A Seleção Brasileira de futebol masculino já foi uma temida e toda-poderosa no futebol internacional. Na verdade, é difícil encontrar uma disputa em que o Brasil não seja favorito, isto é, caso participe. A não-classificação da equipe para os Jogos Olímpicos de Paris frustrou torcedores e surpreendeu os observadores.
Afinal, a Seleção Brasileira é reconhecida internacionalmente e quando não participa de competições importantes, todos notam sua ausência. É possível afirmar que o futebol masculino brasiliero está em uma situação difícil?
Momento Incomum
A Seleção Canarinho estreou nos Jogos Olímpicos em 1952 e de lá para cá, esteve ausente em apenas cinco edições: 1956, 1980, 1992, 2004 e mais recentemente, nos Jogos de Paris. A eliminação da equipe na Conmebol surpreendeu ainda mais aqueles que esperavam que a Seleção repetisse o desempenho de Tóquio 2020, quando trouxeram o ouro para casa pela segunda vez.
Verdade seja dita, o
técnico Dorival Jr. encontrou diversas dificuldades para montar sua equipe. Embora a Seleção tivesse craques do naipe de Vinicius Jr. e Endrick, sofreu desfalques importantes entre seus jogadores sub-23. Como o torneio olímpico não é uma data da FIFA, os clubes não são obrigados a liberar seus jogadores.
No Pré-Olímpico, o Brasil chegou a liderar a fase de grupos, sofrendo apenas uma derrota em quatro jogos. Entretanto, a jornada olímpica foi interrompida mais uma vez pela Argentina, também responsável pela eliminação brasileira dos
Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004.
Apostando na Seleção
Quem apostou na Seleção este ano em uma das casas de apostas brasileiras pode ter se frustrado bastante. Afinal, 2024 não está sendo um ano glorioso para o nosso futebol masculino. Os Canarinhos foram eliminados tanto do Pré-Olímpico quanto da Copa América, ficando de fora do principal evento esportivo do ano e decepcionando muita gente.
Comentaristas e analistas apontam os mesmos culpados de sempre: êxodo de talentos nacionais para o futebol europeu e falta de capacidade do técnico. Além disso, diversos comentaristas apontam para um certo desinteresse por parte dos jogadores na competição em si, estando mais focados em contratos de patrocínio do que em trazer o ouro para casa. Os
melhores sites de apostas do Brasil ainda conseguiram gerar interesse consistente entre os fãs, mas é seguro dizer que o ano não foi de destaque para a seleção masculina.
O lendário tetracampeão Raí foi mais longe e afirmou que o futebol brasileiro está “decadente”. Segundo Raí, a Seleção Brasileira não tem chances reais de ser campeã mundial tão cedo. Embora a chance sempre exista por conta dos talentos individuais, existem problemas estruturais para serem resolvidos. Além disso, a equipe não teve um treinador fixo nos últimos dois anos, trocando de técnico frequentemente.
Neste contexto, Raí relembra que o futebol brasileiro investe pouco na formação de treinadores e que 90% dos clubes campeões brasileiros têm, na verdade, técnicos estrangeiros.
Para o craque, esta é a grande diferença entre o futebol brasileiro e europeu neste momento. Enquanto em países como Inglaterra, França, Espanha e Portugal existe investimento pesado na formação de novos treinadores, por aqui, todos parecem ter se acomodado com a abundância de talentos individuais, que nem sempre são capazes (ou têm interesse) de jogar em equipe.
Fora das Quatro Linhas
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A série de fracassos terá impactos no ranking da FIFA. Na próxima atualização do ranking, o Brasil rebaixado duas posições, aparecendo em sexto lugar. Até mesmo aqui na América do Sul, o Brasil já não é mais o que era antes. Porém, nem tudo é culpa dos jogadores ou dos vários técnicos que passaram pela Granja Comary.
O modelo de gestão escolhido pela CBF também apresenta vários problemas, como salários estratosféricos para dirigentes de clubes, eleições pouco transparentes para a presidência da instituição e administradores pouco comprometidos com a implementação de melhorias reais no futebol nacional.
Existe ainda um problema de mentalidade da boa parte dos técnicos de times de base. Em vez do foco na formação de novos talentos, o que impera é a “cultura dos resultados”, onde levantar taças é mais importante do que formar as novas gerações. Neste contexto, habilidades físicas como força e velocidade são privilegiadas, enquanto jogadores mais técnicos, porém menos desenvolvidos fisicamente, são deixados de lado.
Abrindo Campo
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Infelizmente, é pouco provável que a crise vivida pelo futebol brasileiro masculino seja resolvida com a contratação deste ou daquele nome. Problemas estruturais exigem reformas profundas e complexas. As categorias de base são largamente negligenciadas e apenas cerca de 5% dos atletas destas categorias chegam ao futebol profissional.
Se antigamente, jovens talentos saíam do país aos 23 anos, agora saem aos 17. Não há dúvidas de que a saída da crise passa por um maior investimento na profissionalização das categorias de base. O futebol brasileiro ainda se apoia amplamente em seus talentos naturais, que felizmente, são muitos.
Porém, nem toda geração vai ter um Raí ou mesmo um Telê Santana. Por isso, é essencial investir na formação e profissionalização destes profissionais. É preciso focar não apenas nos talentos excepcionais, mas no desenvolvimento contínuo de jogadores medianos, como acontece no futebol europeu. Com isso, o nível geral dos jogadores aumenta, melhorando assim a qualidade do futebol.