Na última sexta (4) à noite, o documentarista mineiro Diego Gazola realizou o lançamento do novo episódio da série Nascentes da Crise no Memorial do ET, em sua cidade-natal, Varginha.
Com cerca de 40 minutos de duração e legendado em inglês, espanhol e português, a pesquisa explora a influência ambiental positiva dos furacões na regulação das chuvas em áreas desérticas, assim como também os benefícios socioeconômicos para as comunidades próximas aos locais diretamente afetados. A interação deste fenômeno natural com vulcões também é abordada. A nona etapa foi produzida no México, Guatemala e El Salvador.
A primeira exibição do filme, seguida de bate-papo com o público, contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Varginha, em evento transmitido ao vivo pela midia social Instagram. O documentário já está
disponibilizado na Internet através do site.
Nascentes da Crise é um formato inovador de Reality sobre clima. O conteúdo investigado durante as expedições são compartilhados em tempo real por meio das mídias sociais. Desde 2015 o projeto aborda o que a ciência explica por meio de teorias e gráficos, e que frequentemente não encontram um formato que desperte o interesse da sociedade pelo tema. As experiências em campo relacionam o ciclo das águas com as mudanças climáticas. O Reality traz reflexões sobre causas e consequências em áreas com históricos ambientais relevantes.
O projeto científico e espiritual completa 10 anos em 2025. Nesta nona etapa, que demandou trinta dias de pesquisa em campo, percorreu mais de 5 mil quilômetros na região em que ocorre a temporada de furacões entre junho e outubro, no hemisfério norte.
Assim como a Amazônia contribui com a regulação do clima em territórios muito distantes do bioma, como o centro-sul da América do Sul, os furacões também desempenham um papel semelhante por meio da umidade que transportam à medida que se deslocam pelo interior da América Central e América do Norte.
Logo no início do filme, é retratado o processo de requalificação de Acapulco, no litoral do Pacífico mexicano após a passagem do Furacão Otis em outubro de 2023. O documentário apresenta depoimentos de moradores locais que compartilham suas experiências sobre os impactos na flora e na fauna da região. Além disso, destaca o interessante benefício socioeconômico que San Marcos, um município vizinho, obteve ao se tornar um ponto de apoio comercial para os refugiados durante esse período crítico.
Na sequência, o documentário expõe os impactos dos históricos furacões Pauline (1997) e Agatha (2022) no litoral do estado mexicano de Oaxaca. Através de uma comparação entre os intervalos entre os dois eventos, é destacado como Santa Maria Tonameca, um dos municípios afetados por ambos, aprendeu com essas experiências e, atualmente, desenvolve estratégias para se tornar mais resiliente diante de futuros fenômenos naturais.
Já na Guatemala são apresentados três histórias relacionadas a furacões, e nestes casos, interações que envolveram também vulcões.
O primeiro remete ao ano de 2005, durante a passagem do Furacão Stan, quando um represamento de água e lodo no cume do vulcão Atitlán se rompeu, devastando o povoado de Panabaj. Uma liderança local foi entrevistada e compartilhou como a vida das pessoas mudou após serem deslocadas para outra região.
Outro exemplo, desta vez ocorrido no século XVI, envolve o Vulcão de Água no entorno de Antígua. Após dias de chuvas intensas, possivelmente causadas pela ocorrência de furacão, um lago na parte superior do vulcão colapsou, resultando em enxurrada que destruiu completamente a antiga capital da Guatemala naquela época.
Por fim, o ativo Vulcão de Fogo, que teve sua última grande erupção em 2018, e que devastou as vilas de El Rodeo e San Miguel Los Lotes. Uma sobrevivente da tragédia, que perdeu dezenas de parentes no local, concedeu entrevista na qual descreve a sua experiência.
Em outra região, ao norte da Guatemala, a pesquisa foi realizada no Parque Nacional Tikal, amplamente reconhecido como berço da civilização Maia. Nesse local, as imponentes construções piramidais de pedra não apenas serviriam a propósitos cerimoniais, mas também funcionavam como proteção contra as intempéries da natureza há centenas de anos.
Já em El Salvador, é destacado a sua capital, San Salvador, que preserva a memória da erupção do vulcão Ilopango. No século VI, esse factual teve consequências globais significativas, reduzindo a temperatura média em todo o planeta.
De volta ao México, em Tulum, situada próxima a Cancun no litoral do Caribe, foram registrados os impactos da passagem de Beryl em julho de 2024. O furacão avançou pelo Golfo do México, levando intensas chuvas para a região desértica ao norte do país, onde se localiza Monterrey, a segunda maior região metropolitana do México. Essas tempestades foram fundamentais para reabastecer os reservatórios de água, que se encontravam à beira do colapso.
Com essa narrativa, o documentário chega ao fim, proporcionando reflexões sobre a água e as mudanças climáticas. Ele explora experiências vivenciais que conectam turismo e processos de aprendizagem, abordando temas ambientais complexos que afetam a humanidade.
SOBRE O PESQUISADOR E PRODUTOR
Durante os últimos 23 anos, Diego Gazola viajou para todos os estados brasileiros e cerca de 40 países realizando pesquisas de conteúdo para a produção de guias de viagem da editora Empresa das Artes. Em paralelo, também desenvolve outros projetos para a Muda de Ideia, um negócio de impacto socioambiental que empreende desde 2009.
Em 2014 foi produtor e apresentador do Reality Expedición RCN Brasil para uma rede de TV colombiana. Durante a expedição, que percorreu de Bogotá até o Rio de Janeiro, ele teve a oportunidade de compartilhar o seu olhar em um roteiro de quase dez mil quilômetros rumo à Copa do Mundo de futebol. Naquela ocasião, pela primeira vez, cruzou por estrada no Peru, uma das transições entre os biomas andino e amazônico.
Participou ainda das Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas na Dinamarca (COP15), no México (COP16), África do Sul (COP17), Brasil (Rio+20) e França (COP21). Durante o Fórum Mundial da Água em Brasília contribuiu em um debate sobre rios transfronteiriços.
Tem integrado grupos de estudo sobre o tema Água e busca sempre relacionar os seus projetos com a agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (17 ODS).
MAIS INFORMAÇÕES
Desde 2015 o Nascentes da Crise é transmitido em tempo real pelas mídias sociais: Instagram, Facebook e pelo Twitter (atual X), sempre pela #nascentesdacrise
As sínteses das expedições são compiladas em documentários. Até o momento resultaram em dez filmes produzidos em doze países.
A produção desta nona etapa contou com apoio do Instituto Shaneihu Yawanawa e da Muda de Ideia.