A safra de café arábica de Minas Gerais deve ter redução de mais de 10 milhões de sacas em 2021 ante a temporada passada, devido à seca de 2020 e à bienalidade negativa da cultura, estimou nesta sexta-feira uma pesquisa realizada por órgãos no Estado que é o maior produtor nacional da commodity.
A projeção, obtida em pesquisa que considerou cerca de 90% dos municípios produtores do Estado, indica um recuo na safra na área de abrangência do levantamento para 17,9 milhões de sacas, explicou o coordenador técnico de Cafeicultura da Emater-MG, Julian Carvalho, à Reuters.
“No ano passado, de agosto a outubro, praticamente não choveu nada. A planta busca água no solo para se manter e desenvolver, por isso a seca foi o que mais afetou os cafezais mineiros”, afirmou Carvalho, um dos responsáveis pelo estudo.
Com base nos preços do café e na estimativa de quebra de safra, a perda financeira em 2021 seria de cerca de 8 bilhões de reais em valor bruto da produção.
O levantamento, realizado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater) e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, não trouxe um número para a produção mineira como um todo.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou em janeiro a safra de arábica em todo o Estado de Minas Gerais em intervalo de 19,5 milhões a 21,8 milhões de sacas, o que seria uma queda de até 43,2% ante a produção de 2020, quando o Estado respondeu por cerca de 70% da produção brasileira da variedade.
Segundo o levantamento divulgado pela Emater, 218 municípios relataram a ocorrência de alguma intempérie climática no período de julho a novembro de 2020, mas em alguns municípios ocorreu mais de um fenômeno climático.
O déficit hídrico atingiu 55,9% dos municípios e as altas temperaturas médias, 42,5%. Também foi observada a ocorrência de granizo (9,3%) em 30 municípios. A safra de 2021 já seria menor devido aos efeitos da bienalidade negativa do arábica, mas a seca aprofundou as perdas.
O levantamento apontou que em 20,8% dos municípios consultados mais de 150 produtores em cada local tiveram suas lavouras afetadas pelo clima. Por efeito do clima ruim, verificou-se também que em 62,8% dos municípios consultados a intensidade da queda das folhas variou de média a alta intensidade.
“Nessas lavouras estima-se que poderá ocorrer perdas significativas de produtividade na safra a ser colhida em 2021, e até mesmo em safras futuras”, disse.
Ainda, o estudo apontou que, em 73,1% dos municípios que relataram perdas, a frutificação foi comprometida com intensidade de média a alta. O levantamento apontou também que uma parcela de 34,8% dos cafeicultores não teve suas lavouras afetadas pelas intempéries climáticas.