No mês de fevereiro o aluno do Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional do Grupo Unis, e professor da Instituição, Guilherme Vivaldi participou de uma banca de Exame de Defesa, com o tema: “A dinâmica do café e suas implicações no desenvolvimento regional: uma análise na microrregião de Varginha no período de 2008 a 2018”.
Agora, no mês de abril, o Prof. Guilherme publicou um artigo no portal do Grupo de Estudos Econômicos do Sul de Minas Gerais (GEESUL), oriundo da sua dissertação no mestrado, intitulado: “O Café Mineiro é o responsável pelo desenvolvimento econômico?”.
Leia o artigo na íntegra:
O Brasil é o maior produtor de café do mundo, e Minas Gerais é o maior produtor de café do Brasil, produzindo mais de 50% da safra nacional.
Vários países compram o café de Minas Gerais há décadas, em 2020, foram exportados para 87 países, com destaque para Alemanha (371.986.490 kg/l), Estados Unidos (317.953.523 kg/l) e Holanda (27.973.193 kg/l) segundo dados do MDIC – Ministério da Indústria e Comércio Exterior e Serviços.
Das cidades de Minas Gerais, 37 exportaram café, sendo o Sul de Minas responsável por 63,93% dessas exportações. Varginha, Carmo da Paranaíba e Guaxupé lideram o ranking das exportadoras.
Um dos países que vêm demonstrando maior interesse neste produto é a China. Houve um crescimento substantivo nas importações do café mineiro, saindo de 829.420 em 2009 para 8.469.719 em 2020 (MDIC, 2021).
Existe um senso comum sobre o café como grande indutor da economia do Sul de Minas, o que instigou a pesquisa científica do membro do Geesul, Guilherme Vivaldi, culminando na dissertação de mestrado que mostra a dinâmica do Café e o Desenvolvimento Regional.
O estudo mostra através de cálculos econométricos que realmente o café é parte importante do crescimento econômico do Sul de Minas, porém mostra uma fragilidade quando se trata de desenvolvimento econômico e social da região. O PIB – Produto Interno Bruto é estimulado com melhorias na produtividade do café, porém o emprego e a renda não respondem na mesma proporção. A substituição homem-máquina, onde uma colheitadeira é capaz de substituir até 100 homens nas plantações de café, somados ao baixo dinamismo de encadeamentos produtivos para frente, como no caso da baixa industrialização do produto na região e a baixa influência das exportações sobre os resultados da melhoria de vida da população, fazem repensar sobre este produto sendo o grande motivador da economia local.
Um dos principais fatores deste baixo dinamismo está no posicionamento inferior na Cadeia Global de Valor, nosso café ainda é comprado em grande parte cru, para ser processado em outros países, ficando para o produtor e para economia local, menos de 10% do valor que é recebido na venda do café para o consumidor final.
Além do já exposto, nem toda cidade produtora de café, exporta. É possível observar no cenário Sul Mineiro a dependência entre as cidades da região diante de suas estruturas econômicas e produtivas, pois as maiores produtoras (Três Pontas e Campos Gerais) têm baixa relação com a exportação de seus produtos, reforçando a ideia da fragilidade de um modelo de desenvolvimento econômico baseado em produção de commodity. Um efeito de mercado ou climático repentino surtirá efeitos em cascata prejudicando não só as cidades produtoras, como também as exportadoras, como a história já demonstrou em São Paulo, Paraná e no Espírito Santo, e a quebra de safra atual que vêm apontando quedas da produção.
Minas Gerais carrega em sua história o destaque como produtor de café, mas ainda apresenta grandes desafios para industrialização, encadeamento produtivo e escalada na Cadeia Global de Valor.
O artigo do Prof. Guilherme Vivaldi pode ser acessado
clicando aqui.