Coluna | BRASILzão
Fábio Brito
O editor e jornalista Fábio Brito é responsável pela edição e publicação de centenas de títulos voltados às realidades do Brasil. Durante anos esteve à frente de selos editoriais importantes e renomados e no presente momento impulsiona, através de consultorias específicas nas áreas editorial e cultural, os selos Bela Vista Cultural e FabioAvilaArtes. A coluna Brasilzão, inicialmente através do Jornal Correio do Sul, de Varginha, foi iniciada em 11 de julho de 2004 e tem contado com a importante parceria do Varginha Online na disponibilização de vivências de Fábio Brito por todo o Território Nacional e por países por onde perambula em suas andanças.
Lavras Novas: A Destruição de um Paraíso
18/09/2011


– Após Glaura, Acuruí e os inúmeros núcleos de paz no município de Ouro Preto, cheguei a Lavras Novas, o paraíso em extinção. Era um domingo de verão e entre céus azuis, nublados e trovoadas, entristeci-me ao constatar, mais uma vez, o descaso das autoridades mineiras e dos habitantes para com o patrimônio histórico regional.

As estradas, esburacadas, me levavam a cantos insólitos com uma natureza exuberante nesta estação chuvosa onde os ventos sussurram histórias de negros, brancos e os destemidos valentes do período colonial.

Lavras Novas do Coronel Furtado foi um dos primeiros locais aonde se iniciou a busca e exploração do precioso metal nas Minas Gerais.

O povoado servia também de local de pouso aos extenuados viajantes que tinham como destino Ouro Branco. Em Lavras Novas foi erguida a capela em homenagem a Nossa Senhora dos Prazeres, uma jóia do belíssimo acervo de edificação religiosa existente no Município de Ouro Preto. Ali se festeja o dia de São João, no dia 23 de junho, quando os habitantes abrem as portas de suas casa e cozinhas para que todos possam estar em família e prosear entre amigos. Entretanto Lavras Novas está sendo gradativamente desfigurada pelo turismo. Os novos habitantes pintaram as fachadas das modestas casas de cores berrantes, os “endinheirados” constroem casas que não respeitam o padrão singelo do espírito do vilarejo e as autoridades fazem vista grossa a esta invasão nefasta que permite a ocupação desordenada, sem critérios ou respeito aos habitantes locais, como ocorreu com a Praia do Forte, na Bahia, e Porto de Galinhas, em Pernambuco.

Urge frear a descaracterização de Lavras Novas para salvaguardar o potencial turístico que reside em sua majestosa simplicidade regional.

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