A safra de café dos cooperados da Cooxupé em 2021 foi estimada em 7,49 milhões de sacas de 60 kg, queda de cerca de 32% ante a temporada de 2020 por efeito da seca e da bienalidade negativa, informou a maior cooperativa de cafeicultores do Brasil ao divulgar o seu balanço do ano passado.
A colheita, que deve começar entre o final de maio e início de junho, ainda será menor que a vista no último ano de baixa do ciclo bienal do arábica (2019), quando a produção somou 7,7 milhões de sacas, segundo dados da cooperativa.
A produção deste ano será “impactada pelo comportamento climático que provocou crises hídricas no solo e exposição da planta a altas temperaturas desde o último setembro”, disse a Cooxupé, que só trabalha com grãos arábica.
“Em 2020, tivemos um ano de safra alta, um clima favorável, seca na colheita, produzimos cafés de alta qualidade… Por outro lado, tivemos um clima ruim para esta safra que estamos iniciando”, disse o presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, em entrevista por telefone, citando o impacto da estiagem para as floradas nos últimos meses de 2020.
“Com isso, reduz bastante a produção deste ano, que é de bienalidade de baixa e os cafeeiros sofreram muito com a seca”, completou, lembrando que a colheita pode começar com um ligeiro atraso, devido às questões climáticas. “Os cafés estão bastante verdes ainda, atrasou um pouco, houve seca.”
Com uma safra menor, a cooperativa que também é a maior exportadora de café do Brasil espera receber menos grãos em 2021, com um volume estimado em 6 milhões de sacas, sendo 4,6 milhões dos cooperados, disse Melo.
No ano passado, a Cooxupé teve o maior recebimento de café da história, totalizando de 8,1 milhões de sacas, das quais 6,6 milhões entregues somente pelos cooperados. Contando com estoques do ano passado, a cooperativa deverá elevar os embarques totais em 22% em 2021, apesar de uma safra menor.
Considerando as vendas para os mercados externo e interno, os embarques devem atingir um recorde de 7,2 milhões de sacas neste ano, versus 5,9 milhões em 2020 e 6,4 milhões em 2019. Do total previsto para ser embarcado em 2021, 6,5 milhões de sacas serão direcionadas ao mercado externo, versus 4,9 milhões em 2020.
“O ano de 2020 foi de produção alta, não conseguimos cumprir todos os embarques dentro do ano, então fica para o próximo”, comentou o presidente, lembrando que a cooperativa ainda lida com escassez de contêineres registrada no mercado.
Ele avalia que a situação deverá demorar “um pouco” para se regularizar, já que a pandemia tem impactado os fluxos comerciais e por consequência a logística.
O presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, Nicolas Rueda, também disse que foi mais difícil conseguir contêineres em março. “Por enquanto está inferior ao mês passado (o volume exportado), acreditamos que o grande motivo seja disponibilidade de contêiner e booking de navios. Fenômeno transitório”.