A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro deflagraram nesta terça-feira (26/11) a Operação Dama de Ouros, visando prender o varginhense José Marcos Chaves Ribeiro, ex-motorista acusado de uma série de crimes contra a socialite Regina Lemos Gonçalves, de 88 anos, viúva do empresário Nestor Gonçalves, fundador da Copag.
José Marcos é réu por tentativa de feminicídio, sequestro e cárcere privado, violência psicológica e furto qualificado. A família da vítima alega que ele a manteve isolada em seu próprio apartamento em Copacabana por uma década, impedindo contato com amigos e parentes.
O caso veio à tona em abril, após reportagem do Fantástico revelar a existência de uma escritura de união estável entre a socialite e o ex-motorista, datada de 2021. Enquanto José Marcos afirma ter sido casado com Regina, ela nega a relação.
A investigação da 12ª DP (Copacabana) teve início em novembro do ano passado, após denúncias da família. Depoimentos, laudos médicos e outros elementos colhidos durante o inquérito apontam para um cenário de abusos e violência.
Uma das acusações mais graves é a de tentativa de feminicídio, motivada por uma internação de Regina em dezembro de 2021, com uma lesão na cabeça. A socialite passou por cirurgia e ficou hospitalizada até janeiro de 2022, sem que a família fosse notificada.
A Justiça determinou a desocupação de uma mansão em São Conrado, supostamente administrada por José Marcos e alugada a terceiros. Buscas também estão sendo realizadas em imóveis da socialite na Avenida Prefeito Mendes de Morais, no mesmo bairro.
Além da prisão, José Marcos está proibido de se aproximar ou contatar Regina, e de frequentar o Edifício Chopin, onde ela reside, e a mansão em São Conrado.
Disputa judicial pelo patrimônio
Paralelamente à investigação criminal, advogados de Regina e José Marcos travam uma batalha judicial pela gestão do patrimônio da socialite, avaliado em R$ 2,5 bilhões. A escritura de união estável de 2021, que apresenta atestados psiquiátricos comprovando a saúde mental de Regina na época, é o principal argumento do ex-motorista para justificar sua participação nos bens.
Relembre o caso
Aos 88 anos, a socialite Regina Lemos acusa o ex-motorista de mantê-la em cárcere privado por 10 anos no Rio de Janeiro. Após ter fugido, ela concedeu entrevistas e relatou a situação. A história passou a ser chamada de Caso Chopin, por ser o nome do edifício onde fica o apartamento de luxo em que a mulher esteve em cativeiro.
Os familiares de Regina afirmam que José Marcos forçou a socialite a assinar um documento de união estável. A idosa de 88 anos alegou não se lembrar do registro. Vale destacar que a socialite ficou viúva do fazendeiro e proprietário da empresa de baralhos Copag, Nestor Gonçalves, em 1994. O casal não teve filhos.
À época do falecimento de Nestor, o patrimônio deixado a ele para Regina chegou a ser avaliado em US$ 500 milhões, o equivalente a R$ 2,5 bilhões em cotação atual. Em entrevistas, parentes enfatizaram que José Marcos roubou uma parte considerável da fortuna da socialite, o que inclui joias e obras de arte.