Numa palestra em uma escola, um menino me perguntou: “O que a família tem a ver com a autoestima?”. De pronto, eu respondi: “tudo a ver”. Ele argumentou novamente: “Então se eu não tenho autoestima, minha família é culpada?”. A seguir repasso para vocês, o meu pensamento a respeito do assunto.
Não me apraz a idéia de culpar a família pura e simplesmente, até porque, soa muito fácil jogarmos toda responsabilidade nos pais pelos desacertos dos filhos. Não podemos esquecer, também, que os eles herdaram de seus próprios pais e antepassados o modelo de educação que repassaram ou repassam. Penso ainda que, quando se radicaliza nessa idéia corre-se o risco de passar a vida inteira culpando a outrem por tudo de negativo que nos acontece, ao invés de fazermos algo para mudar.
Por outro lado, acredito que o indivíduo educado num ambiente familiar estimulante e nutritivo afetivamente, tenha maior possibilidade de aprender atitudes que reforcem sua autoestima. Da mesma forma que aquele educado num ambiente onde predominou a crítica, e teve os limites impostos através do medo ou da chantagem emocional, tenha dificuldades na manutenção de uma autoestima equilibrada. Levado às devidas proporções, esse raciocínio também se aplica ao âmbito escolar onde parte da formação educacional se realiza, uma vez que os professores, salvo raríssimas exceções, reproduzem o modelo pelo qual foram educados.
Indo um pouco mais além na reflexão, podemos dizer que a personalidade ou caráter do indivíduo está presente em tudo àquilo que ele faz. É no seu modo de agir que ele revela-se, que exterioriza seus valores e tudo mais que está contido em seu interior. Porém, vale uma ressalva, isso nem sempre acontece de modo consciente, já que muitas vezes o que prevalece em seu comportamento é fruto de seu inconsciente, daquilo que, por algum motivo, está reprimido ou lhe é desconhecido. É por isso, então, que a pessoa que deseja manter-se emocionalmente em equilíbrio necessita investir mais tempo na atitude de autoconhecer-se, ou seja, de aprofundar o conhecimento que tem de si próprio. Buscando transformar e tornar consciente o conceito que tem de si mesmo, para expressar em cada atitude seus melhores valores, suas autênticas qualidades, além do respeito e o amor que acredita também merecer.
É importante compreender também, que toda tarefa transformacional exige autoresponsabilidade. Pois aquele que almeja qualificar as suas ações para que sua felicidade vá além da supostamente possível, deve transcender os limites impostos pelo comodismo ou por pré-conceitos reducionistas, colocando em um patamar superior o potencial de transformação que todo ser humano tem e é capaz de aplicar em seu próprio benefício.
Boa Reflexão e viva consciente.
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