Muitas vezes quando se fala de política não é difícil conseguir insatisfeitos e descontentes com algumas poucas palavras sobre o candidato A ou B. Na maioria das vezes, sou sapecado com “replicas” do tipo. Ele não sabe nada! Não vive a realidade da cidade, nem conhece o povão!” Isso é natural pra mim! Já me acostumei aos descontentes, que embora em muito menor número que os que gostam e acompanham a coluna, estes poucos insatisfeitos fazem bem mais barulho.
Na tarde de ontem resolvi fazer um programa diferente do tradicional passeio pelo centro da cidade. Queria ir aos bairros mais isolados para conhecer o que se fala sobre política nos rincões da cidade. Procurei primeiramente buscar um lugar que fosse “alvo” do governo. Não é novidade que em ano eleitoral a “moda” é falar mal de quem já esta no poder. Por isso, resolvi buscar um lugar onde as pessoas fossem eventualmente dizer que estão gostando do governo petista. Queria sair daquele chavão de “bater por bater” e mostrar se realmente é verdade a “essência” do que disse pra mim o prefeito Corujinha, que o “foco do governo petista era o povo”.
Por intuição, imaginei que o recém criado bairro dos Carvalhos, entregue por Corujinha a pouco tempo poderia ser um bairro assim, “pró-governo”. Afinal é um bairro novo, com infra-estrutura completa, as pessoas que ali moram, pagam valores “simbólicos” em relação ao preço de mercado de uma casa, se fossem adquirir o imóvel no mercado imobiliário normal.
E assim me dirigi ao bairro Carvalhos. Lugar de gente humilde, gente que ganha a vida depois de um longo e difícil dia de trabalho. Quando tem sorte, pois pude ver que muita gente lá esta desempregada. Não é mistério que a falta de emprego é o pior dos males para uma família carente, pois sem emprego não há como colocar comida no prato, e esse é o começo da ruína da família: a barriga vazia.
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Cheguei ao bairro Carvalhos no início da tarde, estava acompanhado por um amigo que produz eventos na cidade. Logo na entrada do bairro existe uma pequena construção, um misto de casa com galpão, que alguns diziam ser igreja, outro dizia ser um centro comunitário, mas o fato era que ali é o local onde a comunidade do recém criado bairro se reúne para atividades sociais. No bairro Carvalhos não há um praça ou centro comunitário ou mesmo uma escola. Muita coisa ainda falta chegar ao bairro Carvalhos! O que não precisava, já chegou faz tempo... não foi difícil ver que a insegurança é parte da vida dos moradores.
Algumas senhoras com quem conversava no “centro comunitário improvisado” relatavam sobre “boca de fumo” a alguns metros dali, que havia causado problemas nas noites anteriores. Comecei a falar com as senhoras e, em breve, estávamos em um pequeno bolo de gente, que tinha jovens, idosos, homens e mulheres. Todos tinham algo a dizer! Aquela gente gosta de Varginha, tem orgulho de nossa cidade.
Perguntei sobre coisas comuns inerentes ao dia-dia de um bairro, como coleta de lixo, transporte urbano, segurança etc. Rapidamente me informaram que a presença policial no bairro é constante, porém, a presença policial é sempre “remediativa e não preventiva”. As pessoas ali convivem com o trafico de drogas como uma coisa normal do dia-dia. Presenciei algumas passagens da viatura policial na tarde em que estive no Carvalhos. A viatura sempre estava “carregada” para levar suspeitos a delegacia! Não acho que exista “desbaratamento” de quadrilhas e fim dos crimes naquelas eventuais prisões, mas apenas “desfalque para reposição rápida no mercado do crime”. Ou seja, quando se prende um aqui e outro acolá, rapidamente a marginalidade “recruta” outro jovem para o posto.
E jovens é o que o bairro tem com fartura, mulheres bonitas, jovens dispostos e que estão na corda bamba entre ter oportunidade na vida do crime, tráfico e prostituição ou na vida de educação, trabalho honesto e dignidade. Qual será a escolha que estes muitos jovens do bairro Carvalhos vão fazer?
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No “centro social” por onde passei, vi que as pessoas eram educadas, recebiam bem e com sorrisos mesmo os estranhos como eu, que ali passavam para ver uma nova cara de Varginha. O varginhense que aparece no calçadão da Wenceslau Braz nas compras de Natal em dezembro, que é filmado para entrevistas na Globo, não é a maioria da nossa gente.
Continuei a conversar com aquelas pessoas e descobri que muitos do bairro possuem gratidão por este governo municipal! Vi também que a imensa maioria das pessoas são e se dizem muito felizes. Outros tantos, mesmo sem emprego ou recebendo ajuda do governo em programas sociais, também se dizem felizes e agora ainda mais contentes pela casa própria que ganharam no bairro.
Perguntei então sobre os problemas e como viam a cidade e o que esperavam de Varginha no futuro próximo, afinal estamos em uma época de definir o destino da cidade pelos próximos anos. Mesmo sem citar nome de candidatos, percebi que as pessoas ali realmente possuem um misto de carinho com gratidão para com o prefeito. Mas não deixam de expressar que há muitos como eles para serem “resgatados do aluguel e da sub-moradia”. Há registros que Varginha possui mais de 5 mil famílias na lista a espera da casa própria. O bairro Carvalhos tem menos de 500 casas!
Os moradores do bairro sabem que muitas outras famílias, amigos, parentes etc, ainda passam por grandes dificuldades e ainda não passaram pelas mudanças que aquelas quase 500 famílias já passaram. Eles mudaram, e gostaram da mudança! Tanto assim que vêem com bons olhos o governo, na pessoa do chefe do Executivo, o que não significa que apõem seu governo, nem mesmo que vão votar nele, mas demonstram gratidão, mesmo afirmando que o resgate social demorou para chegar por parte do governo.
Também me surpreendeu a quantidade de pessoas, mesmo passando por agruras como o desemprego, insegurança do tráfico de drogas, e muitas até fome, que ainda conseguem manter uma imperiosa alegria de vida e certeza na vinda de dias melhores. A felicidade do brasileiro é algo elogiado no mundo todo. Mas quando se vê de perto pessoas com grandes necessidades e que, ainda assim, mantém a cabeça erguida e o sorriso no rosto, isso nos faz também mais alegres e esperançosos. Nos faz pensar que, realmente, Varginha é muito grande e rica, não riqueza financeira, mas riqueza humana e grandeza se valores. Nosso povo não deixa de esperar o melhor, mesmo que isso seja algo difícil e demorado para se alcançar.
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Depois de contada, mesmo que com poucas informações, essa tarde que passei com os amigos que fiz no bairro Carvalhos, você leitor e eleitor que me acompanha diz: o que isso tem a ver com sua coluna política de toda semana? Bem, tem muito a ver, pois quem vai decidir verdadeiramente o rumo das eleições são varginhenses assim! Pessoas que não tem partido ou conhecimento de direita ou esquerda. Gente que não liga se há crise na Europa ou se o candidato tem a simpatia da presidente ou do deputado. Essa gente humilde liga para como sua vida esta agora. Neste momento! Se boa, o governo merece crédito. Se ruim, o governo precisa ser trocado! Não percebi nas pessoas uma alegria com governos ou partidos, mas uma alegria de vida, que não se confunde com a eventual alegria com a administração. Todos querem mudança! Que necessariamente não significa uma mudança de governo, mas sim mudança na forma como se governa.
Ninguém das pessoas que conheci naquela tarde demonstrou ser profundo conhecedor da política macro de Varginha, Minas, Brasil ou do resto do mundo. Mas demonstram saber bem a diferença entre bom atendimento ou não nos hospitais, ruas esburacadas ou bem pavimentadas, escolas públicas boas ou não, pratos cheios ou vazios.
Nossos candidatos parecem se perder em um cipoal de questões como apoio da presidente ou do governador ou mesmo do partido X ou Y, que embora importantes, não tem menor interesse do eleitor. Pelo que percebi, interessa mais ao eleitor comum, aquele que trabalha e não se interessa com siglas, que o escolhido seja apenas, bom de serviço. Alguém também simples, de fácil acesso, que resolva os problemas da cidade, que aos olhos do cidadão são simples de resolver.
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Para o morador do Carvalhos que se diz vizinho de uma “boca de fumo”, a solução dos problemas são as polícias investigando e prendendo meliantes, é mais viatura nas ruas. Já para quem está desempregado, e não são poucos, a solução dos problemas da cidade, é um emprego de faxineira ou de pedreiro, porteiro, enfim, algo que coloque comida na mesa e garanta o sustento dos filhos.
Para os jovens do Carvalhos o problema de Varginha é a falta de opções de lazer e de uma praça no bairro, ou mesmo uma escola que deixe a quadra aberta para uso da população nos finais de semana. Como se vê, os problemas para as pessoas humildes são questões simples! Sem mistério e que não custam milhões. Nada que os R$ 250 milhões de reais anuais de orçamento da cidade não possam suportar. Então porque a vontade dessa gente humilde não encontra a fala dos candidatos nas disputas eleitorais? Esse é o mistério que vai levar um dos candidatos a administrar a cidade no ano que vem!
O saudoso Mauro Teixeira realizou sua primeira administração sem entender muito de política e sem recursos adicionais dos governos estadual e federal, porem com expressiva aprovação popular. Já o ex-prefeito Antônio Silva, na época sem apoio de presidente da República ou de deputado ou senador, construiu 4 mil casas populares no bairro Imaculada Conceição entre outras tantas obras sociais na cidade. Do mesmo modo, o empreendedor Renato Paiva é o líder rural responsável por uma das mais sólidas e estruturadas cooperativas de Minas, gerando renda e emprego para muita gente humilde. Renato Paiva é um empresário bem sucedido, de visão empresarial e social reconhecidas e que ainda assim, possui a simplicidade e amizade que o levam a todos os rincões da cidade.
Também não é surpresa ver que também o pequeno Psol, de Kiko e Espanhol tem a simplicidade das massas e é sem dúvida um partido com lideranças acessíveis. Porque então estes candidatos todos não falam o “linguajar do povão” ?
O que acontece com os discursos que ouvimos e lemos por ai que não falam da solução dos problemas simples que vemos na cidade como o buraco da rua ou o traficante da esquina ou ainda a falta de escola no bairro pobre?
Para as classes mais favorecidas da cidade, que assistem Globonews e lêem os cadernos de cultura dos jornalões das capitais, é de suma importância que o próximo prefeito de Varginha seja alguém “de casa”, que possa ser encontrado no Clube Campestre nos finais de semana, ou que seja próximo ou amigo de um amigo. De preferência alguém que se possa pedir “favores e jeitinhos” muito comuns a nossa cultura brasileira! Não tenho dúvidas que a probabilidade de isso acontecer e alguém com esse “estilo” ser eleito é muito grande. E não vejo problemas na eleição de alguém assim! Mesmo porque o próximo prefeito tem que ser um prefeito para todos, não apenas para seus partidários ou amigos.
Precisamos de um líder no Executivo local, que administre para ricos e pobres, auxiliando os ricos e socorrendo ou pobres. Não com “bolsa família”, mas dando condições aos pobres de saírem da pobreza. E para isso, o apoio aos ricos é fundamental para gerar emprego e desenvolvimento. Não se ajuda o empregado achacando com impostos os patrões. Da mesma forma que não se ajuda um pobre apenas dando bolsa família.
E a solução para a construção de uma cidade melhor não é mistério! Basta começar com o mais simples. Comecemos com os problemas pequenos, do dia-dia, resolvendo o que pobres e ricos não se cansam de pedir e não sabem porque ainda não foram atendidos!
Queremos um prefeito que seja apenas, bom de serviço! Quem esta apoiando este candidato pouco importa, quem ele vai ou pretende apoiar em 2014, também pouco importa. Quem este próximo prefeito vai chamar para secretário pouco importa. O que queremos e precisamos é que este novo líder municipal seja apenas bom de serviço! Tenha comando sob seus assessores para que façam o que precisa ser feito e consertado na cidade. E olha que tem muita coisa!
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