O sargento da Polícia Militar Roger Dias da Cunha, de 29 anos, teve a morte confirmada pela Polícia Militar de Minas Gerais na noite deste domingo (7/1). Ele estava internado no Hospital do Pronto Socorro João XXIII (HPS), em Belo Horizonte.
Quadro é irreversível:
"Milagres existem, e esse pode ser um deles". Assim, com os olhos cheios de lágrimas e a voz embargada, a porta-voz da Polícia Militar (PM), major Layla Brunnela, informou que, inicialmente, é irreversível o quadro gravíssimo de saúde em que se encontra o sargento. O militar está internado no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, em Belo Horizonte, após ser baleado na noite da última sexta-feira (5 de janeiro).
Durante coletiva de imprensa concedida neste sábado (6 de janeiro), a porta-voz da corporação deu detalhes sobre a situação do colega de farda. "Ele deu entrada com dois projéteis que estão alojados em uma região complexa do cérebro. Inicialmente não há possibilidade de retirada desses projéteis. O terceiro disparo atingiu uma artéria na perna. Infelizmente a situação dele é considerada gravíssima e já foram iniciados os protocolos para constatação da morte cerebral. Inicialmente é irreversível, mas os protocolos precisam ser adotados, exames precisam ser feitos, repetidos de horas em horas. Nós só declararemos a morte desse policial militar, se acontecer, quando o próprio hospital o fizer", destacou a porta-voz.
Bastante emocionada, a porta-voz da PM também aproveitou a coletiva para falar um pouco sobre o sargento Dias, que, como lembrou ela, tem uma filha de apenas cinco meses. "Quando eu tenho um policial militar atingido, eu gosto muito de ressaltar que não é só um policial, não é só uma pessoa, mas todos os senhores são atingidos. Esse policial militar é um trabalhador, é um pai de família. É pai, inclusive, de uma menininha de cinco meses de idade. Ele está com 29 anos", disse a major Layla.
A major Layla Brunnela ainda destacou durante a coletiva, que o sargento baleado completou, neste sábado, 10 anos de carreira dentro da corporação. "O ingresso dele foi no dia 6 de janeiro de 2014, eu estava lá no dia que ele ingressou. Então, nós realmente hoje não temos nada a falar a não ser nos revoltar com o fato de que o autor que disparou contra o nosso policial militar possui 18 registros pela Polícia Militar, é oriundo do sistema prisional e estava de saidinha de Natal, deveria ter retornado no dia 23 de dezembro", revoltou-se.
O homem de 25 anos que atirou na cabeça do militar estava em saída temporária do sistema prisional.
A informação de que o suspeito teve o benefício de saída concedido pela Justiça foi confirmada pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Segundo a pasta, o homem é custodiado e entrou no Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de BH, no dia 24 de agosto de 2023, há pouco mais de quatro meses.
"Vale informar que a saída temporária é um benefício concedido por lei, aplicado pela Justiça a um determinado perfil de preso, e consiste em 35 dias divididos em cinco saídas de sete dias ao longo do ano, em datas consideradas favoráveis à ressocialização", completou a secretaria.
As chamadas “saidinhas temporárias” são um benefício concedido durante o cumprimento da pena. Conforme a lei, detentos em regime semiaberto têm direito a quatro saídas, de sete dias cada, por ano. De acordo com o Poder Judiciário, esse recurso é usado como forma de ressocialização dos presos.
Dupla vai continuar presa
A Justiça decidiu por manter presos os dois homens suspeitos de envolvimento na perseguição pela Polícia Militar (PMMG), no bairro Novo Aarão Reis, na região Norte de Belo Horizonte, na noite de sexta-feira (05). Na ação onde o sargento foi baleado duas vezes na cabeça. O atirador de 25 anos e um comparsa dele, de 33, tiveram a prisão em flagrante convertida para preventiva em audiência de custódia neste domingo (7).
A juíza Juliana Miranda Pagano considerou que as circunstâncias do crime são “gravíssimas”, argumentando que, além do sargento baleado, outros policiais teriam sido alvos da dupla, que atirou contra a viatura policial. "Foi necessária uma mobilização policial complexa e longa para captura dos autuados, os quais agiram em evidente violência real e direta contra os policiais militares", diz o documento.
A magistrada usou do passado criminal de ambos os suspeitos para provar que há risco caso eles não fiquem em detenção, sendo que o atirador ainda está em cumprimento de pena por um assassinato e tentativa de assassinato qualificada. "Tudo isso corrobora para a necessidade da conversão da prisão em flagrante em preventiva para a garantia da ordem pública", decidiu.
Com informações do Jornal O Tempo