Especialista da Hapvida NotreDame Intermédica explica como as bebidas alcoólicas interferem na queima de gordura, no ganho de massa muscular e nos objetivos de quem busca um estilo de vida mais saudável
Trilhar um caminho equilibrado rumo à boa saúde pode ser uma tarefa desafiadora. Um vilão em específico — e muito apreciado pelos brasileiros — pode atrapalhar mais do que as pessoas imaginam: o álcool. O consumo de bebidas alcoólicas, além de um inimigo na perda de peso, é um fator causal em mais de 200 doenças, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Segundo o último levantamento do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), 45% dos brasileiros ingerem regularmente bebida alcoólica em festas, eventos sociais e até mesmo em casa. Esse hábito cultural pode ser extremamente prejudicial na busca por um estilo de vida mais saudável.
Não por acaso, enquanto muitos brasileiros acreditam que “o que os olhos não veem o coração não sente”, as calorias “escondidas” nas tacinhas do fim de semana continuam a prejudicar as dietas e a saúde como um todo. Para a nutricionista da Hapvida NotreDame Intermédica, Lilian Rodrigues, em uma rotina voltada ao emagrecimento, não há como fugir da redução, ou corte total, do consumo de bebidas com percentuais etílicos.
A especialista explica que, por ser uma molécula pequena e facilmente solúvel, o álcool é rapidamente metabolizado pelo organismo. Ele se classifica como uma substância tóxica e, por isso, nosso corpo prioriza sua eliminação imediata, o que interfere no funcionamento normal do metabolismo. “Esse processo pode causar disfunções metabólicas que prejudicam a saúde, aumentando o risco de hipertensão arterial, resistência à insulina, alguns tipos de câncer, entre outros problemas”, comenta.
Algo que muitas pessoas não sabem é que o álcool pode ser mais calórico do que o próprio carboidrato, tão temido nas dietas de emagrecimento. Lilian afirma que, enquanto 1 grama de açúcar fornece 4 calorias, 1 grama de álcool fornece 7. “O álcool também é um estimulador do apetite. E facilmente quando se está consumindo bebidas etílicas, vêm sempre acompanhadas de aperitivos, o que aumenta ainda mais a ingestão calórica, assim como bebidas com açúcares”, afirma a nutricionista.
Mesmo que muitas pessoas desconheçam a alta carga calórica do álcool, Lilian Rodrigues reitera que é importante entender como o seu consumo afeta diretamente a queima de gordura. Isso porque, uma vez que o fígado prioriza a metabolização do álcool, alguns processos ficam de lado, como a própria oxidação lipídica, ou a queima de gordura. Como resultado, o organismo tende a acumular mais gordura, dificultando a perda de peso e afetando o equilíbrio energético. Na paralela, devido a essas alterações metabólicas, há uma má absorção intestinal de nutrientes, principalmente vitaminas como vitamina D, vitamina B12, vitamina A e vitamina K e proteínas como os aminoácidos, metionina, cisteína e cistina.
Um problema de saúde pública
Segundo o clínico geral da Hapvida NotreDame Intermédica, Wesley Medeiros, por ser uma droga lícita e barata, o álcool se mantém como um ingrediente comum no cotidiano de grande parte dos brasileiros. Hoje, Belo Horizonte ocupa o 6º lugar entre as capitais com maior prevalência de uso abusivo de álcool, de acordo com o Cisa, o que configura um sério problema de saúde pública. “O álcool é cardiotóxico, neurotóxico e afeta gravemente o sistema gástrico, principalmente o fígado. Está intimamente relacionado a doenças psiquiátricas, tais como depressão e ansiedade, entre outras”, explica.
Wesley Medeiros completa que, de uma forma geral, além de gerar problemas sociais, o álcool traz grandes malefícios de diversas ordens. “Um estudo recente mostra que o excesso de álcool pode acelerar o processo de demência em pessoas idosas. Assim, é necessário muito cuidado com o consumo excessivo da nossa população”, comenta.
A nutricionista Lilian Rodrigues afirma que não há um limite seguro para o consumo de bebidas etílicas e o dano provocado é proporcional ao consumo. Nesse sentido, as respostas na ingestão de álcool são diferentes de uma pessoa para outra e são determinadas por fatores individuais e genéticos. “Uma alternativa para quem não abre mão da prática de tomar bebidas alcoólicas é optar por bebidas com menor teor de álcool, evitar bebidas com adição de açúcares e xaropes, além de moderar e monitorar a quantidade consumida”, completa a especialista.