Alegria eespontaneidade nos muros de Olinda |
- Comenta-se que centenas de milhares de foliões vão a Olinda durante o Carnaval. Isso assusta, encanta, seduz e nos deixa em estado de alerta.
- Como assim?
- É dificílimo conciliar cultura, manifestações populares, música, danças, bebidas alcoólicas e drogas sem que nada ocorra de desagradável, sem que não haja violência e desrespeito ao espetacular momento destinado à salvaguarda das manifestações culturais legitimas dentro de um contexto histórico-arquitetônico-cultural que talvez seja o mais belo do País. O Frevo e o Passo, o Maracatu, as Modinhas Carnavalescas, os centenários Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas e Clube Carnavalesco Misto Lenhadores, confirmam o amor dos Olindenses pela cultura de sua terra, pela arte, pelo bem-viver.
Tradição no Carnaval verdadeiro |
- Sem dúvida o Carnaval de Olinda é belíssimo. Para o observador atento, os maracatus, os blocos carnavalescos, os caboclinhos, os afoxés, as troças, representam os aspectos multi-culturais de nosso Brasilzão. Urge encontrar uma fórmula que permita que o Carnaval de Olinda continue sendo o mais autêntico mas também o mais seguro – e limpo – do Brasil.
Blocos e personagens tradicionais do Carnaval |
- Carnaval limpo? Isso é utopia. Os brasileiros têm por hábito o desrespeito aos espaços públicos e convivem com a sujeira e o lixo sem se sentirem molestados. As autoridades fazem vista grossa pois acreditam que garis bem treinados e uma empresa competente de limpeza fará o seu trabalho e, dessa forma, se sentem desobrigados de instruir e de conscientizar a população sobre a necessidade de um comportamento mais digno, mais humano, que se traduz por um maior respeito à cidade e à comunidade local.
- Concordo com você. Mas voltemos aos atrativos do Carnaval de Olinda. Consta que, desde 1932, Olinda recebe em suas ruas e ladeiras os bonecos gigantes – os Calungas – que desfilam pela cidade e encantam a todos: os visitantes, os habitantes e os turistas. Na terça-feira gorda (em francês “le mardi-gras”) eles transformam a deliciosa cidade histórica e colonial em um palco a céu aberto onde o Brasil profundo se manifesta.
Busca de uma identidade no grafite | Buscando inspiração na cidade histórica |
- Olinda tem um lorde, você sabia disso? É o lorde de Olinda, um senhor octogenário que há mais de cinqüenta anos desfila durante as festividades. Na década de 30 surgiram os Bonecões e o primeiro personagem gigante a animar a folia Olindense foi o Homem da Meia-noite.
- Vamos deixar os nossos leitores e companheiros da coluna Brasilzão surpresos com o universo carnavalesco de Olinda. Listo as manifestações que por lá ocorrem – isso sem considerar outras atividades, movimentos e ações culturais que durante o ano todo se preparam para transformar Olinda na verdadeira capital cultural do Brasil.
Fachada de residência no centro histórico | Hotel 4 Cantos |
- Vamos lá então? Começo a citá-los: Clube Carnavalesco Marin dos Caetés, Grupo Percussivo Viramundo, Maracatu Carnavalesco Leão Coroado (o mais antigo dos antigos – fundado em 8 de Dezembro de 1863), Maracatu Nação Pernambuco, Maracatu Piaba de Ouro, Bloco Anárquico Virgens do Bairro Novo (aqui você morre de rir...), Bloco Anárquico Virgens de Verdade, Troça Carnavalesca Bacalhau do Batata (e a folia continua na quarta-feira de cinzas... Genial não é mesmo), Bloco Carnavalesco Misto Cachorro do Homem do Mudo, Troça Carnavalesca Mista Cariri (dos anos 20), Grêmio Litero-recreativo Cultural Misto Carnavalesco Eu Acho É Pouco, Troça Carnavalesca Mista Tarados da Sé, Troça Carnavalesca Mista Barba Papa (o boneco com mais de 3 metros de altura impressiona), Troça Carnavalesca Mista Infantil Burrinha Manhosa (é lindo ver as crianças fantasiadas para o carnaval), Troça Carnavalesca Mista a Mulher do Dia (aqui você encontra a boneca gigante que faz contraponto ao Homem da Meia Noite), Troça Carnavalesca Mista Pitombeira dos Quatro Cantos (da década de 40), Bloco Carnavalesco Misto Elefante (surgiu nos anos 50 e seu hino é belíssimo), Bloco Carnavalesco Misto Vassourinhas (fundado em fevereiro de 1912, já pensou?), Escola de Samba Preto Velho, Grupo Folclórico Carnavalesco
Olinda prepara-se para o Carnaval |
- Maracafrevo (tem uma ação clara e objetiva para preservar a cultura dos ritmos pernambucanos), afoxé alafin oyó (representa a cultura afro durante o carnaval), Troça Carnavalesca Ceroula de Olinda (lá, mulher não entra. Surgiu na década de 60), Bloco Carnavalesco Misto Cantolinda (desempenha o papel social verdadeiro e resgata o bloco de pau e corda), Clube de Alegorias e Criticas do Homem da Meia Noite (presente desde os anos 30 e abre o carnaval da cidade), Grupo Carnavalesco Misto os Patucos (o Pato é seu símbolo e sua especialidade é a sátira social e política), Bloco Carnavalesco Misto Lenhadores (encanta a todos de 1907). Tudo isso sem falarmos dos caboclinhos, maracatus, dos ursos do carnaval, da burrinha, dos clóves (clowns) a que a influencia européia do bale de máscaras francês (“le bal masqué”) e máscaras do carnaval de Veneza se fazem evidentes.
O artesanato como meio de vida | O imaginário popular não tem limites |
- Meu Deus, que loucura! Agora sim sinto-me motivado, e obrigado, a lutar pela edição de um belíssimo livro sobre o universo cultural do Carnaval de Olinda.
- Você tem razão. Olinda é maravilhosa e sua festa carnavalesca é a mais autentica do Brasil. Certamente a melhor de todas.
O símbolo e a arte | Patrimônio arquitetônico em Olinda |
- E Monteiro Lobato, lá embaixo em São Paulo no sudeste brasileiro? Seus Pereirões e suas Maria-pereiras de 3 a 4 metros de altura também encantam e surpreendem.
Personagens nas paredes envelhecidas | Sossego e tranqüilidade |
- Sei disso meu caro. Porém Olinda é oh!!! Linda, ah!!! Linda. Adoro Olinda. Adoro!!!
Siga o Varginha Online no Facebook, Twitter