Dilma Roussef não conseguiu a vitória de seu candidato Patrus Ananias para a Prefeitura de BH, diferente de Lula que elegeu seu pupilo em SP, mas ainda assim Dilma se credenciou diante do partido e também dos aliados, pela articulação realizada até aqui.
A legenda de Eduardo Campos conquistou vitórias de peso, inclusive contra o PT: em Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB) venceu Patrus Ananias (PT).
No Recife, Geraldo Júlio atropelou o petista Humberto Costa, candidato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O partido ganhou ainda em cinco das seis cidades em que disputava o segundo turno, elegendo os prefeitos de Porto Velho, Cuiabá, Fortaleza, Campinas (SP) e Duque de Caxias (RJ), e saltou da nona para a sexta posição entre os partidos no ranking de prefeitos eleitos, ao conquistar o comando de 442 municípios.
No tabuleiro das eleições de 2014 ainda temos o PMDB que fez o maior número de prefeitos, mas vem perdendo espaço para PSB e PSD, que estão de olho na vaga de vice de Dilma em 2014, vaga esta que o PMDB também quer.
Se o presidenciável Eduardo Campos (PSB) não for candidato a presidente nas próximas eleições, poderá brigar pela vice de Dilma ou de Aécio Neves. Se ficar com Aécio, o PSB poderá receber como “prêmio” o apoio do PSDB para que o prefeito reeleito de BH, Márcio Lacerda (PSB) dispute o Governo de Minas em 2014.
No caso do PSDB, a eleição de prefeitos em 702 cidades, sendo quatro capitais, fortalece os tucanos e reforça a imagem de Aécio como a aposta do partido para a corrida ao Palácio do Planalto nas próximas eleições. O senador trabalha por uma aliança com Eduardo Campos (PSB), que, se consolidada, teria o poder de unir a influência do governador pernambucano sobre o eleitorado nordestino ao trânsito do senador mineiro na Região Sudeste. Uma eventual aliança entre esses dois atores para 2014 teria ainda o efeito colateral de fortalecer o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que chegou a ter ameaçada a presença em uma chapa presidencial de reeleição com Dilma, mas se confirma hoje na posição de principal interlocutor entre a presidente e o principal partido aliado.
Em Varginha os desdobramentos políticos nacionais terão impacto direto nas negociações locais, pois os principais candidatos a deputado federal e estadual que atuam na cidade, bem como os personagens principais da política local possuem vinculações com lideranças nacionais.
ANTÔNIO SILVA –Voltou ao poder depois de 12 anos, com a ajuda de antigos desafetos e com um bom programa de governo. Antônio Silva melhorou sua imagem junto à população e sai fortalecido das eleições por ocupar a prefeitura pela terceira vez. Será o centro das atenções e do poder na cidade. Tem a oportunidade de fechar sua biografia política com chave de ouro e fazer uma boa administração, tendo em vista que sabe gerenciar a máquina pública. A incógnita será seu relacionamento político. Ninguém sabe se o prefeito “dividirá o poder” com os demais do grande grupo político que ganhou as eleições municipais com ele. Além disso, ninguém sabe se Antônio Silva pretende “aposentar-se da vida pública” daqui 4 anos, apoiando outro do grupo para prefeito ou se tentará a reeleição. Seu comportamento político será medido daqui 2 anos, nas eleições de 2014, quando “espera-se” que o prefeito eleito apoie Dilzon Melo, Aécio Neves e outros tantos que o ajudaram a ganhar a prefeitura. Antes disso, Toninho tem muito trabalho pela frente para recolocar nos trilhos a prefeitura “desorganizada e cheia de pendências” que herdará dos petistas. Ainda não se sabe se Antônio Silva vai “perseguir desafetos políticos ou empenhar-se para comprovar eventuais malversações do dinheiro público realizadas pelas gestões anteriores”. Toninho ainda é a “esfinge que todos conheciam, mas que não se sabe mais como pensa, só o tempo dirá”.
EDUARDO CORUJINHA – O prefeito petista sai do Executivo cheio de “mágoas e tristezas pelas muitas traições e desgostos eleitorais” coisa típica da política, mas que Corujinha não esperava que existissem com tanta realidade. Eduardo Corujinha não pensará em política tão cedo, mas não deseja abandonar o barco definitivamente. Vai procurar os “amigos que restam no poder para tentar manter-se confortável e anônimo até que sua imagem política melhore”, e por certo vai melhorar, pois (infelizmente) a memória do povo é curta! Além disso, o PT ainda é um partido forte, tem realizações em Varginha e mantém força na região. Corujinha não espera ser atacado pelo governo que entra, mas sabe que será “chamado a responsabilidade por eventuais atos dos companheiros de poder”. Por hora o prefeito vai deixar a liderança política local para Geiza Teixeira e Rogério Bueno, mais calejados por derrotas e batalhas eleitorais, mas no momento certo, retornará a cena política para provar que “não foi tão ruim quanto dizem, e que seria melhor que os adversários, quando as cobranças eleitorais e sociais baterem as portas dos adversários do PT, principalmente de Antônio Silva e Dilzon Melo”. Provavelmente o veremos publicamente de novo nos palanques petistas de 2014, ou discretamente nas nomeações petistas para cargos de confiança com boa remuneração na região.
RENATO PAIVA – O empresário ficou descontente com o resultado final das eleições, que sabia seriam difíceis, mas ficou decepcionado com os acontecimentos finais da disputa. Ainda assim, Renato Paiva mostrou que tem potencial eleitoral, mas precisa continuar na liderança e destaque político na cidade, se quiser chegar a possuir mandato em 2014 ou 2016. O empresário precisa permanecer na perseverança eleitoral para consolidar-se como potente força política de Varginha. Renato perdeu as eleições como Corujinha, mas não tem a mesma avaliação popular do líder petista. Renato Paiva deve trabalhar internamente na reestruturação de seu grupo político, talvez até em uma legenda diferente do Democratas. Ampliar seu relacionamento junto aos vereadores eleitos de seu grupo, com o PP e seu deputado federal, bem como as lideranças da agricultura onde atua. Para o democrata a vitória nas urnas não será conquistada com quatro meses de campanha, mas sim com quatro anos de trabalho antecipado, alianças políticas e divulgação e preparação de sua imagem junto ao eleitorado. E este trabalho precisa começar agora, mas sem os vícios de continuísmo ou a participação de “figuras carimbadas e já reprovadas” pelo povo de Varginha. Se Renato Paiva é a renovação, precisa também renovar seu modo de fazer política e seu grupo próximo de trabalho. Nas eleições de 2014, certamente Renato Paiva estará presente, talvez não na “linha de frente”, mas nos bastidores do poder, plantando “sementes do sonho político que ainda não alcançou”.
GEISA TEIXEIRA - A ex-primeira dama não conseguiu sua sonhada vaga na Assembleia Legislativa de Minas como deputada, mas sua presença na campanha de Corujinha foi responsável em grande parte pelo segundo lugar do PT na disputa municipal. Geisa Teixeira ainda tem força política em Varginha. E agora com o afastamento de Corujinha será a nova “comandante da tropa petista e primeiro nome das disputas futuras da legenda”. Geisa tem carisma e boa imagem junto à população e continuará contando com o apoio irrestrito do deputado federal Odair Cunha (PT) para levantar a legenda na cidade. Geisa faz parte da Executiva do PT em Varginha e é vista com maior “liderança e legitimidade” na legenda. O partido cobrará de Geisa a presença nas eleições de 2014, mas para que a ex-primeira dama tenha melhores chances de eleger-se, precisará de construir relacionamentos políticos na cidade e região. A petista bem que gostaria de deixar a política de lado e viver sua vida junto aos filhos no Rio de Janeiro, mas a cobrança dos amigos e do partido aliada ao “desaforo” das provocações políticas dos adversários, deve levar Geisa a ser a aposta petista em 2014. E a candidata estará ancorada em substancial apoio político e financeiro do PT estadual e nacional (via Odair Cunha), e dos muitos “órfãos políticos e de cargos” que restarão na cidade depois de primeiro de janeiro de 2013. Além disso, a imagem do saudoso Mauro Teixeira será sempre que possível relembrada pelos petistas locais, para manter acesas as chances de Geisa Teixeira levar o PT novamente ao poder. Em razão do carisma de Geisa e do saudoso Mauro Teixeira junto à população, é possível dizer que o povo vê e analisa de forma diferente o PT, Corujinha e a ex-primeira Dama. Que embora sejam o mesmo grupo político, são vistos de formas separadas por grande parte da população. Na cabeça de muita gente é como se “tudo de ruim que houvesse nos 12 anos de PT, tivesse sido (covardemente) cobrado só de Corujinha nestas eleições, e o saudoso Mauro Teixeira e sua primeira dama, ficassem com a marca do que o PT fez de bom”.
VERDI MELO – O atual presidente da Câmara e futuro vice-prefeito eleito agora tem seu destino político ligado ao prefeito Antônio Silva. Se o futuro prefeito “dividir o poder” com Verdi, forem verdadeiramente bons amigos, (independente das brigas do passado) o vice terá um construtivo futuro político. Se Verdi tiver condições de trabalhar junto com o prefeito e realizar um bom governo, e Verdi contar com o apoio de Antônio Silva para sucedê-lo para as eleições de 2016, o vice pode chegar logo ao comando do Executivo, hoje seu maior sonho! Mas as dúvidas e percalços no caminho de Verdi são muitos. Primeiro o vice precisa cuidar para que o governo de Antônio Silva seja bom, e que o prefeito o de condições de “fazer política com independência e poder de atuação”. Depois Verdi precisa garantir o comando e independência do seu PSDB em Varginha, que ainda não tem quem “o proteja das ingerências superiores em favor do deputado estadual Dilzon Melo”. Em seguida Verdi precisa construir um grande grupo político que não bata de frente com o prefeito, com Dilzon Melo e que atenda seus aliados mais próximos. A missão é difícil! Verdi Melo é competente, ganhou força política com sua eleição. O vice deve ser o “negociador político” do governo com o Legislativo municipal, que conhece bem. Em relação as negociações do governo municipal com o Executivo estadual tucano, o deputado estadual Dilzon Melo será o intermediador, embora Verdi seja o tucano da composição. Mas Verdi precisa se fortalecer junto aos tucanos estaduais prevendo sobrepor ao poder de Dilzon junto ao governo estadual nas questões afetas ao município. Afinal, a fidelidade e filiação partidária do vice precisam valer para valorizar o vice em futuras negociações políticas. Verdi Melo e Antônio Silva ainda são colegas, não amigos, ambos possuem gênios independentes, aceitam ser parceiros, não vassalos! Sabem que precisam um do outro para fazer frente aos “possíveis desejos autoritários do deputado Dilzon Melo” e para realizar um bom governo. Mas em caso de briga entre prefeito e vice, de imediato, perde o vice, que como sabemos foi colocado pelo prefeito eleito, “apenas substitui o prefeito em suas faltas”.
Na semana que vem a coluna continua sua análise, falando do deputado estadual Dilzon Melo, deputados federais Dimas Fabiano, Diego Andrade, Odair Cunha e do senador Clésio Andrade.
Siga o Varginha Online no Facebook, Twitter