Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
Erros e acertos; Perdas e ganhos...
13/07/2012


Erros e acertos

Passadas as negociações de bastidores, composições políticas, convenções partidárias e por fim o lançamento e registros das chapas, é hora da coluna fazer uma análise mais detalhada sobre os prognósticos que fizemos a meses atrás, quando ainda não existiam chapas registradas como ocorre hoje. A meses atrás, tínhamos apenas pretensos candidatos e apostas políticas.

A coluna acertou quando disse que Varginha teria uma terceira via competitiva e que a cidade teria, no mínimo, 4 candidatos a prefeito. Este signatário também acertou quando disse que os deputados Dimas Fabiano (PP) e Dilzon Melo (PTB) teriam candidatos diferentes, e que a parceria entre os parlamentares terminaria nesta eleição. Porém a coluna errou quando acreditou que o PMDB estaria na chapa de terceira via, e também erro quando acreditou que outro nome do PTB e não o ex-prefeito Antônio Silva representaria a legenda na disputa pelo Executivo. É verdade que em alguns momentos políticos o PMDB esteve bem inclinado a estar na terceira via, da mesma forma que no PTB, outros nomes chegaram a se destacar mais que o nome do ex-prefeito Antônio Silva. Enfim, encerrado o período de registro de chapas, a coluna acertou bem mais que errou!

Perdas e ganhos

Com a definição dos candidatos, “traições, mortos e feridos nas composições” é hora de também fazermos um balanço de quem ganhou e quem perdeu até agora. Da mesma forma que saber o que pensa o povo das opções dadas pelos partidos para escolha do cidadão nas urnas. É bem verdade que os partidos poderiam oferecer mais, e que o povo de Varginha também quer mais! Afinal, não tivemos a definição final da Justiça Eleitoral sobre questões como ficha suja, e ou “ficha lavada” de vários candidatos, bem como a preparação técnica ou moral de alguns políticos e grupos partidários, e a eleição seguirá assim mesmo o seu rumo.

Vamos começar a análise pela candidatura oficial, a reeleição do prefeito Eduardo Corujinha, como antecipou a coluna, o governo petista municipal fez grande esforço para “reerguer politicamente a imagem do prefeito”, dando uma faxina geral na cidade, tentando inaugurar obras de maneira atabalhoada, como a UPA, e perdendo prazos de inaugurações como o aeroporto e a praça de esportes, etc, ao final, pouco ou nenhuma mudança teve a imagem do prefeito candidato Corujinha na lembrança do povo. Ou seja, o governo continua mal avaliado. Perdeu a equipe “técnica” e política que assessora o prefeito. Ao final da primeira etapa da disputa, que seria o “check up” geral no governo e imagem de Corujinha, para o político entrar bem no período eleitoral falhou! A equipe de Corujinha perdeu muito tempo discutindo, brigando e enrolando para definir o vice que esqueceu de montar seu “pelotão de choque” para a batalha eleitoral.

De igual forma, o governo municipal petista terminou o período de negociações políticas com muito mais arrestas do que quando começou a negociação com aliados. E vale ressaltar que são arrestas profundas, difíceis de curar em apenas três meses, tempo que resta para as eleições. Mas Corujinha não esta morto, ferido e sangrando talvez por escolhas equivocadas como a do vice, mas o governo não vai jogar a toalha assim tão fácil!

Perdas e ganhos 2

Mesmo com as negociações conturbadas que culminaram com a escolha de Corujinha (PT) para prefeito e Salomé (PMDB) para vice, existem aqueles que cresceram em poder e terminaram este “round” da luta política com pontos. É bem verdade que, talvez, a escolha que tenha garantido poder agora, seja a escolha que condene a derrota no futuro próximo das eleições. Mas de qualquer forma, é inquestionável que na formação da chapa PT/PMDB, novos fatores ocorreram no meio político.

No PT, a presidente Raquel Nogueira e o vereador Rogério Bueno não cederam na dobradinha proporcional, cobrada pelos partidos aliados. O próprio PMDB muito insistiu para fechar a proporcional com o PT, o prefeito Corujinha também desejou isso! Mas a força de Raquel Nogueira e seus aliados mostrou que, se o PT tem um dono, não é o prefeito, ao contrário do que ocorria na gestão Mauro Teixeira. O PT não cedeu nem um milímetro nas negociações, ao contrário, por vezes queria era todo o espaço político. Não foram poucas às vezes em que foi sugerido que a petista Geisa Teixeira fosse vice de Corujinha. O PT não cedeu à pressão de Corujinha e partidos aliados, mesmo para ajudar as composições de reeleição. Na queda de braço tendo PT de um lado, Corujinha e partidos aliados do outro, em tese, o PT venceu! Veremos se a atitude foi acertada mesmo, depois de abertas às urnas.

Também no PT outra pessoa se destacou, mas não se pode dizer que só venceu até aqui. Refiro-me a secretária de Governo Paula Andréia. Depois de ver que o governo patinava em questões políticas e administrativas pequenas, Corujinha trouxe Paula Andréia novamente ao núcleo de poder e decisão. Paula Andréia saiu da decorativa e pomposa função que ocupava na Fundação Cultural, para a poderosa “arena das lutas políticas” na secretaria de Governo. Embora tenha ganhado poder e prestígio neste final de governo, Paula Andréia sai ferida desta primeira etapa pré-eleitoral.

O prefeito não a escutou em todos os conselhos políticos! Além disso, a secretária de governo, por não ter uma equipe competente ou não ter todo o poder que deveria para fazer o governo deslanchar, por vezes, não teve sua palavra honrada pelo governo! Não foram poucas às vezes em que, Paula Andréia deu a palavra pela administração e o governo não honrou! Ações assim trazem desconfiança ao poder de articulação da secretária de governo, vital na força da reeleição de Corujinha.

Perdas e ganhos 3

No PMDB também existem vencidos e vencedores e não é mais mistério que o partido saiu divido, mesmo sendo contemplado com a vice. Vale ressaltar que até bem pouco tempo, o PMDB pleiteava lançar candidatura própria a prefeito, na pessoa do médico cardiologista Vismário Camargos. Naquela altura, o PMDB caminhava unido e possuía chapa completa de candidatos a vereador, com 22 postulantes a Câmara. Agora o PMDB disputa a vice, sem unidade partidária e com apenas 5 candidatos a vereador. O que aconteceu? A quem diga que depois da desistência de Vismário Camargos em ser candidato a prefeito, atitudes antidemocráticas da direção do PMDB em Varginha afugentaram a militância, e a falta de visão e experiência política na condução municipal da legenda, levaram a uma pública divisão. Os candidatos a vereador desistiram de concorrer e a base do partido não ficou satisfeita com a escolha do nome peemedebista para vice. O desestímulo da militância, falta de candidatos a vereador e apoio ao nome escolhido para vice, provaram a falta de democracia nas decisões e reduziram o PMDB a um “exército de um homem só”, apenas o vaidoso candidato a vice.

Porem nem tudo são cinzas no PMDB, a maioria dos poucos candidatos a vereador, bem como a militância partidária, estão unidas em torno de algumas lideranças da legenda. Entre elas esta o experiente ex-presidente Sebastião Rogério Teixeira, que chegou a ser pré-candidato nestas eleições, e o médico Vismário Camargos, que embora ainda inexperiente e recém chegado na legenda, não se envolveu diretamente nas brigas que culminaram na divisão partidária. É bem verdade que o PMDB precisará destas duas lideranças para se reerguer, mas não a dúvida, que por já ter passado por situações piores, o PMDB sairá “vivo” desta disputa interna, inerente aos partidos com pluralidade de ideias!

Perdas e ganhos 4

Também pertencentes ao grupo do governo, mas não filiados ao PT ou PMDB, três outras pessoas tiveram importante destaque neste período pré-eleitoral de negociações. Refiro-me ao secretário de planejamento Raimundo Zaiden, também presidente do PRB, o ex-secretário de Meio Ambiente Rômulo Azevedo (PRTB) e ao presidente do PDT em Varginha Geraldo Goulart.

Em relação ao afamado secretário de planejamento Raimundo Zaiden (PRB), por várias vezes apontado como maior articulador político do governo, o balanço da etapa pré-eleitoral não foi boa. Raimundo sabe que o “mar não esta pra peixe” em favor da reeleição e que “olho rigoroso da Lei e da oposição” estão de olho no caminhar do grande articulador político deste governo. Ainda assim, Raimundo Zaiden sabe que nem tudo esta perdido, pois a reeleição não esta descartada mas severamente comprometida. O articulador do PRB sabe que neste afunilar político vai perder algumas “prerrogativas” mas ainda possui “bons amigos em lugares estratégicos e sabe que nem todos os inimigos da reeleição são seus inimigos”, mas uma eventual derrota de Corujinha afetará decisivamente a vida de Raimundo Zaiden. Talvez po r isso, mesmo enfrentando a “miopia política de petistas, aliados e do próprio Corujinha, Zaiden seja o que ainda mais articula tentado salvar a reeleição. Talvez o empenho de Raimundo já esteja perdido!

O ex-secretário de Meio Ambiente Rômulo Azevedo (PRTB) saiu-se um “excelente aluno na controvertida escola política local”. Afinal mostrou-se leal a presidente do PRTB, defensor estratégico do deputado Diego Andrade, articulador político da coligação que sustenta Corujinha e nem por isso se indispôs com outras lideranças políticas do PV, PMDB, PSDB e com o PTB de Dilzon Melo, político pelo qual Rômulo Azevedo não esconde a admiração e amizade, tendo votado no deputado estadual várias vezes. Alias, Rômulo equilibra-se como político clássico, nem próximo nem distante de pessoas importantes. Nem próximo a ponto de ficar comprometido, nem longe demais a ponto de perder o contato e a vantagem política. Por certo, ganhando ou perdendo a eleição, no atual grupo político de Corujinha, Rômulo Azevedo seja o único que tenha sobrevida política com o final da “era PT” em Varginha.

Rômulo, como “O camaleão do PRTB” vai continuar sendo útil ao seu deputado federal e aos propósitos de seus amigos no PMDB, bem como aos amigos empresários do PTB e PV, pois sabe que as eleições passam, mas as pessoas com “virtudes especiais e poder de convencimento” sempre serão imprescindíveis no governo, seja ele comandado por um petista ou não!

Já o presidente do PDT, Geraldo Goulart manteve sua serenidade de sempre nas negociações políticas com o governo. Embora tivesse pouco a realizar, a importância de seu partido PDT em uma composição onde cada militante conta, deveria ser mais valorizada. E Goulart talvez tenha pecado por não cobrar mais eficiência nas composições, reconhecimento político pela lealdade do PDT e antecedência e agilidade da administração para resgatar a imagem do governo petista. Muito se perdeu em tempo e paciência para definir os destinos da candidatura governista e Goulart sabe disso! Mas nunca disse ao prefeito as verdades que precisavam ser ditas! Talvez neste ponto, sua lealdade ao governo tenha se confundido com subserviência. Mas de qualquer forma, o PDT foi ouvido agora como em nenhuma outra gestão. Muito embora o espaço ocupado pela legenda não tenha correspondido a sua lealdade.

Geraldo Goulart e seu PDT estão a postos na batalha pela difícil reeleição, se Corujinha ganhar, por Justiça o PDT merece mais, muito mais do que o pouco que conquistou. Mas para isso, Geraldo Goulart terá que saber que lealdade e obediência também significa, as vezes, dizer duras e indigestas verdades ao chefe. Será que o ponderado e leal pedetista saberá “falar alto” para impedir que o “chefe” afunde o navio da reeleição, que já faz água no começo da disputa eleitoral?

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