Já se vão mais de quatro anos e o bueiro no canto da minha rua continua ali, entupido. Pobre sina a dele que foi feito para escoar a água da chuva e permanece ali inútil, abandonado. Penso que assim como o bueiro da minha rua, devem existir outros pela cidade, daí a idéia de um dia desses criarmos uma Ong, tipo: Associação de Defesa dos Bueiros Entupidos, congregando todos os moradores das ruas onde houver um bueiro entupido ou, quem sabe, aproveitando a proximidade do carnaval fundamos também um bloco para desfilar na avenida: “Unidos dos Bueiros Entupidos”. Podemos até criar um samba enredo sugestivo e pedagógico: SE CHOVER BUEIRO NÃO HÁ/ FALTA COMPETÊNCIA PRA ESCOAR/O LIXO QUE A ÁGUA VAI LEVAR/ ...SE O BUEIRO NÃO VAZAR OLÊ OLÊ OLÁ... OLHA O BUEIRO ENTUPIDO AÍ GENTE!!!
Ironias à parte, um bueiro entupido não é só isso, é um desrespeito à cidadania de todo aquele que contribui para os cofres públicos, daquele que paga seus impostos regularmente e tem o direito de ver retornar os valores em forma de serviços que, a priori, deveriam e devem ser de alta qualidade. Aliás, seja qual for o tipo de servidor público, indicado, contratado, concursado ou eleito, a primeira regra de seu manual de oficio deveria ser compreender que ele é um servidor do público; do mesmo público que contribui para que seu salário e benefícios sejam pagos regiamente. Por outro lado, todo contribuinte deveria, também, ter a consciência de que ele é um cidadão que deve ser tratado com todo respeito e dignidade. Portanto, o servidor público não he faz nenhum favor ao atender-lhe as suas solicitações ou prestar-lhe serviços.
E por falar em dinheiro público, é de bom alvitre que todo cidadão também compreenda que o próprio nome já lhe define a origem e destinação: dinheiro do público. Em sendo assim tudo que é feito com os recursos públicos deve ser bem acompanhado pelo cidadão, pois, o dinheiro não é como dizem, da prefeitura, do prefeito e muito menos dos vereadores. Logo deve haver parcimônia e critérios transparentes ao gasta-lo ou aplica-lo; quem ocupa o cargo de prefeito é apenas o gestor dos recursos públicos, não é o dono. Às vezes os jornais publicam “prefeito doou verba para entidade X”, ele particularmente não doou nada, usou do dinheiro público para fazer a doação, ou seja, a doação saiu do bolso de todos nós cidadãos contribuintes.
Durante a campanha eleitoral, candidatos a vereador, muitas das vezes por falta do que propor objetivamente, recitavam a mesma ladainha sobre fiscalizar o prefeito ou a prefeitura. Pois bem, você que é cidadão eleitor e contribuinte, já parou para pensar o que significa realmente essa fiscalização? Será que ela se remete apenas a fazer o acompanhamento de gastos da Prefeitura? O que seria uma fazer uma fiscalização competente e afirmativa?
Enquanto você pensa a respeito, eu sugiro analisar também se, em tempo de crise financeira, você fosse gestor do dinheiro público do município, em sã consciência você faria despesas comprando o Cine Rio Branco? No mais, chove muito e o bueiro continua ali, entupido!
Até a próxima...
Em tempo:
* Segundo especialistas, a diferença entre ricos e pobres está em que ricos compram ativos, pobres passivos.
* Varginha, às vezes, parece o fabuloso “pais das maravilhas”, onde Alices passeiam acometidas de uma cegueira sem par.
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