Os Bandeirantes, desbravadores ou destruidores |
Imagens da exposição de Maureen Bisilliat |
Obra de um marfinense de passagem por São Paulo |
O convívio com os animais |
O que sobrou de uma grande casa |
Imagens do mundo natural |
Lembrança de um passado em terras mineiras |
Sobrevivente de um mundo simples |
Helena Maria, injustamente “chamada” aos 21 anos |
- Como você passa o seu final de semana quando não está em viagens pelo mundo ou pelo Brasil afora?
Peças, fotos e registros de vivências |
- Convivo com o passado através das imagens que povoam a nossa casa, as suas paredes e a minha imaginação. São lembranças que constroem o meu presente seja através de objetos que trouxe de locais distintos deste planeta - Istambul, Paris, Nova Iorque, Bogotá, Lima, Abidjan, Lomé, Dakar, São Luís do Maranhão, Belém do Pará, Araxá... entre outros lugares apaixonantes que, com o passar dos tempos, vão me despertando para a efêmera realidade de minha vida. Sinto-me feliz ao percorrer com o meu olhar um quadrinho na parede (o semblante sereno de meus pais no dia do casamento na mineira cidade de Uberaba, há 60 anos atrás), a beleza e a ingenuidade de minha mãe com duas criancinhas no colo logo no inicio da construção de sua família (Helena Maria, a mais velha dos irmãos, faleceu de lúpus - uma doença atroz que destruiu a sua juventude - e José Herculano, hoje é vítima da diabetes e do pouco estímulo para a vida por estar com a sua saúde fragilizada). Volta-me ao cérebro a varanda na casa da fazenda de onde buscava espreitar o céu coberto de estrelas no breu da noite. O barulho suave do vento que acariciava meus ouvidos de criança, naquela longínqua propriedade entre Araçatuba e Pereira Barreto, já parecia anunciar um futuro dinâmico repleto de surpresas, de encantamentos, de desilusões, de projetos não realizados, de sonhos concretizados, de busca incessante de conhecimento e de felicidade.
Maureen Bisilliat, fotógrafa e amante do Brasil |
- E mais especialmente, neste longo final de semana de Sexta-feira Santa e de Domingo de Páscoa, o que o alimentou nesta cidade infernal onde convivem mal e porcamente 12 milhões de pessoas amontoadas em edifícios horrendos, em ruas mal pavimentadas, neta urbe árida e sem charme?
Aspectos rurais em pleno centro da cidade |
- Acompanhei um fotógrafo amigo, profissional japonês chamado Katsuo Tanaka, que vive nos Estados Unidos, a deleitar-se ao percorrer as salas da belíssima exposição de Maureen Bisilliat, grande companheira e viajante com a mente sofisticada, que realizou inúmeros trabalhos conosco seja no Brasil, seja na África, no Líbano ou na busca de registrar trajetórias de seres importantes, como o sertanista e indianista Orlando Villas Boas ou o brasilianista Darcy Ribeiro. Com Maureen estou edificando novos projetos para que consigamos realizar registros no Senegal (moda) e no Marrocos (viagem com a sua família). Com suas oito décadas de existência bem vivida, ela continua a estimular os seus sentidos, o seu conhecimento e experiência de vida para levar a nós outros a sabedoria de conviver - e admirar - a tênue lacuna, o profundo labirinto, entre a pretensa realidade e o poder de nossa imaginação.
A mesa de trabalho aos domingos |
- Vejo que você está inspirado hoje. Para mim São Paulo não tem charme, é monstruosa, suja, bastarda e cruel.
- Compreendo a sua reação, pois você persiste em conviver na sua ignorância e não aproveita do que nos é oferecido nesta Metrópole que, embora sofrida, é fascinante.
- O que posso usufruir em São Paulo, por exemplo?
-Vou listar para você uma série de acontecimentos que ocorrem neste momento e que, se souber aproveitá-los, se apaixonará pela pujante e dinâmica cidade paulista.
A construção e desilusão de um sonho |
- Duvido que consiga mudar minha a minha opinião. Mas vamos lá, cite-me algum bom roteiro para gostar desta selva de pedras.
- Antes de enumerar parte dos atrativos da cidade, realço algo simples, porém encantador da terra da garoa. Após conversamos, fui até a feira de antiguidades do Museu da Arte Moderna - MASP - e, ao chegar, uma vez mais, mergulhei no túnel do tempo ao encontrar logo na entrada um realejo com seu pequeno papagaio que distribuía a sorte aos que dele se aproximavam (do realejo, de seu proprietário, e de seu papagaio). "Depois que tu partiste, ficou triste a rua deserta... na tarde fria e calma ouço ainda o realejo a tocar... ficou a saudades..."
Visita de Fidel Castro e a onça do editor | Cerâmica do Pará |
- Esta música, sem duvida, é linda. Muitos dos seus leitores do BrasilZÃO se recordarão daqueles tempos de Brasil onde o tempo parecia eterno, a natureza ainda não estava ameaçada, as relações humanas eram sólidas e os sonhos de muitos de nós ainda estavam por ser realizados...
Arte Naif e encantamento nas paredes |
- Eu continuo a sonhar e acreditar no futuro e por isso sinto-me fascinado pelo BrasilZÃO, terra de contrastes, de gente sofrida porém autêntica, reduto de grandes possibilidades apesar da corja que tomou conta do poder.
- Xi!!!!... deixa pra lá! Lá vem você de novo com suas discussões políticas... E cadê a lista de coisas interessantes para se fazer nessa capital?
O cotidiano na África Ocidental |
- Ok. Gosto não se discute, mas te faço algumas sugestões. Vá ao cinema, pois a oferta de boas salas é enorme. Viaje em 3D com “Alice no País das Maravilhas”, emocione-se com o roteiro de “O segredo de seus Olhos”, mate as saudades de “Chico Xavier” no filme bem elaborado de Daniel Filho.Vá ao teatro e encante-se com as cenas de “Sonho de uma Noite de Verão”, assista ao espetáculo “O Rei e Eu”, reviva “Cats”, um sucesso dos anos 80 na Broadway, ria com a peça “Katrina” ou gargalhe com "Os Homens são de Marte... e é pra lá quer eu vou!". Ouça Dionne Warwik e Ivan Lins no espaço musical HSBC-Brasil, vibre no concerto de Maria João Pires, a portuguesa que homenageia Chopin, veja as exposições nos diversos museus e centros culturais e para coroar o seu passeio cultural divirta-se em um dos clássicos e charmosos botecos autênticos de São Paulo. No Elídio, no Léo, no Bracarense... No dia seguinte, se for uma sexta-feira, visite as feiras de antiguidades e almoce no Mercadão. Se estiver perdido, me telefone!
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