Em nota divulgada na tarde desta quarta-feira (03), a Prefeitura Municipal de Varginha confirmou a detecção de uma nova variante do coronavírus, em três amostras da cidade enviadas à Fiocruz. De acordo com o comunicado, "a Fiocruz comunicou à SES a detecção de nova variante P.2, detectada em 15 amostras de 12 cidades mineiras", afirmou.
Além de Varginha, a variante foi detectada nas cidades de Ouro Branco, Caratinga, Coronel Fabriciano, Cruzília, Imbé de Minas, Ribeirão das Neves, Rio Manso, Santa Luzia, São José da Lapa e Taiobeiras.
A linhagem P.2 contém a mutação E484K na Spike e já foi encontrada em todas as regiões do país. No entanto, essas linhagens identificadas não são consideradas Variantes de Atenção (VOC).
As mutações identificadas são consideradas Variantes de Atenção (VOC) no Brasil: a variante P.1, de Manaus, e a variante do Reino Unido. Além disso, a cepa P.2, em circulação no país desde outubro de 2020, foi confirmada também em amostras da Fundação Ezequiel Dias (Funed) em três municípios mineiros.
Investigação
A variante chamada de VOC 202012/01, linhagem B.1.1.7, que a princípio foi descoberta no Reino Unido, foi detectada em MG por pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Rede Corona-Ômica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTIC), o Instituto Hermes Pardini e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A variante do Reino Unido foi encontrada em amostras coletadas de pacientes em Belo Horizonte (10), Barbacena (1), Araxá (1) e Betim (1), de acordo com o relatório técnico enviado à SES-MG.
A coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais (CIEVS-Minas) e da Sala de Situação, Eva Medeiros, explica que o Estado está acionando os municípios de onde foram encontradas essas mutações para reforçar ainda mais a investigação de pacientes infectados e seus contatos próximos. “Com as investigações, será possível dizer se essas variantes estão ou não em circulação em Minas”, diz.
Esse mesmo grupo de pesquisa identificou a variante P.2 em 16 amostras de pacientes da capital mineira, referentes ao período de novembro/2020 a janeiro/2021.
Outras linhagens
A Fiocruz detectou três genomas da linhagem B.1.1.143, nos municípios de Caratinga, Muriaé e São Lourenço; e B.1.1.28, em Coronel Fabriciano, Ouro Branco e Varginha. E um genoma da linhagem B.1.1.33 em Governador Valadares.
A Funed encontrou em três amostras a presença das linhagens B.1.1.33 em Caratinga, B.1.1.28 e B.1.2, em Sabará. Foi identificado em um laboratório privado de São Paulo a linhagem B.1.1.222 em uma paciente de Itajubá com histórico de viagem pelo México (Cancun com escala no Panamá) no mês de janeiro/2021.
As duas principais linhagens circulando no Brasil, desde fevereiro de 2020, são B.1.1.33 e B.1.1.28, ambas sem alterações significativas na proteína Spike (S).
“A partir da suspeita clínica e/ou da análise do perfil epidemiológico da covid-19 em determinada região do estado ou grupo populacional, a suspeição da circulação de uma nova variante é confirmada por sequenciamento genético. Para isso, as amostras dos casos suspeitos são selecionadas e direcionadas para análise laboratorial no Lacen-MG, da Funed. Adicionalmente, a ampliação dessa análise genética em outros laboratórios capacitados como a Fiocruz-RJ e a UFMG, por meio da rede Corona-Ômica, poderá fortalecer a vigilância laboratorial em Minas Gerais, contribuindo para a identificação dessas e de outras variantes que, por ventura, venham surgir”, afirma Jaqueline.