rosa é indício do que disse a coluna do possível “controle/policiamento” de Adilson Rosa sobre os votos de seu colega de partido. Já os votos em bloco de Leonardo Ciacci, Zacarias Piva, Racibe Faria e Reginaldo Tristão é a comprovação de que o grupo vai permanecer unido durante esta legislatura e que os edis também devem apoiar o deputado federal Dimas Fabiano em 2014. O deputado foi um “garantidor político” do grupo na briga pelo Legislativo. Os votos de Armando Fortunato e Carlos Costa em Leonardo foram a garantia de que o governo e o deputado estadual Dilzon Melo “apoiaram e engoliram” a negociação que elegeu Ciacci, com a condição de que daqui 2 anos, Armando Fortunato seja o sucessor de Leonardo, claro!

União consolidada 4

Já na segunda chapa lançada tendo o vereador Rômulo Azevedo como candidato a presidente do Legislativo, votaram os seguintes edis, Pastor Fausto, Henrique Lemes, Joãozinho Enfermeiro, Jorge do Hospital, Rogério Bueno e Rômulo Azevedo. O vereador Sergio Japonês (PSD) se absteve de votar. Vamos aos detalhes, o voto de Pastor Fausto reflete seu ainda distante relacionamento com o governo, coisa que pode mudar com o tempo, e também sua maior proximidade com as lideranças municipais do PRTB e com líderes do PSD como o deputado Diego Andrade, coisa que também pode mudar caso o grupo político não renda “dividendos políticos” ao edil. O voto de Henrique Lemes (PV) que embora eleito pela coligação de Renato Paiva, apoiou a chapa dos petistas, mostra que Henrique ainda guarda “gratidão” aos petistas. Isso é bom, mas não podemos esquecer que Henrique Lemes mantém bons relacionamentos com outros grupos políticos na cidade e que o edil terá até as eleições de 2014 para definir onde quer ficar definitivamente. É pouco provável ou “estranho” se acontecer de Henrique Lemes, no PV, apoiar Diego Andrade ou Odair Cunha em 2014, ambos os deputados já possuem seus pupilos no Legislativo municipal e não é o vereador Henrique. O edil não ganha nada se ficar a deriva ou instável em qualquer grupo político. Terá que se definir, e rápido! O voto de Joãozinho Enfermeiro demonstra sua “gratidão e cabresto” ao PT, mas isso não é definitivo, pois o vereador foi eleito pelo PRB, que vem sofrendo inúmeras mudanças na cidade e no comportamento político municipal e estadual, de forma que Joãozinho terá sua independência em breve, mas por hora, vai “rezar na cartilha da oposição ao novo governo”.

União consolidada 5

O voto e posicionamento político de Jorge do Hospital e Rogério Bueno já era esperado, não podiam votar numa chapa comprometida com o governo, pois são da oposição. Mas também sabiam que não tinham chance de conquistar votos fora da oposição se saíssem a presidente do Legislativo, daí o apoio a candidatura atrasada de Rômulo Azevedo. Rogério Bueno tinha a responsabilidade de construir os caminhos para a união dos vereadores alinhados ao PT com os vereadores alinhados ao PP, mas foi fraco nas negociações, cedeu na última hora a missão pela articulação ao vereador Rômulo Azevedo, que perdeu a eleição, mas, começou no Legislativo mostrando que tem articulação. Errou o tiro desta vez, mas pode e quer tentar novamente, se tiver chance! Rômulo Azevedo e Rogério Bueno não se alegraram com a abstenção de Serginho Japonês e vão levar esta mágoa para o cerne das articulações do PT e ao núcleo político do deputado Diego Andrade, que em Varginha envolve o PSD, PRTB e PTC.

Serginho fez a opção eleitoral mais coerente e segura. Optou por não se opor ao governo eleito e manter “lealdade parcial” ao comando municipal do PSD, leia-se Eduardo Otoni e Alemão do Café. Com a abstenção de Serginho em votar, ganhou diretamente o governo e Leonardo Ciacci. Além disso, Serginho sinalizou que é simpático ao grupo político do deputado Dimas Fabiano, representado na Câmara por Ciacci, e ao governo eleito de Antônio Silva. Serginho não terá represaria imediata no PSD, vai ainda passar pelo “canto da sereia do deputado Diego Andrade e seus emissários, que tentaram tutelar a atuação política do edil”, possivelmente sem sucesso. Pois Serginho Japonês tem “para onde correr em caso de aperto em sua legenda”. Afinal eleições municipais só daqui 4 anos, quem precisa de votos agora são os deputados, e o apoio de vereadores é de muita valia para os parlamentares estaduais e federais.

Gratidão e soberba

Em que pese a grande rivalidade que já existiu entre o deputado estadual Dilzon Melo, o prefeito Antônio Silva e o vice Verdi Melo, até aqui a gratidão marcou o início do governo municipal. A presença de Jeferson Melo, filho de Dilzon, nas mesas de posse do Executivo e Legislativo, além da posse dos secretários municipais, bem como nas falas de Antônio Silva e Verdi, sinalizaram que realmente prefeito e vice são gratos a Dilzon, que teve e terá papel de destaque neste governo. Só resta saber a que preço! E se o novo governo vai pagar esta “fatura”. Mas se Dilzon for esperto, como costuma ser, e manter as negociações locais comandadas por Jeferson Melo, que ao contrário do pai é bem quisto e confiável, é muito possível que não haverão problemas entre o governo municipal e o deputado. A gratidão a Dilzon Melo, expressa nas falas de Antonio Silva e Verdi, contrastaram com a aparente soberba de Leonardo Ciacci, que não citou o nome do deputado Dimas Fabiano em qualquer dos eventos de posse ou cerimônias oficiais deste começo de ano. Ciacci se lembrou apenas de seu sogro, o ex-prefeito Aloísio Almeida, nem mesmo de seu partido, o PP, Leonardo se lembrou para agradecer. A falha foi percebida por aliados de Dimas. Fica a dica para Ciacci! Memória e gratidão ajudam a evitar futricas políticas e discórdias futuras.

FRASES

“O governo Corujinha foi tão ruim que ressuscitou Antônio Silva e os seus” – Colunista político em conversa com um ex-prefeito da cidade.

“Começou bem, humilde e grato. Acho que Antônio Silva mudou, tem tudo para fazer um bom governo” – Presidente de partido em Varginha

“Ela quer me prender porque falei mal dela e vaiei o Corujinha” – Servidor público sobre uma ex-secretária na posse na Teatro Capitólio.

“Ele estava muito nervoso, mas falou bem, de coração, sai de cabeça em pé, apesar de tudo!” – Aliado do PT, sobre Corujinha na cerimônia de posse no teatro Capitólio.

“Vamos cumprir os compromissos de campanha”, “Sabemos das dívidas existentes” – Prefeito Antônio Silva na posse dia 1º de janeiro.

“Você pode ficar em casa dormindo sem fazer nada, que já vai ser melhor que o prefeito que saiu. Se fizer um pouquinho só, já vai estourar a boca do balão” – Ex-vice-prefeito em papo etílico com o chefe do Executivo na virada do ano.

Perguntar não ofende

Alguém esqueceu que nesta legislatura a Polícia Federal vasculhou o gabinete do 1º secretário da ALMG, deputado Dilzon Melo, a procura de provas em irregularidades num esquema de corrupção em Minas, e encontrou R$ 70 mil em dinheiro vivo?

Quem vai garantir a continuação da vinda de recursos públicos federais para obras em Varginha neste novo governo?

Afinal quem realmente é o presidente do PRB em Varginha?

A posse do vice como secretário de governo é a prova da distribuição de poderes ou o início da limitação de poderes neste governo?

Quanto tempo de carência o povo dará ao novo governo até que as obras apareçam e as promessas sejam cumpridas?

Férias em Ubatuba! Será que mais alguma coisa ficou do antigo Antônio Silva?

As promessas foram muitas, gente competente tem e foi nomeada, e dinheiro para fazer tudo que precisa tem? E o governo estadual, quando vai começar a cumprir seus compromissos e promessas feitas em Varginha?

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