Busto do fundador da cidade |
Solar Luiz de Souza Leão |
Igreja Matriz |
Nova utilidade criativa para os postes de iluminação. Sinalização como nome de ruas |
Uma das primeiras moradoras de Varpa, município de Tupã, Dona Ilda Augustrose |
- Estou com dificuldades para escrever sobre Tupã.
- Por quê?
- Porque o tema é fascinante e há várias versões e teorias sobre o fenômeno. Segundo o escritor Câmara Cascudo, a palavra tupã, simplesmente, designava o som do trovão para os indígenas tupis-guaranis.
Museu da rede de cachaçarias Água Doce |
- Já Osvaldo Orico, pelas informações que obtive, afirma que os indígenas “tinham a noção de um deus superior, cuja voz era ouvida dos céus durante as tempestades”. O Deus da Criação e da Luz residia no Sol.
- Fiquei fascinado quando busquei mais dados sobre Tupã. Ouça o que li: “No início de todas as coisas, Tupã criou o infinito cheio de beleza e perfeição. Povoou de seres luminosos o vasto céu e as alturas celestes, onde está seu reino. Criou então a formosa deusa Jaci, a Lua, para ser a Rainha da Noite e trazer suavidade e encanto para a vida dos homens. Mais tarde, ele mesmo sucumbe ao seu feitiço e a toma como esposa. Jaci era irmã de Iara, a deusa dos lagos serenos. Criou ainda o forte deus Guaraci, deus do Sol, irmão de Jaci, o qual dá vida a todas as criaturas e preside o dia”.
Loja da Associação de Varpa, município de Tupã |
- Que bonito! Estou certo de que os habitantes de Tupã mal conhecem as lendas e mitos em torno desse ente divino e poderoso.
- Deixe-me ler um pouquinho mais: “Tupã criou também Tainacam, a deusa das constelações. Igualmente deu vida às Tiriricas, as deusas da raiva, do ódio e da vingança. Colocou nas densas florestas o Caapora, deus vingativo, protetor das casas e dos animais. Criou Aruanã, o deus da alegria e protetor dos Carajás, e faz germinar no norte do Brasil as ricas e belas carnaubeiras, chamadas de árvores da vida”.
Tematização indígena em Tupã |
- Fico imaginando que a Prefeitura de Tupã deveria dispor de pequenos cartazes ou outdoors junto aos pontos de ônibus, às escolas e praças públicas, relatando as lendas relativas à divindade Tupi-guarani.
- Isso já ocorre nos carros do metrô de Madri. Eles semeiam cultura aos viajantes que lêem trechos de textos dos principais escritores espanhóis.
- Mas... e Tupã?
- A cidade de Tupã, no Interior paulista, tem mais de 60 mil habitantes e está distante 530 quilômetros da capital, São Paulo. Por ali passava a antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Tupã surgiu na década de 1930 e é, portanto, uma cidade nova.
Uma longa viagem: da Letônia ao Brasil | Paço Municipal |
- Como é a cidade?
- Limpa, pacata, calçadas largas e bem-tratadas, casas térreas com quintais espaçosos... Tem qualidade de vida!
- Pelo que sei, foi um pernambucano, Luíz de Souza Leão, o responsável pela escolha do local onde seria edificada a futura cidade. Consta que a ocupação não foi pacífica e muitos índios caingangues foram massacrados com a chegada dos “colonizadores”.
Fazenda Palma, parte da história dos imigrantes |
- Nessa tensão toda, surgiu a figura da índia Vanuire responsável pelos acordos de paz entre os indígenas e os novos habitantes. Em sua homenagem, existe o Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuire.
- Vale a pena conhecer Tupã?
- Sem dúvida! A cidade corresponde ainda a uma vida interiorana tranquila e com muita qualidade. Quanto ao deus Tupã, aí já é outra história...
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